A Fundação Ford é uma entidade sediada na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos. Segundo seus instituidores, foi criada para financiar programas de promoção da democracia, redução do racismo[1][2] e da pobreza. Seus críticos argumentam que, como a organização comprovadamente colaborou com a CIA no passado,[3] ela não passa de uma fronte dos interesses do governo americano.[4][5]
História
A Fundação Ford foi fundada em 1934 em Detroit.[6] Inicialmente, ela se dedicava a colaborar localmente, em seguida, ele cresceu e diversificou suas doações. Em 1950-1960, sob a liderança do presidente Henry Heald, a Fundação Ford ajudou universidades americanas e a divulgação da arte.[7] Ele subsidiou orquestras americanas com 80 milhões de US$;[8] distribuindo grandes somas para balés, teatros, etc: na década de 1960, a Fundação Ford era a que tinha mais fundos dos Estados Unidos.[9] Entre 1966 e 1986, distribui $ 200 milhões a mais de 1.000 Comunidade de Desenvolvimento da Corporations,[10] as organizações em bairros difíceis cuja finalidade é desenvolver atividades culturais.
Desde o início do século XXI, a Fundação Ford distribui aproximadamente 80 milhões de USD por ano para instituições culturais e artísticas.[11] Na França, financia entre outras o SOS Racisme,[12] o Conseil représentatif des associations noires de France,[13] e o L’Institut français des relations internationales,[14] e também no passado, a Futuribles[15] e o Congrès pour la liberté de la culture,[16] e a Repórteres sem Fronteiras.[17]
Em 1 de Julho de 2009, a Fundação Ford doou US $ 300.000 para a Fundação Wikimedia para apoiar o desenvolvimento da plataforma multimídia Wikimedia Commons.[18]
Exceto pelo seu nome, a Fundação Ford não tem nenhuma ligação com a Ford Motor Company e a família Ford há mais de trinta anos. Henry Ford II, o último membro da família no conselho de administração demitiu-se do conselho da fundação, em 1976.
Críticas
Críticas a colaboração com CIA
De acordo com Paulo Henrique Amorim "A Fundação Ford, também vitrine da CIA, financiou o Cebrap, onde o Príncipe (Fernando Henrique Cardoso) trabalhou (sic) durante o regime militar que o aposentou aos 37 anos." [5] De acordo com Leandro Loyola:
"As ONGs envolvidas no movimento pelas cotas são bastante articuladas. Recebem apoio financeiro de fundações americanas que defendem políticas de ações afirmativas, como a Fundação Ford, a Rockefeller e a MacArthur. São instituições que acreditam em políticas de ações afirmativas como uma forma de compensar desigualdades. “O problema é que essas fundações vêm dos Estados Unidos, um país que acredita na ideia de raças”, afirma o advogado José Roberto Militão, militante há 30 anos do movimento negro, contrário à instituição das cotas. O financiamento americano é usado para bancar, principalmente, estudos de acadêmicos que defendem as ações afirmativas. De acordo com Militão, a Fundação Ford destinou neste ano cerca de US$ 10 milhões para financiar projetos no Brasil. Militão faz parte da parcela cada vez mais relevante de ativistas do movimento negro que não quer a instituição das cotas raciais. “O Brasil nunca teve orgulho racial, nunca foi dividido. Os Estados Unidos sempre foram assim. O movimento negro vê isso como um dado negativo, mas é positivo”, afirma. Entre os Censos de 1940 e 2000, o número de brasileiros que se declaram pardos cresceu de cerca de 20% para os 42% atuais. Isso mostra que os brasileiros não têm o sentimento de identidade racial. Ele teme que a criação das cotas coloque esse sentimento de mestiçagem a perder e gere conflitos raciais. “Aprovar um projeto de cotas raciais é ir na contramão”, afirma Militão. “O excluído pela cota vai debitar isso na conta do negro.” Esses excluídos formariam, portanto, um caldo de cultura para o racismo."[4]
James Petras, antigo professor de sociologia da Binghamton University e vários outros críticos, acusam a Fundação Ford de atuar como uma frente para a CIA. Ele documenta as doações que da Fundação Ford para organizações criadas pela CIA com o objetivo de interferir em regimes de outros países, como é o caso da organização Congress for Cultural Freedom.[3] A entidade Activistfacts[19] rastreia e revela ao público as fontes de financiamento de diversas organizações como a Fundação Ford.[20]
Petras aponta também para o antigo presidente da Fundação Richard Bissell, que mantinha sólido relacionamento com Allen Dulles, diretor da CIA e responsável pela criação do infame Projeto MKULTRA que, sob a coordenação de Sidney Gottlieb desenvolveu os experimentos com LSD e outras drogas em seres humanos sem o conhecimento das vítimas.
