Esteatito (também pedra de talco ou pedra-sabão) é uma rocha metamórfica, compacta, composta sobretudo de talco (também chamado de esteatite ou esteatita), mas contendo muitos outros minerais como magnesita, clorita, tremolita e quartzo, por exemplo. É uma rocha muito branda e de baixa dureza, por conter grandes quantidades de talco na sua constituição. A pedra-sabão é encontrada em cores que vão de cinza a verde. Ao tato, dá uma sensação de ser oleosa ou saponácea, derivando-se daí sua designação de pedra-sabão. Existem grandes depósitos de valor comercial no Brasil, em maior escala no estado de Minas Gerais.
Características físicas
A pedra-sabão é praticamente impenetrável. Não é afetada por substâncias alcalinas ou ácidas. Uma das notáveis características da pedra-sabão é sua excelente capacidade de resistir a extremos de temperatura desde muito abaixo de zero até acima de cerca 1000 °C. A pedra-sabão resiste às exposições e mudanças de condições atmosféricas durante séculos.[1]
Usos da pedra-sabão
Este tipo de rocha é muito utilizado na fabricação de panelas, esculturas e decoração, pela facilidade com que é trabalhada. O seu uso é generalizado pelo mundo afora: desde as esculturas tradicionais dos Inuit até a algumas obras do Aleijadinho.[2] É especialmente utilizada na construção de lareiras, também pela sua capacidade de absorver e distribuir de forma regular o calor.
A pedra-sabão, em virtude de suas excelentes propriedades de absorção de calor, retém quase todo o calor produzido pela fonte de energia (madeira, carvão mineral, carvão vegetal, gás, energia elétrica) e o conduz rapidamente, através do chamado aquecimento de massa térmica. Isto significa que a própria pedra atua como uma eficiente fonte de calor e não a chama propriamente dita, como acontece com as tradicionais lareiras abertas. Por outras palavras, o calor absorvido pela massa da pedra-sabão é, em seguida, liberado lenta e uniformemente no passar do tempo, mesmo após a fonte de calor se extinguir ou ser desligada. Outra característica notável da pedra-sabão é que gera calor radiante, enquanto permanece, em geral, isenta de perigo ao toque.
No Brasil, especialmente no Estado de Minas Gerais e na cidade turística de Ouro Preto, esta pedra é usada para a confecção de artesanatos feitos pela população local como: Porta-jóias, panelas, canecas, taças de vinho, além de souvenirs e estatuetas. Encontrados em feiras locais e pela internet. Algumas tribos da América do Norte utilizavam a pedra-sabão para produzir tigelas, recipientes para cozinha e outros objetos; historicamente, este hábito era particularmente comum durante o chamado período arqueológico arcaico.[3] Outras tribos faziam cachimbos de pedra-sabão para fumar tabaco; inúmeros exemplares já foram encontrados em artefatos de diferentes culturas de nativos norte-americanos e outros continuam em uso nos dias de hoje. A baixa condutividade de calor da pedra-sabão permite o fumo de forma prolongada, sem que o cachimbo se aqueça demais.[4]
Os viquingues escavavam pedra-sabão diretamente da pedra matriz, manufaturavam panelas e as vendiam localmente e no exterior.[5]
Tepe Yahya, uma antiga cidade comerciante no sudeste do Irã, era um centro de produção e distribuição de pedra-sabão nos anos de 5000 a 3000 A.C.[6] A pedra-sabão também era utilizada na Civilização Minoica em Creta. No Palácio de Cnossos, a recuperação arqueológica incluiu uma magnificente mesa cerimonial feita de estereatita.[7]
Os Iorubás do oeste da Nigéria utilizavam pedra-sabão em muitas estátuas, especialmente em Esie, onde arqueologistas descobriram centenas de estátuas de homens e mulheres do tamanho de metade de uma pessoa. Os Iorubás de Ifé também produziram um obelisco em miniatura de pedra-sabão com animais de metal chamada supersticiosamente de "os empregados de Oranmiyan".
A pedra-sabão tem sido usada na Índia durante séculos como material para esculturas. A mineração desta pedra para atender a demanda mundial de talco está ameaçando o habitat natural dos tigres indianos.[8] Os templos do Império Hoysala eram feitos de pedra-sabão.[9]
A pedra-sabão é usada por ferreiros como um marcador pois, devido à sua resistência ao calor, ela se mantém visível mesmo quando aquecida. Também vem sendo utilizada por muitos anos por costureiras, carpinteiros e outros artesãos como um giz para fazer marcas no material a ser trabalhado, pois suas marcas são visíveis e podem ser apagadas.
