Predefinição:Info/Subdivisão extinta O Exarcado da África ou Exarcado de Cartago, por conta de sua capital, foi uma divisão administrativa do Império Romano do Oriente e que englobava suas as possessões no Mediterrâneo Ocidental, governadas por um exarca ou um "vice-rei". Ele foi criado pelo imperador Maurício Predefinição:Nwrap no final da década de 580 e sobreviveu até a conquista muçulmana no final do século VII.
História
Contexto
O noroeste da África — incluindo a Córsega e Sardenha e as Baleares — foi reconquistado pelos romanos do oriente (bizantinos) sob o comando do general Belisário na Guerra Vândala de 533 e suas províncias foram aglutinadas na Prefeitura pretoriana da África por Predefinição:Lknb Predefinição:Nwrap. Ela incluía as antigas províncias da África Proconsular, Bizacena, Tripolitânia, Numídia, Mauritânia Cesariense e Mauritânia Sitifense, com capital em Cartago. Na década de 560, uma expedição romana conseguiu reconquistar partes do sul da Hispânia, que foram administradas como a nova província da Espânia. Após a morte de Justiniano, o império foi atacado por todos os lados e as províncias mais remotas foram, geralmente, abandonadas à própria sorte para lidar da melhor forma possível com os invasores, uma vez que Constantinopla não era capaz de oferecer ajuda.
Fundação do Exarcado
O sistema administrativo tardio dos romanos, fundado por Diocleciano, diferenciava claramente entre cargos civis e militares, primordialmente para reduzir a possibilidade de revoltas por governadores provinciais superpoderosos. Sob Justiniano, o processo foi parcialmente revertido para as províncias que eram tidas como especialmente vulneráveis ou que enfrentavam desordens internas. Capitalizando sobre este precedente e levando-o ao próximo passo, o imperador Maurício Predefinição:Nwrap, em algum momento entre 585 e 590, criou o cargo de exarca, que combinava a autoridade suprema civil de um prefeito pretoriano e a autoridade militar de um mestre dos soldados, e que dispunha de considerável autonomia de Constantinopla. Dois exarcados foram fundados, um na Itália, com sede em Ravena (e, por isso, conhecido como Exarcado de Ravena) e outro na África, com base em Cartago e englobando todas as posses bizantinas no Mediterrâneo Ocidental. O primeiro exarca africano foi o patrício Genádio.[1]
Entre as mudanças provinciais, Tripolitânia foi destacada da África e colocada sob o comando da província do Egito;Predefinição:Harvref Mauritânia Cesariense e Mauritânia Sitifense foram fundidas na nova Mauritânia Prima, enquanto que a Mauritânia Tingitana foi reduzida efetivamente à cidade de Septo (Ceuta) e combinada com as cidadelas da costa da Hispânia e as Baleares para formar a Mauritânia Secunda.[1]
O Reino Visigótico era também uma ameaça constante às minúsculas possessões do exarca africano na região sul da Península Ibérica. O conflito continuou até a conquista final do último bastião ibérico por volta de 624 pelos visigodos.
Charles Diehl considerava a África no início do século VII como tendo entrado num período de declínio econômico e demográfico, estando sob a constante ameaça dos hostis berberes. Historiadores posteriores porém tiveram que revisar esta imagem à luz de novas evidências arqueológicas: o Exarcado estava entre as áreas mais influentes do Império Bizantino, mesmo sendo menos rica e importante que o Egito. Parece ter havido ali muito menos conflitos do que nos Bálcãs, na Mesopotâmia e no Cáucaso, o que permitia à população uma vida muito mais segura. Há também evidências de um ativo comércio entre a África bizantina e a Gália Franca durante o século VII. A agricultura florescia, particularmente nas imediações do rio Majerda. A produção de grãos, azeite de oliva e vinho mantinha a população local bem alimentada e provavelmente era suficiente para suprir um comércio marítimo. A pesca parece ter sido também outra atividade em crescimento. As elites locais parecem ter investido na construção de igrejas, sendo o principal testemunho disso a existência de diversos exemplos de arte funerária e, principalmente, dos mosaicos.Predefinição:Harvref Heráclio parece ter criado laços com esta elite e seu filho, Heráclio, o Jovem, casou-se pelam primeira vez com Eudóxia nesta época. O pai da noiva era Rogas, um proprietário de terras no Exarcado.Predefinição:Harvref
Durante a revolta vitoriosa do exarca de Cartago Heráclio em 608, os berberes (amazigues) perfaziam uma grande proporção da frota que transportou o futuro imperador até Constantinopla. Por conta de suas ambições políticas e religiosas, o exarca Gregório, o Patrício (que era parente da família imperial através do primo do imperador, Nicetas), se declarou independente do Império em 647. Nesta época, a influência e poder do exarcado pode ser exemplificado pelas forças que Gregório conseguiu juntar na Predefinição:Ilink condicional, no mesmo ano, onde mais de 100 000 homens de origem berbere lutaram pelo exarca.
