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Engenharia de produção

De acordo com a Associação Brasileira de Engenharia de Produção[1] compete à engenharia de produção o projeto, a implantação, a operação, a melhoria e a manutenção de sistemas produtivos integrados de bens e serviços, envolvendo homens, materiais, tecnologia, informação e energia. Compete ainda especificar, prever e avaliar os resultados obtidos destes sistemas para a sociedade e o meio ambiente, recorrendo a conhecimentos especializados da matemática, física, ciências humanas e sociais, conjuntamente com os princípios e métodos de análise e projeto da engenharia. Produzir é mais que simplesmente utilizar conhecimento científico e tecnológico. É necessário integrar fatores de natureza diversas, atentando para critérios de qualidade, eficiência, custos, etc. A engenharia de produção, ao voltar a sua ênfase para as dimensões do produto e do sistema produtivo, vincula-se fortemente com as ideias de projetar produtos, viabilizar produtos, projetar sistemas produtivos, viabilizar sistemas produtivos, planejar a produção e gestão, produzir e distribuir artigos manufaturados que são utilizados na sociedade. Essas atividades, tratadas em profundidade e de forma integrada pela engenharia de produção, são fundamentais para a elevação da competitividade do país.

História

No início da produção de mercadorias, o artesão desenvolvia todas as fases produtivas, desde a concepção e a criação, até a sua execução final. A origem da engenharia de produção ocorreu quando esses profissionais, além de produzir, preocupou-se em organizar de modo integrado a produção. Com a Revolução Industrial iniciada no século XVIII na Inglaterra houve o aparecimento da manufatura introduzindo a máquina-ferramenta. Isso passou a exigir um tratamento mais adequado aos processos de produção. No entanto, somente no final do século XIX, principalmente a partir do denominado “Scientific Management”, no qual Frederick Winslow Taylor (1856 - 1915) foi considerado um dos expoentes, surgiram atividades de sistema integrados de produção, que se relacionam mais diretamente com esta modalidade de engenharia, tal como se concebe atualmente. Nesta trajetória deve-se destacar também os trabalhos do Engenheiro Henry Laurence Gantt Medal (1861-1919) autor do “Gráfico de GANTT” e do casal Frank Bunker Gilbreth (1868-1924) e Lillian Moller Gilbreth (1878-1972) considerada uma das pioneiras da ergonomia (Leme, 1983).[2]

Segundo a Associação Brasileira de Engenharia de Produção[2] a formação em engenharia de produção no Brasil só iniciou-se na segunda metade do século XX, na Escola Politécnica da USP (Poli/USP) com a criação das disciplinas: Engenharia de Produção e Complemento de Organização Industrial por iniciativa do professor Ruy Aguiar da Silva Leme. O professor Leme, mostra no documento "História de Engenharia de Produção no Brasil” (1983) que, com este ato a data de nascimento da engenharia de produção no Brasil, pode ser considerada como abril/1955. Em 1959, o professor Leme propôs desdobrar o curso de engenharia mecânica em duas opções: Projeto e Produção. Nascia então o primeiro curso de engenharia de produção do país. As razões para adotar-se o nome de engenharia de produção para esta modalidade quando o mais lógico seria engenharia industrial, tal como a “Industrial Engineering" dos Estados Unidos, deve-se ao fato do sistema CONFEA/CREAs, á época (década de 1950), já ter definido como engenheiro industrial “como um misto de engenheiro químico, mecânico e metalúrgico, com uma maior especialização em um destes setores”. A produção, como opção da engenharia mecânica da Poli/USP, perdurou até 1970. “Em 27 de novembro de 1970, a congregação da Escola Politécnica da USP aprovou a criação de uma graduação autônoma em engenharia de produção”. “Em agosto de 1976, o decreto nº 78.319 concedeu reconhecimento ao curso de engenharia de produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo”.

Mercado de trabalho

O mercado de trabalho do engenheiro de produção é diverso, em função da ampla gama de competências do profissional. Oportunidades de trabalho estão disponíveis na implementação, desenvolvimento e gerenciamento de novos processos de produção, sistemas de informação, inspeção e qualidade, montagem e manuseio gerenciados por computador.[3] O mercado de trabalho para engenheiros de produção inclui oportunidades no setor público, comércio, prestação de serviços, empresas de todos os portes, indústrias, bancos, construção civil, fábricas e institutos de pesquisa e ensino.[4]

Perfil profissional

Eugênio Pacelli Lazzarotti Diniz Costa, doutor em engenharia de produção

O perfil do engenheiro de produção pressupõe espírito crítico, quantitativo, estratégico, criatividade e consciência em relação à sua atuação técnica, política, econômica, profissional e social. [5]O engenheiro de produção vem se mostrando um profissional versátil, considerando a interdependência entre os vários segmentos empresariais, levando em consideração o desenvolvimento de novos processos de produção e sua manutenção, agindo no sentido de planejar, orientar, supervisionar, inspecionar a produção de bens e serviços, elaborar, executar e acompanhar projetos buscando a otimização das linhas produtivas. Outro aspecto observado neste profissional é a capacidade de adaptação rápida em diferentes funções, praticadas em ambientes altamente competitivos.[6]

Áreas de atuação

Na área de engenharia organizacional

  • Desenhando, implementando e melhorando sistemas produtivos e logísticos;
  • Modelagem e simulação de problemas organizacionais;
  • Elaboração planos para identificar e resolver problemas de alocação de recursos;
  • Modelagem e simulação de processos.

