𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Festa Nacional do Chimarrão

A Festa Nacional do Chimarrão, carinhosamente chamada de Fenachim, é uma festividade que ocorre no município de Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul – Brasil.  A festa que tem em sua essência destacar a cultura da erva-mate e o tradicional hábito gaúcho do chimarrão ocorre no mês de maio, de dois em dois anos, potencializando a economia, o turismo e o desenvolvimento da cidade do interior do estado gaúcho.

Desejada e planejada a partir de uma ambiciosa ideia, a Fenachim idealizada no início dos anos 80, veio para ir além e transformar a até então Festa Municipal do Chimarrão, instituída pela lei municipal 666, de 6 de maio de 1970, na grandiosa Festa Nacional do Chimarrão. Na época, o festejo da Festa Municipal do Chimarrão tinha como pretensão ser realizada de quatro em quatro anos, e mesmo sem um local próprio para sediar toda a programação, o evento se dividia em espaços da cidade como os Pavilhões São Sebastião Mártir, Sociedade de Leituras e o salão Gigante da Travessa. Embora tenha atingido o intuito de projetar o município a nível estadual, recebendo inclusive a visita do governador Synval Guazzelli em sua segunda edição, ocorreram apenas duas edições neste formato municipal, nos anos de 1971 e 1976.

Após dez anos da realização de suas edições municipais, o evento ganhou novas perspectivas. Um projeto encabeçado pelo então prefeito, Almedo Detternborn, e seu secretário do Turismo, Ari Vieira Marques, tinha como objetivo realizar, agora com local próprio, mais edições do festejo. [1]Segundo o prefeito, a realização da primeira edição da festa contou com a ajuda de profissionais que já estavam habituados com a organização de festas municipais. Foi em visita, durante um encontro nacional de prefeitos realizado, em maio de 1985, em Balneário Camboriú -SC, que Almedo encontrou o estande da Festa da Cebola, de Ituporanga -SC e, inspirado naquilo, conseguiu trazer os organizadores da festa para a organização da 1º Fenachim.


Parque Municipal do Chimarrão

Até a realização da primeira Fenachim, muito precisou ser realizado pois além de potencializar e engrandecer a já existente festa, era preciso construir o local que compartir tal evento e abrigasse, também, entidades como o [2]CTG, MOCVA, CAPSVA, entre outras entidades do município. Para que isso se tornasse realidade se planejou o Complexo do Parque do Chimarrão, que em 1984 teve seu pontapé inicial, quando no Acesso Imperatriz Dona Leopoldina, foram adquiridos os primeiros 13 hectares. Logo em seguida foram adquiridos mais hectares e após oito meses de intensas obras era erguido. A obra que é uma realização municipal teve em sua constituição a participação e o grande auxílio do CTG Erva-Mate, MOCVA e CAPSVA e sua construção custou 5 bilhões de cruzeiros. Inicialmente o complexo do Parque do Chimarrão, que atualmente possui cerca de 17 hectares, foi pensado para comportar áreas de exposição, galpão crioulo, camping, rodeios, área com açude e sede do CTG Erva-Mate.


Fenachim e suas edições

A 1º Fenachim, marcada como a transição da festa municipal para o âmbito nacional, foi realizada em 1986, sob a presidência de Jader Ribeiro Rosa que contou com o assessoramento da Sebratur, empresa catarinense especializada em grandes eventos. A edição foi marcada pela inauguração do pórtico de entrada do Parque Municipal do Chimarrão, pelas apresentações nativistas e, também, do grupo Folclórico Alemão Schwalben, o único na época do município instalado na escola Estadual Leo João Frohlich de Linha 17 de julho, interior da cidade.

Durante a primeira festa foi realizado o 1º desfile, com 20 carros alegóricos contando também com a participação de 174 bandeiras, entre elas do Brasil e de Portugal. Foi inaugurado, também, a nova pista de Motocross, que era um esporte em destaque na época. Além disso, um episódio que marcou a festa foi a realização do 1º Simpósio sobre a cultura da Erva-Mate, promovido pela Prefeitura Municipal e pela EMATER. O evento tinha como objetivo aumentar o plantio, a produção e a produtividade, bem como fomentar a produtividade e a troca de informações e experiências bem sucedidas entre os vários participantes (técnicos, produtores rurais, empresários e autoridades do estado do segmento da economia).

