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František Kupka

František Kupka

František Kupka (Opočno, 23 de setembro de 1871 - Puteaux, 24 de junho de 1957) foi um pintor checo. Nascido em Opocno na Boémia oriental, era filho de um escriturário de notário.

Biografia

Primeiros anos

A sua vida de artista começa a formar-se aos treze anos, quando trabalhou num atelier de estofagem. Neste atelier, Kupka é influenciado pelos temas do ocultismo, através do seu chefe, e desde os 14 anos foi introduzido ao espiritualismo. Ele teve sucesso mediúnico em séances de Praga e Viena a ponto de ser remunerado e Kupka pôde pagar aulas de arte em academias dessas duas cidades, reconhecido em seus dotes artísticos.[1] Ele ingressa na Escola de Artes Aplicadas de Jaromer. Mais tarde, entra na Academia de Belas Artes de Praga, onde se licencia em 1892.

Viena

Após a licenciatura, Kupka parte para Viena, Áustria, onde estuda na Akademie der Bildenden Küste, e toma contacto com Gustav Klimt, Arnold Schönberg e Sigmund Freud, aprofundando o seu lado oculto.

Paris

Em 1896 viaja para Paris, onde se instala definitivamente. A Cidade das Luzes irá ter um efeito libertador da influência obscura de Viena. Estuda na Académie Julian e na École des Beaux-Arts. Trabalha, nos primeiros anos passados em Paris, em ilustrações para publicações, de conteúdo satírico, como Cocorico e L'Assiette au Beurre, e na elaboração de cartazes.

Inscreveu-se na Sorbonne em 1905 para estudar a física do eletromagnetismo e, motivado pelas recentes descobertas de ondas, do hipnotismo de Charcot e o reavivamento de pesquisas do neomesmerismo no fin de siècle, fez experimentos e amalgamou essas teorias em sua arte, junto com suas crenças do budismo, teosofia e sua prática de médium, que continuou em Paris e ao longo de sua vida. Assim, estudou as aplicações do magnetismo animal para o acesso ao inconsciente na pintura. Chegou a especular sobre uso de habilidades telepáticas na arte e em propostas do pintor como um médium, tal como escreve em 1910:[1]

"Levando em conta o progresso [...] teríamos motivos para acreditar na possibilidade de novos meios de comunicação, até então desconhecidos, digamos uma comunicação mais direta que pudesse aproveitar o caminho das ondas magnéticas empregadas pelos hipnotizadores [...]. Poderemos esperar a invenção de um raio X capaz de ler a atividade mais sutil, ora invisível ou obscura, tanto do mundo exterior quanto da alma do artista. Seria decidido se o magnetismo pode substituir a pintura. A comunhão seria absoluta, a arte inútil, o universo decifrável à vontade. E o artista seria, no sentido estrito da palavra, um médium."

Também empregou a busca de um estado de consciência superior ("superconsciência") em sua advocacia do anarcocomunismo e de uma utopia cósmica, apontando que haveria um progresso no movimento do tempo baseado em vibrações de ondas das pessoas, que formam "ritmo da história":[1]

"Desde o início dos tempos registrados, a amplitude das oscilações nunca parou de crescer e os milhares de pequenos ritmos locais se fundiram gradualmente em um ritmo mais amplo: as oscilações mais gerais das nações sucedem aos minúsculos movimentos da vida das cidades, então vem a grande oscilação mundial que faz vibrar a terra inteira e seu povo em um único movimento."

Por volta de 1906, Kupka dedica-se ao estudo da cor, elaborando pinturas de colorido intenso, e de pinceladas arbitrárias. Influenciado pelos irmãos Duchamp Villon, seus vizinhos no bairro Puteaux, onde residia, Kupka frequenta reuniões dedicadas às artes plásticas, e à ligação da matemática ao cubismo. Kupka inicia, assim, o caminho para a abstracção, através de pinturas como Discos de Newton (1911) ou Amorfa (1912). Em 1912, Kupka, juntamente com Robert Delaunay, Fernand Léger e Francis Picabia, faz parte de um grupo de artistas integrados no movimento cubismo órfico.

1ª Guerra Mundial e Pós-Guerra

Durante a 1ª Grande Guerra, Kupka alista-se no exército, e chega à posição de capitão. Nos anos seguintes, e com as influências recebidas pela guerra, Kupka inicia o chamado ciclo orgânico. A sua primeira exposição individual, em 1920, é bem aceite pela crítica, mas fracassa em vendas. Este período é uma fase difícil para Kupka, dado o seu trabalho não ser reconhecido, e retira-se da vida artística.

Anos 1930

A década de 30 é uma fase de mudança positiva para Kupka. É convidado para fazer parte da associação Abstraction-Création, e expõe durante três anos as suas obras. Neste período, a sua obra dedicada ao abstraccionismo geométrico retorna.

2ª Guerra Mundial

Os anos 40 marcam, de novo, uma fase negativa para Kupka, que se vê obrigado a retirar de Paris, em 1940. A 2ª Guerra Mundial leva a que Kupka, dado ser checo se refugie na cidade de Beaugency. Só no pós-guerra é que, finalmente, é reconhecida a obra de Frantisek Kupka. Morre na sua casa de Puteaux em 1957.

Cada vez é mais reconhecida a contribuição deste pintor para a definição das primeiras fases do movimento da arte abstracta.

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 Brauer, Fae (14 de dezembro de 2015). «Magnetic Modernism. František Kupka's Mesmeric Abstraction and Anarcho-Cosmic Utopia». In: Ayers, David; Hjartarson, Benedikt; Huttunen, Tomi; Veivo, Harri. Utopia: The Avant-Garde, Modernism and (Im)possible Life (em inglês). Berlim; Boston: Walter de Gruyter GmbH & Co KG

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