Outro uso deste material é o de servir como molde para trabalhar materiais maleáveis como o peltre ou prata, devido à sua facilidade de ser trabalhado e sua não degradação com o calor. A superfície lisa da pedra-sabão permite a fácil retirada do objeto fundido do molde.
Pedra-sabão minada localmente era utilizada como pedra de túmulos no nordeste do estado da Geórgia, EUA, do século XIX, nas regiões de Dahlonega e Cleveland.
A pedra-sabão também é bastante utilizada pelos chineses para a confecção de selos (em forma de carimbo) para a assinatura de cartas e documentos.
O Cristo Redentor, obra da primeira metade do século XX (construção de 1922-1931), embora construído em concreto armado, possui em sua superfície um mosaico de pedra-sabão, com milhares de pequenas placas em formato triangular que simbolizam, com a santíssima trindade.[10]
A pedra-sabão é comumente utilizada como isolante elétrico ou como caixa de força que abriga componentes elétricos, devido à sua durabilidade e baixa condutividade elétrica, e porque pode ser moldada em formatos complexos mediante fundição. O esteatito sofre transformações nas suas propriedades físico-químicas quando aquecido em temperaturas de 1000–1200 °C, convertendo-se em enstatita and cristobalita. Na escala Mohs, esta transformação corresponde a um aumento de dureza de 1 para 5.5–6.5.[11]
Como tratar a pedra-sabão
Utilizar óleo mineral (qualquer tipo de óleo hidrocarbônico, que pode ser adquirido em farmácias). Esfregar o óleo na pedra. Remover excedentes para que não haja aparência de molhado. No passar do tempo, fazer nova aplicação de óleo. Os seladores de pedras produzem pouco efeito sobre a pedra-sabão, em comparação com granito ou ardósia. Fazer a limpeza com esponja ou com pano macio, utilizando água limpa e detergente neutro, se necessário.
Panelas de pedra sabão e seu uso na cozinha
Atualmente a pedra sabão têm sido muito utilizada na culinária. Os útensílios para cozinha em pedra sabão são diversos como: Panelas de pedra sabão, panelas de pressão em pedra sabão, grelhas em pedra sabão. O há diversos pontos positivos de se utilizar uma peça de pedra sabão no preparo dos alimentos, o que mais se destaca é o benéfício para a saúde que as panelas de pedra sabão proporcionam. Estudos recentes demonstraram que minerais benéficos a saúde como ferro, calcio, manganês e zinco são transferidos para os alimentos que são conzinhados na panela de pedra. [1]
Ver também
Referências
- ↑ Santos, Rita C. P. «Estudo da Pedra Sabão na Região de Ouro Preto». Universidade Federal de Ouro Preto. XXIII Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa: 741-48
- ↑ Pedra-Sabão. Girafamania - Acessado em 20 de abril de 2008.
- ↑ Sassaman, Kenneth E., Early Pottery in the Southeast:Tradition and Innovation in Cooking Technology, University of Alabama Press, 1993 ISBN 0-8173-0670-6
- ↑ Witthoft, J.G., 1949, "Stone Pipes of the Historic Cherokees", Southern Indian Studies 1(2):43–62.
- ↑ Else Rosendahl, The Vikings, The Penguin Press, 1987, page 105
- ↑ "Tepe Yahya," Encyclopædia Britannica, 2004. Britannica Concise Encyclopedia. 3 January 2004, Britannica.com Arquivado em 29 de setembro de 2007, no Wayback Machine.
- ↑ C.Michael Hogan (2007) "Knossos Fieldnotes", The Modern Antiquarian
- ↑ Barnett, Antony (22 de junho de 2003). «West's love of talc threatens India's tigers». The Guardian. London. Consultado em 9 de janeiro de 2007
- ↑ «Belur, Halebid and Sravanabelagola». Consultado em 9 de janeiro de 2007
- ↑ ALVAREZ, Rodrigo (2021). Redentor: A biografia do Cristo de braços abertos, ilustre morador do Corcovado, orgulho do Brasil, maravilha do mundo. Rio de Janeiro: Globo Livros. 321 páginas. ISBN 978-6586047486
- ↑ "Some Important Aspects of the Harappan Technological Tradition," Bhan KK, Vidale M and Kenoyer JM, in Indian Archaeology in Retrospect/edited by S. Settar and Ravi Korisettar, Manohar Press, New Delhi, 2002.