Já em sua segunda edição, realizada em 1988, a festa aconteceu ao longo de 16 dias e tinha como tarefa manter o padrão e o sucesso da primeira edição. Com forte destaque para a cultura gaúcha, esta edição propunha o brinde como ‘chim chim marrão’. Neste ano ocorreu um grande desfile no centro do município, denominado desfile das bandeiras que contou com 130 bandeiras, onde diversas entidades do centro e do interior traziam seus nomes e união forças para falar sobre o tema da festa. Foi na segunda edição da festa que inaugurou-se o Pórtico de Venâncio Aires, desenhado e planejado pela Arquiteta e Urbanista, Maione Inês Reckzigel e segundo a profissional explicou, as mãos simbolizam a hospitalidade dos moradores da cidade e as bombas cruzadas representam um brinde à amizade.

Após três anos, em 1991, entre os dias 03 e 12 de maio, ocorria a 3º edição da Fenachim que marcaria a comemoração do centenário de Venâncio Aires e receberia um público de cerca de 200 mil pessoas. Foi nesta edição entrou em cena o mascote municipal Venancito, ao longo dos dias ocorreu o Passeio Ciclístico do Centenário de Venâncio Aires, reunindo cerca de 1,2 ciclistas. Sob a presidência de Itor da Rosa, o parque adquiriu mais dois hectares e, assim, trouxe ampliações na estrutura do local sendo construído então o pavilhão de artesanato, com sua parte superior destinada ao panorâmico Café Colonial, e a cancha de bocha. Além disso, foram reformados o Galpão Morada Velha e remodelado o pavilhão de suínos para a festa.

A 4ª edição da Fenachim ocorreu em 1994 e teve como presidente Calso Artus. Em uma edição grandiosa com seis shows nacionais e 12 regionais, a festa trouxe público estimado em 150 mil pessoas ao longo de seus 16 dias de festa e, pela primeira vez na história do município, realizou a abertura oficial da safra de erva-mate. Foi durante esta edição que se inaugurou o Poliesportivo, que vinha com o objetivo funcional de abrigar competições esportivas e, claro, os grandes shows que o município pudesse receber ao longo das próximas edições do festejo e de sua história. Ao longo da 4ª edição, foram inaugurados também o primeiro chimarródromo, ambiente onde era possível encontrar erva-mate e água quente à disposição; no trevo da cidade, os monumentos dos clubes e serviços Rotaract e Interact ganharam vez.

Em 1996, abriam-se de 03 a 12 de maio, os portões do Parque Municipal do Chimarrão para recepcionar a 5ª Festa Nacional do Chimarrão. Sob a presidência de Alécio Alves de Moraes, a Fenachim veio com shows nacionais e regionais fortes, abrigando cerca de 140 mil visitantes aos longos de dias de festa.O evento neste ano, foi marcado pelo lançamento da Revista Erva-Mate, representativo resumo sobre os vários segmentos que o produto auxilia no desenvolvimento do município e região dos vales e pelo importante Seminário sobre Educação Sustentável, que iniciou o processo de conscientização dos agricultores do município a respeito da agricultura ecológica.

Foi com o intuito de realizar uma grandiosa edição que, em 1998, realizou-se a 6ª edição da festa que ganhou o slogan, utilizado até hoje: ‘Uma festa com o sabor do Rio Grande’. Uma edição marcada pela aproximação com os distritos do município, essa Fenachim aliou-se a força e o potencial do interior, trazendo um grande público da própria cidade. A festa de 98 deu destaque para o lançamento do livro Venâncio Ayres - O cavaleiro do Ideal, escrito pelo paulista Hiram Ayres Monteiros, que conta a história do advogado, político, jornalista, republicano e abolicionista Venâncio de Oliveira Ayres, que emprestou o nome à Capital Nacional do Chimarrão. Além disso, nesta edição o Pavilhão de Exposição abrigou exposição de diversos setores da agropecuária como a Erva-Mate, Piscicultura, Apicultura, Agroindústria, Oficinas, Plantas Medicinais, Secadores, Agroecologia e Cunicultura.

Em 2000 a festa chegava a seus 14 anos e em sua 7ª edição. Com Walter Bergamaschi como presidente, a Fenachim recebeu milhares de visitantes e apresentou ao público um desfile de carros alegóricos com as soberanas e as tradicionais bandeiras das entidades do município. Com as atrações esportivas em alta, a 7º Fenachim foi marcada pelas competições de Bicicross, Enduro e Motocross, além de ter sido o palco do III Campeonato Mundial de Bocha, onde seis seleções estrangeiras estiveram disputando o título na Capital Nacional do Chimarrão, no interior do Brasil.

A 8ª Fenachim ocorreu em 2002 e sua organização deu-se por meio da Associação das Entidades da Comunidade (Asssecom), criada especificamente para o evento, presidida por Flávio Seibt. Nesta edição a festa recebeu cerca de 180 mil visitantes e entre as atividades destacadas na festa, que teve intensa divulgação em diversos locais e também fora do estado, esteve a Mostra Cultural que em sua 3º edição tomou a mesma proporção da festa, tornando-se grande chamarisco para a visitação ao parque e participação da festa.

