Predefinição:Info/Programa de rádio O Em Órbita foi um programa de rádio português, que funcionou entre 1965 e 2001, tendo passado pelo Rádio Clube Português, Rádio Comercial e Antena 2.[1] Originalmente criado para difundir a música popular estrangeira em território nacional, conheceu uma alteração profunda na sua programação a partir da Década de 1970, passando a emitir apenas música clássica.[2] Foi um grande sucesso de audiência antes e após a mudança, tendo sido responsável pela introdução de grandes artistas e bandas internacionais como os Bee Gees e os Beach Boys no panorama musical português, e posteriormente pela divulgação da música erudita.[2]
História
Segundo o locutor de rádio Júlio Isidro, o programa "Em Órbita" iniciou a sua transmissão regular no dia 1 de Abril de 1965, no Rádio Clube Português, tendo sido criado por Jorge Gil e Pedro Soares Albergaria, com a finalidade de promover em território português as «formas mais representativas da música popular de expressão inglesa».[1] Com efeito, a primeira canção a passar foi o tema Revenge, da banda britânica The Kinks, que foi um dos símbolos do programa durante vários anos.[1] Além da música anglo-saxónica, Jorge Gil e Pedro Albergaria também promoveram a utilização do formato LP em detrimento dos singles, e demonstraram uma preferência pelos autores-intérpretes em vez dos intérpretes que não eram responsáveis pela criação dos seus próprios temas.[1] O programa foi responsável pela introdução em Portugal de cantores e bandas de renome no panorama internacional, como Bob Dylan, os Beatles, Led Zeppelin, Joan Baez, Beach Boys, Rolling Stones, Deep Purple, Pink Floyd, Janis Joplin,[1] Simon & Garfunkel, Doors, Bee Gees, Jefferson Airplane, e Procol Harum.[2]
O programa tinha produção e realização de Jorge Gil (falecido em 2019) e Pedro Soares Albergaria, já falecido, e apresentação de Pedro Castelo. Outros nomes que passaram pelo programa foram João Manuel Alexandre (falecido em 1969) e João David Nunes. Cândido Mota foi a voz que durante mais tempo identificou o programa. Algum tempo mais tarde, no início do ano de 1966, juntaram-se ao grupo o José Luiz Magalhães Pereira, autor das rubricas Correio e Spot Dylan, Diogo Saraiva e Souza e Manoel Violante, este último também já falecido.[carece de fontes] Júlio Isidro passou pelo programa após o período de Pedro Castelo e Cândido Mota, e antes da entrada de Jaime Fernandes e Fernando Quinas.[1]
Em Agosto de 1967, passou a primeira música em português no programa, o tema A Lenda de El-Rei D. Sebastião, da banda Quarteto 1111, decisão que provocou polémica entre a equipa responsável, e que levou à leitura de uma justificação para os ouvintes, que foi escrita por Jorge Gil e intepretada por Cândido Mota.[1] Nesse ano, o Em Órbita recebeu duas importantes distinções, o Prémio da Casa da Imprensa, destinado ao melhor programa de rádio, e o Prémio Internacional Ondas,[1] tendo este último sido pela primeira vez atribuído a um programa nacional.[2] Em 1969 iniciou-se a rubrica Novas Aventuras do Em Órbita, que passava música erudita, e em 1974 o programa passou a tocar apenas música clássica, principalmente do estilo barroco, com a apresentação de João David Nunes.[1] Esta mudança profunda foi classificada por Jorge Gil como uma «opção consciente», uma vez que «A música anglo-saxónica já nada me dizia.», tendo sido feita quando estudava em arquitectura, «com as lições de Conjugação das Três Artes, de Manuel Rio de Carvalho».[1] Jorge Gil permaneceu ainda no programa como autor.[1] Em 1979 o Em Órbita mudou de emissora, passando a fazer parte da Rádio Comercial, tendo recuperado audiência devido aos esforços de Jorge Gil, tornando-se um dos programas de rádio com maior procura nos princípios dos anos oitenta.[1] Segundo o musicólogo Rui Vieira Nery, a popularidade do programa foi responsável por «uma procura crescente de gravações de música antiga no mercado discográfico nacional».[1]
Em 1985 o programa começou a ser utilizado para a divulgação de concertos.[1] Em 1993 Jorge Gil foi demitido da Rádio Comercial, alegadamente devido falta de capacidade do programa para se integrar numa nova grelha que aquela emissora tinha estreado.[2] Durante cerca de meio ano Jorge Gil regressou ao Rádio Clube Português, e em 3 de Abril de 1998 o programa estreou-se para a Antena 2,[2] tendo chegado a ser a rubrica com maior procura naquela emissora de rádio.[1] Entre 1997 e 2003, Jorge Gil esteve à frente dos Concertos Portugal Telecom / Em Órbita.[1] O programa terminou em 2001, e em 2015 a estação de rádio Antena 1 emitiu um programa comemorativo dos cinquenta anos da criação do Em Órbita, dirigido por José Macedo.[1] Jorge Gil faleceu em Agosto de 2019.[1]
Referências
- ↑ 1,00 1,01 1,02 1,03 1,04 1,05 1,06 1,07 1,08 1,09 1,10 1,11 1,12 1,13 1,14 1,15 1,16 1,17 CAETANO, Maria João (11 de Agosto de 2019). «Morreu Jorge Gil, o homem que nos pôs "Em Órbita"». Diário de Notícias. Consultado em 2 de Junho de 2021
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 ALMEIDA, Luís Pinheiro de (1 de Abril de 2000). «"Em Órbita" faz 35 anos». Público. Consultado em 2 de Junho de 2021