Forte de Santa Bárbara | |
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Forte de Santa Bárbara, Brasil. | |
Construção | José I de Portugal (c. 1760) |
Estilo | Abaluartado |
Conservação | Desaparecido |
Aberto ao público | Predefinição:Ord |
Predefinição:Info/Lista de designações |
O Forte de Santa Bárbara da Vila, ou simplesmente Forte de Santa Bárbara, localiza-se na cidade de Florianópolis, na ilha e estado de Santa Catarina, no Brasil.
Este forte foi erguido para defesa da antiga Vila de Nossa Senhora do Desterro (atual cidade de Florianópolis), em uma pequena ilha fronteira à antiga praia do Canto (ou da Vila), no estreito do canal pelo lado da baía Sul.
História
Existem controvérsias entre os pesquisadores acerca da data precisa de início de sua construção, assim como do autor do seu projeto. Alguns remontam-no à gestão do governador da Capitania, Tenente-coronel João Alberto de Miranda Ribeiro (1793-1800) (SOUZA, 1885:125, seguido por BOITEUX (1920). apud CABRAL, 1972:___). Outros atribuem-no ao Engenheiro Militar, Tenente-coronel José Custódio de Sá e Faria, do Real Corpo de Engenheiros, que, em 1760, efetuou um levantamento das defesas da ilha de Santa Catarina erguidas pelo brigadeiro José da Silva Pais.
Plantas e mapas da época, indicam que a estrutura já existia em 1774, e integra o levantamento do Alferes José Correia Rangel para a Coroa portuguesa ("Plano para servir de demonstração dos lugares fortificados da Ilha de Santa Catarina", 1786. in: RANGEL, José Correia. Defesa da Ilha de Santa Catarina e do Rio Grande de São Pedro. Ministério da Guerra, Lisboa).
Durante a primeira metade do século XIX, serviu como enfermaria militar (SOUZA, 1885:126), transferida para o Quartel do Campo do Manejo em 1861, quando o prédio (Próprio Nacional) passou a servir à Capitania dos Portos das Províncias de São Pedro do Rio Grande e de Santa Catarina, do Ministério da Marinha. Os projetos do Governo Provincial para a adaptação do imóvel ao menor custo, se sucederam até 1871, quando foi demolido o Quartel de Tropa e acrescido um galpão de dois pavimentos, destinado à recepção de colonos. Posteriormente foram fechadas as canhoneiras, construído um parapeito sobre a muralha, instaladas floreiras, e pavimentado o terrapleno. Novas obras de reforma foram iniciadas em 11 de janeiro de 1875, sob a direção do Capitão do Porto, colocando-se a cumeeira da Capitania do Porto a 10 de abril de 1875. Em junho do ano seguinte concluía-se a casa para o Comandante do Porto, contígua ao edifício da Capitania (VEIGA, 1993). Durante a Revolução Federalista (1893-1895), foi utilizada como sede do Governo do Estado, tendo salvado na ocasião da posse do Capitão de Mar-e-Guerra Frederico Guilherme de Lorena como chefe do Governo Provisório revolucionário em Santa Catarina (14 de outubro de 1893), para ser retomada pelas tropas legalistas sob o comando do Coronel Antônio Moreira César (17 de março de 1894) (GARRIDO, 1940:144).
Durante a primeira metade do século XX, novas intervenções foram sendo introduzidas no conjunto, descaracterizando-o completamente, e dando-lhe as linhas arquitetônicas características da década de 1930 (que conserva até hoje), tendo o mesmo acabado ligado à ilha, fruto dos aterros de marinha existente entre o centro da cidade e a antiga praia do Canto. Na década de 1950 ainda eram perceptíveis os arcos da ponte de alvenaria de pedra que ligava o forte a terra. Na década de 1960, com o fechamento do Porto de Florianópolis à navegação, e a desativação da Capitania dos Portos, o forte esteve ameaçada de demolição, para que seu espaço integrasse a área de lazer da capital e escoasse o tráfego viário da ponte Colombo Sales, que liga a ilha ao continente, no âmbito do novo aterro da baía Sul (1973). A imprensa local promoveu uma série de debates sobre a pertinência ou não da preservação do antigo forte, o qual, apesar do acentuado grau de descaracterização, tanto de sua arquitetura quanto de seu entorno originais, teve a sua preservação garantida.
