GLS é o acrônimo de gays, lésbicas e simpatizantes, frequentemente usada no Brasil para definir espaços, produtos, serviços e locais destinados ao público homossexual, como por exemplo, um bar ou "boate GLS", assim como no inglês "gay-friendly".[1] O termo simpatizante refere-se a heterossexuais (e outras pessoas não-heterossexuais que não são gays ou lésbicas) que simpatizam com a causa. GLS é, portanto, um conceito referente ao segmento de mercado e a expressão pode ser aplicada para classificar espaços e eventos voltados para consumidores gays, lésbicas e qualquer outro que deseje fazer uso destes, ou seja, os simpatizantes.[2][3][4]
O termo GLS foi usado em 1994 por Suzy Capó, jornalista, atriz, ativista e empresária, durante os preparativos do Festival Mix Brasil, circuito alternativo de cinema também criado por ela, junto a André Fischer.[5] Foi criado como um termo mercadológico de fácil aceitação pelo público do festival de filmes sobre diversidade sexual MixBrasil, e logo adotado socialmente.[6] Há boatos que o termo vem até mesmo antes da década de 1990, nos anos de 1980, como símbolo da cultura clubber, mais conhecida pela Nation Disco Club.[7][8][9] Há também siglas variantes em inglês parecidas com GLS, como GLA (gay & lesbian alliance, aliança gay e lésbica)[10] e GLOW (gay, lesbian or whatever).[11][12]
A sigla GLS algumas vezes é usada indiscriminadamente como sinônimo para a sigla LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis / Transexuais / Transgêneros), o que é uma impressão. Enquanto o primeiro se refere ao segmento de mercado, incluindo pessoas de qualquer orientação sexual, o segundo tem um caráter político-social, referindo-se ao conjunto das minorias sexuais e identidade de gênero divergente da designada no nascimento. A "Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos" (ABGLT) afirmou, por meio do manual de comunicação LGBT que o acrônimo GLS é excludente;[13] pois não representa mais as diversas orientações sexuais e os gêneros (geração com fluidez de sexualidade e gênero) e, dava um protagonismo aos gays, que são apenas uma parte da comunidade.[14] No entanto, existem iniciativas na internet para o uso da sigla GLS, como forma de prestigiá-la como um termo legitimamente brasileiro, como a pseudo-DPN .gls.slg.br.[15]
Em 2008, no Brasil ocorreu a 1ª "Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais" (durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva), onde houve uma votação que determinou que a sigla oficial do movimento/comunidade seria “LGBT” (união das minorias sociais discriminadas por questões de gênero e sexualidade).[16] Já usado por ativistas nos Estados Unidos desde 1988, aproximadamente.[17]
Ver também
Referências
- ↑ «When "LGBTQ-Friendly" Doesn't Mean What You Think». The Odyssey Online (em English). 9 de fevereiro de 2016. Consultado em 10 de fevereiro de 2020
- ↑ Londrina, Folha de. «Mercado GLS 'sai do armário'». Folha de Londrina (em português). Consultado em 10 de fevereiro de 2020
- ↑ Franz, Ariel. «Assexualidade Brasil: A Assexualidade e a Comunidade LGBT+». Assexualidade Brasil. Consultado em 10 de fevereiro de 2020
- ↑ França, Isadora Lins (1 de junho de 2007). «Sobre "guetos" e "rótulos": tensões no mercado GLS na cidade de São Paulo». Cadernos Pagu (em português) (28): 227–255. ISSN 0104-8333. doi:10.1590/S0104-83332007000100011
- ↑ Pedro Venceslau (28 de dezembro de 2007). «Especial: André Fischer dispara: "Antigamente os personagens gays das novelas morriam em explosão de shopping"». Revista Imprensa. Consultado em 27 de janeiro de 2015
- ↑ Duarte, Marcelo (2001). O Guia dos Curiosos - Sexo. São Paulo: Companhia das Letras. 267 páginas. ISBN 8535901299. OCLC 50861829
- ↑ «Veja roteiro de clubes frequentados pelo público GLS em SP». Guia Folha (em português). 13 de abril de 2009. Consultado em 10 de fevereiro de 2020
- ↑ Ribeiro, Eduardo (7 de junho de 2016). «O que os clubbers paulistanos nos ensinaram sobre diversidade sexual». Vice (em português). Consultado em 10 de fevereiro de 2020
- ↑ «Celerio da cultura clubber dos 80/90, Nation reabre no mesmo endereço em SP». music non stop (em português). 16 de março de 2017. Consultado em 10 de fevereiro de 2020
- ↑ «GLA - Gay Lesbian Alliance». www.abbreviations.com (em English). Consultado em 10 de fevereiro de 2020
- ↑ «Gay, Lesbian or Whatever (GLOW) | Delaware Valley University». www.delval.edu. Consultado em 10 de fevereiro de 2020
- ↑ «GLOW — Gay, Lesbian, or Whatever». sorgs.lawrence.edu. Consultado em 10 de fevereiro de 2020
- ↑ «Manual de Comunicação LGBT» (PDF)
- ↑ «Está com dúvida? Saiba o significado da sigla LGBTQIAP+». observatoriog.bol.uol.com.br. Consultado em 2 de junho de 2022
- ↑ NIC.GLS (23 de dezembro de 2014). «NIC.GLS». NIC.GLS. Consultado em 20 de abril de 2015[ligação inativa]
- ↑ Feijó, Murilo. «LGBTQIAP+: entenda o que significa cada letra da sigla». Minha Vida. Consultado em 2 de junho de 2022
- ↑ Research, policy and practice: Annual meeting, American Educational Research Association Verlag AERA, 1988.