Pela segunda vez na história do município, após uma pausa de três anos, realizou-se a 9ª Fenachim, desta vez organizada pela Associação Tradicionalista de Venâncio Aires (ATVA) e Câmara do Comércio, Indústria e Serviços (Caciva), tendo como presidente Itor da Rosa. A edição que marcava os 20 anos de história da festa teve como destaque o Chimarródromo que, sob responsabilidade da Escola do Chimarrão, tinha como objetivo ensinar mais sobre a bebida símbolo do estado, além de expor os, até então, 36 tipos diferentes de chimarrão, sua maioria criados por Liliane Pappen. Mais uma vez, a festa destacava-se pelos eventos esportivos, recebendo etapas do Campeonato Gaúcho De Motocross e Bicicross, além de amistosos da Assoeva (time de futsal da cidade).

Entre os dias 30 de abril e 11 de maio de 2008, ocorria a 10ª edição da Fenachim, sob a presidência de Odilo Wachholz, uma edição de shows com entrada franca, a festa recepcionava também visitantes da 5ª Exposição Metalmecânica e de Refrigeração (Expometal). Essa edição teve como destaque a velocidade nos esportes, já que este cenário trazia competições e diversos visitantes ao município. Ao longo dos dias desta edição inaugurou-se, no parque, a pista de kart, tornando o esporte uma das atrações do evento e realizou-se o 1º Encontro de Trilheiros Tutaloko, trazendo um público distinto para realizar a visitação da festa.

Para a 11ª Festa Nacional do Chimarrão, se trouxe uma intensa programação pensada para atingir diversas idades e gostos. Entre as atrações daquele ano estiveram shows de música, dança, teatro e oficinas de artes, além do destaque, novamente, para os esportes com torneio de bocha feminino, regional e Mercosul e também competições de Veloterra. Entre os dias do evento foram possíveis apreciar e participar de apresentações locais, encontros e seminários. Também realizada nesta edição, o 43º Rodeio Crioulo Estadual do CTG Erva Mate trouxe tradicionalistas de todo o Rio Grande do Sul.

O casal presidente Giovane e Cristiane Wickert estiveram à frente, em 2012, da 12ª Fenachim[3] e realizaram juntamente a suas comissões uma edição com programação intensa que abrangeu tanto a cultura quanto o turismo e a gastronomia presente no município. Nesta edição, o intuito era reforçar a participação de todos os venâncio-airenses, pois seria uma edição para todos, destacando uma festa acolhedora e inclusiva. A 12ª Fenachim foi marcada, também, pela realização do 1º Encontro de Soberanas do Rio Grande do Sul, recepcionando soberanas de diversos municípios e festas do estado inteiro e pela inauguração da pista de skate no parque municipal.

A 13ª Fenachim[4], realizada em 2014, foi marcada por inovações e mudanças tanto no planejamento quanto na execução da festa. Ao contrário de outras edições da Fenachim, a 13ª edição não teve um presidente, mas sim uma organização dividida em quatro coordenações e um presidente de honra. Intitulado assim Airton Artus juntou-se às coordenações social, comercial, de infraestrutura, segurança e shows e financeira para realizar mais uma grandiosa edição da festa. Foi reconhecida por ser a edição da acessibilidade ao parque, já que durante a semana não havia a cobrança de ingressos ou, os mesmos, eram comercializados a valores simbólicos. Nesta edição, surgiram iniciativas como as aclamações de embaixadores e embaixatrizes nos distritos; a promoção: ‘Soberaninha’ e o envolvimento do comércio no envolvimento da decoração da cidade para a festa.

Durante os dias da 13ª Fenachim ocorreu o 1º Congresso Nacional da Erva-Mate, promovido pelo Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate), Instituto Escola do Chimarrão, Administração Municipal e secretariais e o Sindicato da Indústria do Mate no RS (Sindimate). O evento veio com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva, sendo discutidos os aspectos medicinais da planta.  Outro evento que deixou marca nessa edição foi o Torneio Mercosul de Bocha, que contou com 40 trios e mais de 24 equipes vindas de diversos estados brasileiros. O legado da 12ª Fenachim continuou ao longo dessa edição com a realização do 2º Encontro das Soberanas do Rio Grande do Sul.