A acadêmica americana Joan Roelofs, em seu livro em inglês Foundations and Public Policy: The Mask of Pluralism (State University of New York Press, 2003) afirma que Fundações como a Ford desenpenhamm um papel fundamental em isolar movimentos de oposição aos interesses estadunidenses. Ela afirma que John J. McCloy, quando Presidente do Conselho da Fundação de 1958 a 1965 afirmou que a Fundação seria uma quase-extensão do Governo americano. (a citação em inglês: "...thought of the Foundation as a quasi-extension of the U.S. Government"). Roelofs cita o fato de que fazia parte do trabalho da Fundação visitar o Conselho de Segurança em Washington e verificar quais os projetos que deveriam ser patrocinados, por meio da Fundação, nos países do exterior. Roelofs acrescenta que a Fundação patrocinou programas para desestabilizar a resistência as ditaduras na Indonésia e em vários outros países.
Ver também
Referências
- ↑ Ferguson, Karen (1 de novembro de 2007). «Organizing the Ghetto: The Ford Foundation, CORE, and White Power in the Black Power Era, 1967–1969». Journal of Urban History (em English) (1): 67–100. ISSN 0096-1442. doi:10.1177/0096144207306912. Consultado em 19 de maio de 2021
- ↑ «The Perils of Liberal Philanthropy». jacobinmag.com (em English). Consultado em 24 de maio de 2021
- ↑ 3,0 3,1 The Cultural Cold War: the CIA and the World of Arts and Letters. New York: New Press 2000. Por Frances Stonor Saunders
- ↑ 4,0 4,1 «Sociedade - NOTÍCIAS - Cotas para quê?». revistaepoca.globo.com. Consultado em 19 de fevereiro de 2020
- ↑ 5,0 5,1 Afiada, Conversa. «FHC e CIA põem Moro na capa». Conversa Afiada (em português). Consultado em 19 de fevereiro de 2020
- ↑ Frédéric Martel, De la culture en Amérique, Paris, Gallimard, 2006, ISBN 2070779319, p.308
- ↑ Frédéric Martel, De la culture en Amérique, Paris, Gallimard, 2006, ISBN 2070779319, p.311
- ↑ Frédéric Martel, De la culture en Amérique, Paris, Gallimard, 2006, ISBN 2070779319, p.94
- ↑ Frédéric Martel, De la culture en Amérique, Paris, Gallimard, 2006, ISBN 2070779319, p.317
- ↑ Frédéric Martel, De la culture en Amérique, Paris, Gallimard, 2006, ISBN 2070779319p. 468
- ↑ Frédéric Martel, De la culture en Amérique, Paris, Gallimard, 2006, ISBN 2070779319, p.324
- ↑ Qui finance SOS Racisme ?
- ↑ La mesure de la diversité souhaitée par le CRAN est majoritaire est France
- ↑ «Pourquoi la Fondation Ford subventionne la contestation». Consultado em 30 de agosto de 2014. Arquivado do original em 14 de dezembro de 2007
- ↑ «Naissance et histoire d'une revue de prospective» (PDF). Consultado em 30 de agosto de 2014. Arquivado do original (PDF) em 8 de junho de 2012
- ↑ La diplomatie culturelle de la fondation Ford
- ↑ Les liens a une ONG française.
- ↑ « Wikimedia Foundation receives Ford Foundation grant to grow Wikimedia Commons, a free educational media repository », comunicado a imprensa pela wikimediafoundation.org
- ↑ (em inglês) Activistfacts - Acessado em 29/08/2014.
- ↑ (em inglês) Activistfacts - Ford Foundation. Acessado em 29/08/2014.
Bibliografia
- Frances Stonor Saunders (2001) (em inglês), The Cultural Cold War: The CIA and the World of Arts and Letters, New Press, ISBN 1-56584-664-8. [Aka, Who Paid the Piper?: The CIA and the Cultural Cold War 1999, Granta (UK edition)].
- Edward H Berman (em inglês) The Ideology of Philanthropy: The influence of the Carnegie, Ford, and Rockefeller foundations on American foreign policy, State University of New York Press, 1983.
- CHAVES, Wanderson da Silva. A Questão Negra: A Fundação Ford e a Guerra Fria. Curitiba: Appris, 2019
- Yves Dezalay and Bryant G Garth (em inglês), The Internationalization of Palace Wars
- David Ransom, The Trojan Horse: A Radical Look at Foreign Aid, pub. 1975, pp. 93-116; "Ford Country: Building an Elite for Indonesia"[ligação inativa]
- Bob Feldman, "Alternative Media Censorship sponsored by CIA's Ford Foundation?"
- "Target Ford" (2006), by Scott Sherman in The Nation.
- Ford Foundation, a philanthropic facade for the CIA Voltaire Network, April 5, 2004.
- Time for Ford Foundation & CFR to Divest? Collaboration of the Rockefeller, Ford and Carnegie Foundations with the Council on Foreign Relations.
Ligações externas