Fortaleza da Ilha do Boi | |
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Construção | José I de Portugal (1767) |
Estilo | Abaluartado |
Conservação | Desaparecida |
Aberto ao público | Predefinição:Ord |
A Fortaleza da Ilha do Boi localizar-se-ia na antiga ilha do Boi, na baía de Vitória, litoral do atual estado brasileiro do Espírito Santo.
História
Esta estrutura defensiva foi projetada para defesa da barra exterior da vila de Vitória. Uma planta da ilha do Boi, colorida, no Arquivo Militar no Rio de Janeiro, especificava:
- "Planta topográfica da ilha do Boi, mostrando em ponto maior a ilha do Boi, que forma a barra principal do rio do Espírito Santo, que vai ter à vila do mesmo nome e também a vila da Vitória, capital da Capitania do Espírito Santo: está em altura de 29 graus e 15 minutos de latitude ao sul: esta ilha está lançada da parte do norte da dita barra que forma da outra parte do sul o monte Moreno e morro de Santa Luzia na terra firme. Esta sobredita ilha é montuosa e se eleva toda sobre a marinha, cercando-a quase uma rocha viva, e só dá lugar para se desembarcar nos pequenos pontos notados com as letras A. B. C. D. E. porque nesse lugar está sempre o mar em flor, e as embarcações que vêm demandar a barra se afastam com muito cuidado dela por causa da correnteza das águas, que puxam aí para a ilha, e para o pequeno canal N que fica entre ela e a pequena ilhota chamada Calheta onde tem sucedido muitos naufrágios e perda de embarcações. Toda a ilha não tem terreno mais próprio para se fortificar que a cabeça Q. onde senta a econográfica F. G. H. I. L. M. porque toda a embarcação que vier demandar a barra há de passar por baixo da artilharia da dita fortaleza desenhada. O terreno em que se assenta a dita econográfica projetada não supre melhor nem mais regular fortificação, porque o lado F. G. defende o canal que formam as pontas O. P. da ilha do Boi e Calheta com a Ilha dos Frades que lhe fica fronteira e melhor se percebe da topografia nº 1 que mostra a barra e rio. O lado Q. H. vareja as Calhetas por cima: o lado M. I. defende o canal do sul que se procura para montar a barra: I. L. defende o canal de oeste já dentro da barra entre a ilha e o Monte Moreno: o lado L. M. vem a cruzar oblíquamente a dita barra com o forte de S. Francisco Xavier, que fica da outra parte: o lado F. M. da entrada fica coberto, e não pode ser atacado, por isso serve para a comunicação da dita fortaleza.
- O fundo que tem esta ilha ao redor se vê pelos números de conta, que o seu valor são palmos da craveira ordinária. A restinga R. fica seca ao pé da ilha, porém no meio tem 5 palmos de altura, e se passa a váu para a praia de Suá.
- O prospeto que se vê no alto da planta mostra a elevação desta ilha tirada com a cratícula do forte de S. Francisco Xavier: ela não tem gênero algum de cultura, é cheia de bosques e algum pequeno pasto: S. é a fonte que dá todo o ano água para o uso de quem mora na ilha, que é um só morador, que habita no lugar: T. V. é a fonte das Bonecas, que quando há seca grande, dizem, que seca toda. O mais se conhece pelo desenho.
- Levantada pelo capitão engenheiro José António Caldas, em 10 de outubro de 1767." (MARQUES, 1878:32)
Esta estrutura está mencionada em Ofício de 28 de abril de 1768 do governador e capitão-general da Capitania da Bahia (a quem a Capitania do Espírito Santo se subordinava), Marquês do Lavradio (1767-1769), para Francisco Xavier de Mendonça Furtado no reino, onde o primeiro promete empregar todos os seus esforços para a rápida construção da nova Fortaleza na ilha do Boi, da Capitania do Espírito Santo (OLIVEIRA, 1975:206). Embora o mesmo autor afirme que sua execução foi confiada ao engenheiro José Antônio Caldas, que não fez a obra a contento (op. cit., p. 206), a informação é discutível, uma vez que não foram localizadas informações posteriores a seu respeito. Isso leva a crer que, na realidade, a estrutura tenha ficado apenas no projeto.
A ilha do Boi, integrante do complexo de ilhas do Município da Vitória, encontra-se hoje ligada à ilha de Vitória através de aterros, tendo sido ocupada por residências de 1978 a 1985. As suas águas são objeto de estudos de biologia marinha pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Bibliografia
- BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368p.
- GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
- MARQUES, César Augusto. Diccionario Historico, Geographico e Estatistico da Província do Espírito Santo. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1878. 248p.
- OLIVEIRA, José Teixeira de. História do Estado do Espírito Santo (2ª ed.). Vitória: Fundação Cultural do Espírito Santo, 1975. 602p. il.
- SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.