Em 1984, fruto desta polêmica e do reconhecimento de seu inquestionável valor histórico, o forte e a sua área envolvente, no total de 5.086 m², foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ainda abrigando a Agência da Capitania dos Portos de Santa Catarina em Florianópolis, a Prefeitura e o IBPC estudavam projetos objetivando a recuperação, restauro e revitalização da estrutura para atividades culturais (teatro, museu, escola de arte, área de exposições, com restaurante, bar, parque infantil), prevendo-se ainda o rebaixamento do entorno ao nível do mar, adaptando-se ao espaço assim recuperado um espelho d'água, restabelecendo a situação original da praça, cercada de água.
A partir de 1999, transferida a agência da Capitania dos Portos para um novo imóvel, no continente, o conjunto foi cedido pelo 5º Distrito Naval da Marinha do Brasil, tendo abrigado as sedes da Sociedade Amigos da Marinha (Soamar) e do Grupo de Escoteiros do Mar Ijurerê-Mirim. Desde janeiro de 2001, passou a abrigar a sede da Fundação Franklin Cascaes.
O imóvel pode ser visto à Rua Antônio Luz, 260 junto ao Terminal Urbano de Ônibus da Cidade de Florianópolis, no aterro da Baía Sul, no centro histórico da cidade.
Características
A sua planta original, no formato de um polígono irregular, levantada em alvenaria de pedra e cal, abrigava em seu terrapleno um edifício de um pavimento com cobertura em quatro águas, compreendendo o Quartel da Tropa, o Armazém e a Casa da Pólvora. O terrapleno era guarnecido por uma muralha com cerca de 70 centímetros de espessura na parte superior, com altura de quase 5 metros acima do nível do mar na maré baixa, comunicando-se com a terra por uma ponte em alvenaria de pedra sobre arcadas. Encontrava-se artilhado com doze peças de bronze e uma de ferro de diversos calibres, estando registrada iconográficamente nas obras de Jean-François de La Pérouse (1797), Adam Johann von Krusenstern (1803), Georg Heinrich von Langsdorff (1812), Jean-Baptiste Debret (1822) e outros.
Bibliografia
- BOITEUX, Lucas Alexandre (Capitão-tenente). Notas para a História Catarinense. Florianópolis: Livraria Moderna, 1912.
- BOITEUX, Lucas Alexandre. Pequena História Catarinense. Florianópolis: Imprensa Oficial, 1920.
- BOITEUX, Lucas Alexandre. História de Santa Catarina: Resumo Didático. São Paulo: Companhia Melhoramentos de São Paulo, 1930.
- CABRAL, Oswaldo R. As Defesas da Ilha de Santa Catarina no Brasil-Colônia. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1972. 137 p. il.
- COELHO, Manoel Joaquim D'Almeida (Major). Memória Histórica da Província de Santa Catarina. Desterro [Florianópolis]: Tipografia Desterrense de J. J. Lopes, 1856.
- GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
- LAYTANO, Dante. Corografia de Santa Catarina. RIHGB. Rio de Janeiro: 245, out-dez/1959.
- MENDONÇA, Antônio Carlos Furtado de. Defesa (...), respeito à entrega da Ilha de Santa Catarina. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XXVII Parte I, 1864. p. 291-331.
- PAIVA, Joaquim Gomes de Oliveira (Arcipreste). Notícia Geral da Província de Santa Catarina. Desterro: Tipografia da Regeneração, 1873.
- RODRIGUES, José Honório. O continente do Rio Grande (1680-1807). São Paulo: Brasiliense, 1986. 72 p.
- SOUZA, Alcídio Mafra de (coord.). Guia dos Bens Tombados, Santa Catarina. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1992.
- SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.
- TONERA, Roberto. Fortalezas Multimídia: Anhatomirim e mais centenas de fortificações no Brasil e no mundo. Florianópolis: Projeto Fortalezas Multimídia/Editora da UFSC, 2001 (CD-ROM).
Ver também
Ligações externas
- «Iphan»
- «Forte de Santa Bárbara da Praia da Vila». in: Fortalezas.org
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