Na área de planejamento produtivo e logístico

  • Realiza estudos sobre a localização geográfica da empresa e planejando o arranjo físico de suas instalações;
  • Desenvolve estudos de viabilidade técnico-econômica para aplicação de capital no processo industrial;
  • Otimização de problemas complexos com uso de modelos matemáticos e heurísticos;
  • Desenvolvimento e implementação de ferramentas e produtos e no desenvolvimento de políticas e procedimentos;
  • Determina e otimiza operações de materiais e equipamentos.

Como gestor do sistema produtivo

  • Desenvolve projetos e faz o planejamento para gerenciar a produtividade ou eficiência operacional de uma empresa;
  • Desenvolve métodos de otimização do trabalho;
  • Propõe procedimentos e métodos de programação e controle de produção;
  • Desenvolve modelos de simulação para problemas complexos.

Principais disciplinas estudadas

O curso é estruturado por dois conjuntos de disciplinas destinadas ao desenvolvimento das competências:

  • Ciclo Básico: cálculo, programação computacional, estatística, mecânica, física, química, controle estatístico da qualidade;
  • Ciclo Profissional: simulação computacional, engenharia econômica, meta-heurística, engenharia de métodos, planejamento e controle da produção, logística, ergonomia, otimização em pesquisa operacional , fabricação industrial, ciclo de vida do produto, etc.

Diferenças entre engenharia de produção e administração

  • Engenharia de produção é um curso direcionado a projetos: assim como as demais engenharias, a engenharia de produção se destina a realização de projetos. Ou seja, assim como o engenheiro civil projeta construções, o engenheiro mecânico projeta peças mecânicas, o engenheiro eletricista projeta instalações elétricas, etc.; o engenheiro de produção projeta a organização como um todo envolvendo materiais, equipamentos, processos, pessoas e outros aspectos. Como exemplo pode-se citar os projetos para implantação de sistemas produtivos ou logísticos organizacionais e gerenciais.[7]
  • Engenharia de produção é um curso mais técnico: a engenharia de produção é um curso mais técnico, e está mais relacionada com o uso de tecnologia. Como exemplo, o uso de sistemas de apoio a decisão, técnicas de redes neurais, CAD (Desenho Auxiliado por Computador), lógica fuzzy, meta-heurísticas, sistemas de simulação, etc.; ou seja: técnicas matemáticas, estatísticas e computacionais em geral.[8]

Exemplos de atuação

Na área de engenharia organizacional

  • Desenhando, implementando e melhorando sistemas produtivos e logísticos.
  • Modelagem e simulação de problemas organizacionais
  • Elaboração planos para identificar e resolver problemas de alocação de recursos;
  • Modelagem e simulação de processos[9]

Na área de planejamento produtivo e logístico

  • Realiza estudos sobre a localização geográfica da empresa e planejando o arranjo físico de suas instalações;
  • Desenvolve estudos de viabilidade técnico-econômica para aplicação de capital no processo industrial;
  • Otimização de problemas complexos com uso de modelos matemáticos e heurísticos.
  • Desenvolvimento e implementação de máquinas, ferramentas e produtos e no desenvolvimento de políticas e procedimentos;
  • Determina e otimiza operações de materiais e equipamentos.

Como gestor do sistema produtivo

  • Desenvolve projetos e faz o planejamento para controlar a produtividade ou eficiência operacional de uma empresa
  • Desenvolve métodos de otimização do trabalho;
  • Propõe procedimentos e métodos de programação e controle de produção;
  • Desenvolve modelos de simulação para problemas complexos.

Principais disciplinas estudadas

O curso é estruturado por dois conjuntos de disciplinas destinadas ao desenvolvimento das competências[10]:

  • Ciclo básico: Ciências do Ambiente; Comunicação; Economia; Expressão Gráfica; Fenômenos de Transporte; Física; Informática; Matemática; Materiais Metodologia Científica e Tecnológica; Probabilidade e Estatística; Psicologia; Química; Sociologia, entre outros;
  • Ciclo Específico: Planejamento do Produto; Projeto do Produto; Análise de Localização; Instalações Industriais; Arranjo Físico; Movimentação de Materiais; Processos Discretos de Produção; Processos Contínuos de Produção; Planejamento de Processos; Planejamento e Controle da Produção; Organização e Planejamento da Manutenção; Logística e Distribuição; Estratégia da Produção; Gestão Ambiental; Gestão da Qualidade; Controle Estatístico da Qualidade; Normalização e Certificação; Metrologia, Inspeção e Ensaios; Confiabilidade; Programação Matemática; Processos Estocásticos; Simulação de Sistemas de Produção; Avaliação e Apoio à Tomada de Decisão; Organização do Trabalho; Ergonomia; Higiene e Segurança do Trabalho; Engenharia de Métodos e Processos; Planejamento Estratégico; Organização Industrial; Economia Industrial; Gestão Tecnológica; Sistemas de Informação; Gestão Econômica; Engenharia Econômica; Custos da Produção; Viabilidade Econômico-Financeira, entre outros.[11]