Em 2016, era realizada a 14ª Festa Nacional do Chimarrão[5], a festa que comemorava os 30 anos de história da ambiciosa festa veio para homenagear a bebida-símbolo dos gaúchos e aumentar a cadeia produtiva da erva-mate.  Em uma edição comemorativa, a festa ganhou uma identidade especial e preocupou-se em contar, nos mínimos detalhes, a história do festejo. Nesta edição, as candidatas a Soberanas da Fenachim ganharam a missão de divulgar e trabalharem junto às eleitas soberanas e comissões na divulgação da festa, emprestando sua simpatia, conhecimento e disponibilidade a realização da 14ª edição. Durante a festa ocorreu a 1ª Reunião da Câmara Nacional da Erva-Mate, onde o objetivo estava em organizar e debater assuntos relevantes do meio, buscando as soluções para as demandas do grupo, solucionando assuntos como a criação de um manual de boas práticas agrícolas e para a indústria.

Durante uma coletiva realizada no dia 29 de setembro de 2017, foi anunciado pela Prefeitura de Venâncio Aires que a edição aguardada para 2018 seria adiada para o próximo ano, tornando essa a terceira vez que a festa tem um intervalo maior. Segundo o prefeito da cidade, Giovane Wickert, a decisão de adiar a festa deu-se em função de todo o contexto econômico e, também, da instabilidade política e social do país. Após a pausa, em 2019 ocorre a 15ª Festa Nacional do Chimarrão. Uma edição realizada especialmente para a comunidade venâncio-airense, trazendo cultura, entretenimento e lazer de forma simples, mas relevante. Dando, desta forma, continuando a grandiosa história da Festa Nacional do Chimarrão. O evento ocorre de 1º a 5 e de 9 a 12 de maio de 2019.
Predefinição:Esboço-festas

Referências


  1. De uma “ideia maluca” à festa mais importante de Venâncio (Jornal Folha do Mate, 12 de maio de 2016). Consultado em 18 de Dezembro de 2018.
  2. Prefeitura anuncia que Fenachim não terá edição em 2018 (Portal Gaz, 29 de Setembro de 2017). Consultado em 18 de Dezembro de 2018
  3. Sucesso da Festa Nacional do Chimarrão é um marco para o Município de Venâncio Aires (Jornal Folha do Mate, 02 de maio de 1985). Consultado em 23 de Janeiro de 2019.
  4. Edição do Jornal Folha do Mate de 02 de maio de 1986. Consultado em 23 de Janeiro de 2019
  5. Edição do Jornal Folha do Mate de 03 de maio de 1988. Consultado em 23 de Janeiro de 2019
  6. Edição do Jornal Folha do Mate de 03 de maio de 1991. Consultado em 24 de Janeiro de 2019
  7. Edição do Jornal Folha do Mate de 29 de abril de 1994. Consultado em 24 de Janeiro de 2019
  8. Edição do Jornal Folha do Mate de 03 de maio de 1996. Consultado em 25 de Janeiro de 2019
  9. Edição do Jornal Folha do Mate de 05 de maio de 2000. Consultado em 25 de Janeiro de 2019
  10. Edição do Jornal Folha do Mate de 01 de maio de 2003. Consultado em 25 de Janeiro de 2019
  11. Edição do Jornal Folha do Mate de 05 de maio de 2006. Consultado em 25 de Janeiro de 2019
  12. Edição do Jornal Folha do Mate de 01 de maio de 2008. Consultado em 28 de Janeiro de 2019
  13. Edição do Jornal Folha do Mate de 01 de maio de 2010. Consultado em 28 de Janeiro de 2019
  14. Edição do Jornal Folha do Mate de 03 de maio de 2013 Consultado em 28 de Janeiro de 2019
  15. Fenachim em Revista 2010 (Jornal Folha do Mate, maio de 2010). Consultado em 31 de Janeiro de 2019
  16. Definido os dias de Realização da Fenachim 2019[6] (Jornal Folha do Mate, 12 de outubro de 2018). Consultado em 31 de Janeiro de 2019.
  1. «Sucesso da Festa Nacional do Chimarrão é marco para o município de Venâncio Aires». Folha do Mate. 2 de maio de 1986 
  2. «A grande parcela de 3 entidades». Folha do Mate. 2 de maio de 1986 
  3. «Folha do Mate - Parceria com a comunidade». www.folhadomate.com. Consultado em 15 de fevereiro de 2019 
  4. «Folha do Mate - Parceria com a comunidade». www.folhadomate.com. Consultado em 15 de fevereiro de 2019 
  5. «Folha do Mate - Parceria com a comunidade». www.folhadomate.com. Consultado em 15 de fevereiro de 2019 
  6. «Definidos os dias de realização da Fenachim 2019». www.folhadomate.com. Consultado em 15 de fevereiro de 2019 

talvez você goste