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Dinossauro Excelentíssimo

Dinossauro Excelentíssimo
Autor(es) José Cardoso Pires
Idioma língua portuguesa
País Portugal Portugal
Editora Arcádia
Lançamento 1972
Páginas 93
ISBN 972-20-1588-5
Cronologia
O Delfim
E agora, José?

Dinossauro Excelentíssimo é uma fábula satírica de José Cardoso Pires que retrata a vida de Salazar, a sua ditadura e o Portugal do Estado Novo num tom bastante irónico e amargurado. Carlos Reis designa a fábula de "relato violentamente satírico sobre a figura de Salazar" (verbete José Cardoso Pires, in Biblos, vol. 2, 213).

O livro foi editado pela primeira vez em 1972 pela Editora Arcádia, com ilustrações e capa de João Abel Manta. Embora datado de "Natal de 69 e Março de 71", o autor afirmou em entrevista a Artur Portela Filho tê-la escrito em 1970.[1] Nesta época José Cardoso Pires encontrava-se em Londres no King's College de Londres a leccionar Literatura Portuguesa e Brasileira. Mais tarde passou a estar incluído nas colectâneas de contos O Burro-em-Pé (1979) e A República dos Corvos (1988).

Na referida entrevista, José Cardoso Pires descreve as circunstâncias que permitiram a publicação do livro e lhe deram notoriedade: numa discussão na Assembleia Nacional sobre a liberdade de imprensa, um deputado ultrafascista, Casal Ribeiro, em discussão com Miller Guerra, quis demonstrar a existência de liberdade dando como exemplo a publicação de Dinossauro Excelentíssimo. Depois disso já não seria possível à censura retirar o livro das livrarias nem a PIDE poderia perseguir o seu autor.

Dinossauro Excelentíssimo insere-se na linha satírica de O Hissope, de António Dinis da Cruz e Silva, e Aventuras de João Sem Medo, de José Gomes Ferreira.

Resumo

O livro é a história "de certo Reino onde nos velhos outrora vivia um imperador astuto, diabo e ladrão" de quem "não se sabe se afinal ele era homem, se era estátua ou apenas descrição". O percurso deste imperador (origens, formação na "cidade dos Doutores") reproduz a biografia de Salazar (origem modesta, formação em Coimbra). O reino do Dinossauro é o Reino do Mexilhão, onde vivem os mexilhões, que tudo aguentam, governados pelos Dê-Erres, cujo domínio da palavra lhes deu o poder. Segue-se a descrição do governo do Dinossauro, da mentira como forma de governar e finalmente do seu acidente até a morte, retrato irónico dos últimos anos de Salazar quando, após sofrer a queda que o afastaria das suas funções políticas, julgava ainda governar em sessões ficcionadas do conselho de ministros.

Bibliografia

Referências

  1. Cardoso Pires por Cardoso Pires, entrevista conduzida por Artur Portela Filho, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1991.

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