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Forte Príncipe Guilherme

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O Forte Prícipe Guilherme localizava-se junto à ponte sobre o rio dos Afogados, no continente, cerca de nove quilômetros a sudoeste de "Maurits Stadt" (a cidade Maurícia), atual Recife, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil.

História

SOUZA (1885) refere esta estrutura como uma bateria (Bateria da Barreta), erguida por Maurício de Nassau, nos Afogados, sem maiores detalhes (op. cit., p. 87). GARRIDO (1940) considera-o como um forte (Forte da Barreta, Forte da Boa Viagem), distinto do Forte Príncipe Guilherme, ambos atribuídos a Nassau, em 1638 (op. cit., p. 72). BARRETTO (1958) segue essa distinção, e denomina-o ainda de Torre dos Afogados (op. cit., p. 145).

No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), a fortificação dos Afogados remonta ao passo dos Afogados ou ao passo de Francisco Barreiros, onde se concentrou a resistência ao invasor, por se tratar da chave de acesso aos engenhos de açúcar do vale do rio Capibaribe. O assalto neerlandês de Junho de 1631 foi repelido com sucesso, porém, na madrugada de 18 de Março de 1633, forças neerlandesas sob o comando do Coronel Remback conseguiram sucesso, dominando esse ponto estratégico. Para a sua defesa, foi levantado o Forte Príncipe Guilherme, conhecido pelos locais como Forte dos Afogados ou Forte de Piranga. A seu respeito, Nassau, no seu "Breve Discurso" datado de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", informa:

"O primeiro deles [dos fortes do Recife de Olinda] é o Príncipe Willem, situado nos Afogados. É um forte de quatro pontas com quatro baluartes, e está muito bem colocado, porque nos assegura o caminho da Várzea [do rio Capibaribe] e de toda a terra, e defende a passagem da ilha de Antônio Vaz para os Afogados. Está situado em uma planície e na sua parte mais elevada, dominando assim o campo até onde o canhão pode alcançar. Para o lado do noroeste tem fossos fundos; ao sudeste porém, os fossos não são fundos, e o solo é mais alto, pelo que o inimigo pode aproximar-se por meio de aproches. É necessário que este forte seja cercado de uma contra-escarpa, pois não sendo assim, faltar-lhe-á fortaleza. É construído de uma terra singular, que, de verão, quando seca, é tão dura como pedra, e de inverno, quando chove, é mole como argamassa, sulcando-a as águas de modo que é necessário grande dispêndio para repará-lo e conservá-lo."

O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriano do Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa, atribuindo-lhe um efetivo de três companhias com 263 homens:

"(...) o forte Prins Willem, nos Afogados, que é um belo forte quadrangular, com muralhas altas e bem feitas, com uma forte estacada em volta e um fosso largo e profundo. Está situado no caminho pelo qual se vai para a Várzea do [rio] Capibaribe e para o interior do país. Neste forte estão 8 peças de bronze, 2 de 24 libras, 2 de 18 lb, 2 de 12 lb e 2 peças forjadas de 3 lb e uma de ferro de 6 lb."

BARLÉU (1974) transcreve e complementa a informação: "No rio dos Afogados, existe o forte do Príncipe Guilherme, notável pela altura das trincheiras, pela solidez, elegância e forma quadrada, garantido, além disso, por uma paliçada e um fosso. Guarda, com seis canhões de bronze, a estrada da Várzea (...) e as estradas que levam ao sertão." (op. cit., p. 143) Atribui-lhe o mesmo efetivo de 263 homens (op. cit., p. 146). Com relação à estacada, foi esta determinada por Nassau na iminência do ataque de uma frota espanhola ao nordeste neerlandês (c. 1639): "(...) o mesmo [proteção cingindo-o de estacada] fez com (...) o do Príncipe Guilherme nos Afogados." (op. cit., p. 159).

Figura nos mapas de Frans Post (1612-80) da Ilha de Antônio Vaz (1637), e de Mauritiopolis (1645. Biblioteca Nacional do Brasil, Rio de Janeiro), e no mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath (in: BARLÉU, Gaspar. História dos feitos recentemente praticados no Brasil. Amsterdã, 1647).

O francês Pierre Moreau ("História das Últimas Lutas no Brasil entre Holandeses e Portugueses"), acerca do período entre 1646-1648, confirma:

"(...) à borda do mar e a três quartos de légua do Recife na terra firme, a uma mosquetada da rocha, foi construído outro forte, chamado Barreta, de forma quadrada, bem cercado por bons fossos revestidos de duplas paliçadas, que domina os que chegam por mar e por terra, do lado do Cabo de Santo Agostinho, para guardar cuidadosamente o Recife."

Conquistado por forças portuguesas (1648), foi retomado pelos neerlandeses (18 de Abril de 1648, cf. BARRETO, 1954:145, 149), e ocupado sem combate por tropas portuguesas quando da ofensiva final a Recife (17 de Janeiro de 1654). BENTO (1971) menciona como estruturas distintas o Forte da Barreta e o Forte dos Afogados, ao se referir à cronologia da queda do Recife para essa data.

Permaneceu abandonado até 1687. Foi mandado reconstruir por determinação do Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, João da Cunha Souto Maior, porém em 1746 já não integrava o sistema de defesa da cidade. Foi demolido no início do século XIX (c. 1813), e utilizado como material de aterro.

No provável sítio onde o antigo forte terá existido encontra-se hoje a empresa Asa Indústria e Comércio Ltda, conforme o refere no local uma placa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Bibliografia

  • BARLÉU, Gaspar. História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1974. 418 p. il.
  • BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368 p.
  • BENTO, Cláudio Moreira (Maj. Eng. QEMA). As Batalhas dos Guararapes - Descrição e Análise Militar (2 vols.). Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1971.
  • GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
  • MELLO, José Antônio Gonsalves de (ed.). Fontes para a História do Brasil Holandês (Vol. 1 - A Economia Açucareira). Recife: Parque Histórico Nacional dos Guararapes, 1981. 264p. tabelas.
  • MOREAU, Pierre; BARO, Roulox. História das últimas lutas no Brasil entre holandeses e portugueses e Relação da viagem ao país dos Tapuias. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1979. 132 p.
  • SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.

Ver também

Ligações externas


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