Ver também

Referências

  1. «ABEPRO - Associação Brasileira de Engenharia de Produção | A Profissão» (em português). Consultado em 2 de agosto de 2020 
  2. 2,0 2,1 ABEPRO. «ORIGENS E EVOLUÇÃO DA FORMAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO» (PDF). ABEPRO. Consultado em 15 de agosto de 2020 
  3. «O Engenheiro de Produção da UFSCar está apto a» 
  4. «Como está o mercado de trabalho para Engenharia de Produção?». Guia da Carreira (em English). 16 de julho de 2019. Consultado em 2 de agosto de 2020 
  5. CATAPAN, E. A. Engenharia de produção em análise. Brazilian Journals, 2020.
  6. Engenharia, Seleção (28 de abril de 2016). «Engenharia de Produção - O que você precisa saber.». Seleção Engenharia Blog (em português). Consultado em 2 de agosto de 2020 
  7. MOREIRA, D.A. Produção e Operações. Cengage Learning, 2008.
  8. VENANZI, D.; SILVA, O. R. Introdução à Engenharia de Produção - conceitos e casos práticos. São Paulo: LTC, 2017.
  9. SLACK, NIgel; Johnston R. Administração da produção, 8 ed. Atlas, 2018.
  10. «Engenharia de Produção: o guia completo! | Stoodi». Blog do Stoodi (em português). Consultado em 31 de agosto de 2020 
  11. BATALHA, M.O. Introdução à Engenharia de Produção. 6 ed. São Paulo: 2007.

Bibliografia

  • BADIRU, Adedeji. - Handbook of industrial and systems engineering. Boca Raton, FL: CRC, 2005. ISBN 978-0-8493-2719-3
  • COX, J.; SCHLEIER, J. Handbook da Teoria das Restrições.
  • EMERSON, Howard P.; NAEHRING, Douglas C. - Origins of industrial engineering: the early years of a profession. Norcross, GA: Engineering & Management Press, 1998. ISBN 978-0-89806-097-3
  • FUSCO, José Paulo Alves. Tópicos emergentes em engenharia de produçao I. São Paulo: Arte & Ciência, 2002. ISBN 978-85-7473-091-2
  • FUSCO, José Paulo Alves - Tópicos emergentes em engenharia de produçao II. São Paulo: Arte & Ciência, 2004. ISBN 978-85-7473-129-2
  • GILBRETH, Lillian - As I remember: an autobiography. Norcross, GA: Engineering & Management Press, 1998. ISBN 978-0-89806-186-4
  • GOLDRATT, E. Corrente crítica : Teoria das Restrições (TOC) em gestão de projetos (em português) Capa comum – 1 setembro 2014.
  • GOLDRATT, Eliyahu M.; COX, Jeff. - The Goal. North River Press; 2nd Rev edition (1992). 20th Anniversary edition (2004) ISBN 0-88427-178-1.
  • GOLDRATT, E. Não é sorte (em português) Capa comum – 1 agosto 2014.
  • HICKS, Philip E. - Industrial engineering and management: a new perspective. 2ª ed. Nova Iorque, McGraw-Hill, 1999. ISBN 978-0-07-230673-6
  • HILLIER, F. S.; LIEBERMAN, G. J.; Introdução à Pesquisa Operacional
  • MALAKOOTI,g B. (2013). Operations and Production Systems with Multiple Objectives. John Wiley & Sons.ISBN 978-1-118-58537-5
  • MAYNARD, Harod B. ed. - Manual do gerente de empresa. São Paulo: Edgar Blucher, 1974.
  • OHNO. O Sistema Toyota de Produção: Além da Produção em Larga Escala (em português) Capa comum – 1 janeiro 1997.
  • SALVENDY, Gavriel, ed. Handbook of industrial engineering: technology and operations management. 3ª ed. Nova Iorque: John Wiley & Sons, 2001. ISBN 978-0-471-33057-8
  • SHINGO, Shigeo - Sistema Toyota de produção: do ponto de vista da engenharia de produção. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1996. ISBN 978-85-7307-169-6
  • SHINGO. Sistemas de Produção Com Estoque Zero.
  • TAYLOR, Frederick Winslow - Princípios de administração científica. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 1990. ISBN 978-85-224-0513-8
  • TURNER, Wayne C.; et al. - Introduction to industrial and systems engineering. 3ª ed. Englewwod Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1992. ISBN 978-0-13-481789-7
  • ZANDIN, Kjell B. ed. - Maynard's industrial engineering handbook. 5ª ed. Nova Iorque: McGraw-Hill, 2001. ISBN 978-0-07-041102-9
  • MACHADO, J. F. Método Estatístico: gestão da qualidade para melhoria contínua. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

Ligações externas

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