Conquista árabe
As primeiras expedições islâmicas começaram numa iniciativa do Egito, sob o emir Amer ibne Alas e seu sobrinho, Uqueba ibne Nafi. Percebendo a fraqueza romana, ele conquistaram Barca, na Cirenaica, e prosseguiram pela Tripolitânia, onde eles finalmente encontraram alguma resistência. Por conta da desordem provocada pelas disputas teológicas em torno do monotelismo e do monoenergismo, o exarcado sob Gregório se distanciou do Império e se revoltou. Cartago, por sua vez, foi inundada com refugiados vindos do Egito (especialmente os melquitas - cristãos grego-ortodoxos), Palestina e Síria exacerbaram as tensões religiosas e alarmaram ainda mais o já tenso Gregório sobre a iminente ameaça árabe. Percebendo que a ameaça mais imediata vinha das tropas árabes muçulmanas, Gregório juntou-se aos seus aliados e iniciou a resistência ao avanço muçulmano, mas foi derrotado na batalha de Sufétula, que era a capital de facto do exarcado sob Gregório, pelos muçulmanos de Abdulá ibne Saade. Cartago novamente se tornou a capital, tendo perdido a honra por que Gregório achava que a cidade era muito vulnerável aos ataques bizantinos pelo mar. A partir daí, exarcado se tornou um estado-cliente bizantino liderado por um exarca chamado Genádio. Ele tentou manter o status de tributário tanto de Constantinopla quanto de Damasco (a capital omíada), o que provocou uma grande pressão sobre seus recursos financeiros e terminou numa revolta entre a população.
Com o tênue controle bizantino confinado a umas poucas fortalezas costeiras mal-defendidas, os cavaleiros árabes que cruzaram a fronteira da Cirenaica pela primeira vez em 642 encontraram pouca resistência. Ela aumentou até atingir o pico em 682, quando o exarcado, com o auxílio de seus aliados berberes (liderados pelo rei Kaisula ait Lamazm), venceu as forças de Uqueba ibne Nafi na Batalha de Biskra. A vitória fez com que os invasores recuassem para o Egito, dando ao exarcado uma década para se recuperar. Os repetidos confrontos, contudo, cobraram seu preço sobre as minguantes e cada vez mais divididas forças do exarcado. Em 698, o comandante muçulmano Haçane ibne Numane e uma força de 40 000 homens arrasaram a Cartago romana. Muitos de seus defensores eram visigodos enviados para defender a cidade por seu rei, que também temia a expansão muçulmana. A maior parte deles lutou até a morte e a cidade de Cartago foi novamente arrasada, como já havia sido séculos antes pelas forças do Império Romano.
A perda dos territórios continentais africanos do exarcado foi um enorme golpe para o Império Bizantino no Mediterrâneo Ocidental pois tanto Cartago quanto o Egito eram as principais fontes de soldados e de cereais para a capital. Além disso, a queda do Exarcado encerrou definitivamente a presença bizantina (romana) na África.
Exarcas da África conhecidos
Referências
Bibliografia
- Kaegi, Walter Emil (2003). Heraclius, Emperor of Byzantium (em English). Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-81459-6
- Hrbek, Ivan (1992). Africa from the Seventh to the Eleventh Century. [S.l.]: James Currey Publishers
- Diehl, Charles (1896). L'Afrique Byzantine. Histoire de la Domination Byzantine en Afrique (533–709) (em French). Paris, France: Ernest Leroux
- * Julien, C.A. (1931) Histoire de l'Afrique du Nord, vol. 1 - Des origines a la conquête arabe, 1961 edition, Paris: Payot
- Pringle, Denys (1981). The Defence of Byzantine Africa from Justinian to the Arab Conquest: An Account of the Military History and Archaeology of the African Provinces in the Sixth and Seventh Century. Oxford, United Kingdom: British Archaeological Reports. ISBN 0-86054-119-3