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Difusionismo

Difusionismo é a teoria que trata do desenvolvimento de culturas e tecnologias, particularmente na história antiga. A teoria sustenta que uma determinada inovação foi iniciada numa cultura específica, para só então ser difundida de várias maneiras a partir desse ponto inicial.[1]

De acordo com o difusionismo, presume-se que uma inovação maior (como por exemplo, a invenção da roda) tenha sido criada num tempo e local particular para então ser passada para populações vizinhas através de imitação, negociação, conquista militar ou outras maneiras. Dessa forma, a inovação irradia lentamente de seu ponto de partida. A teoria pode ser aplicada a temas artísticos, crenças religiosas ou qualquer outro aspecto da cultura humana.

Esse método tem sido usado para investigar inovações, traçando rotas até presumidos pontos de partida, localizando assim sua origem em culturas distintas e mapeando a história de sua difusão.

Origem

O difusionismo era popular no início do século XIX. Havia dois centros principais da Teoria Difusionista, uma britânica e uma alemã. A escola Alemã foi conduzida pelo padre Wilhelm Schmidt e Fritz Graebner.[1].Acreditavam que traços culturais difundiam-se em círculos para outras regiões e pessoas através de centros culturais variados. Esses círculos culturais eram chamados de 'Kulturkreise'. Na versão britânica do Difusionismo existia apenas um centro cultural(difusão heliocêntrica), do qual todos os traços culturais eram difundidos. O centro cultural era o Egito Antigo. Os principais proponentes dessa teoria foram G. Elliot Smith e William J. Perry, ambos estudaram o Egito Antigo intensivamente, resultando na sua crença que o Egito era o único centro cultural. Ambos grupos afirmavam que povos que não possuíam traços que podiam ser considerados civilizados haviam degenerado e os perdido.

Esta teoria que trata do desenvolvimento de tecnologias e culturas sustenta que certas inovações provêm de uma cultura específica, para depois serem difundidas das mais diversas formas deste ponto inicial.

Imaginemos que a roda foi criada num tempo e local particular para, a partir daí, ser passada para povos vizinhos por imitação, conquista militar ou mesmo simples negociação, sendo assim difundida a outras culturas, mas mantendo sua origem. Da mesma forma poderia citar religiões, artes, engenharias e arquiteturas e outros aspectos da cultura humana. Existe no difusionismo uma dificuldade, certas vezes extrema, para provar que uma inovação teve um único ponto de partida, pois muitas criações e ideias podem ser descobertas ou evoluir independentemente. No entanto a difusão cultural é fato na história geral e talvez o melhor modelo para, arqueologicamente falando, associar e explicar.

No entanto a difusão cultural e tecnológica é fato indubitável tanto na história antiga como na moderna. A hipótese difusiva é frequentemente o melhor modelo para explicar e associar dados arqueológicos.

Alguns conceitos do difusionismo são importantes ainda hoje. O conceito de difusão explica como alguns traços culturais são adquiridos ou espalhados. O difusionismo ajuda a explicar a aculturação, mas não é capaz de explicar todos os aspectos culturais como os primeiros difusionistas acreditavam. Existem exemplos de culturas em contato próximo que não partilham muitos traços.

Difusionismo eurocêntrico

James Blaut considera o eurocentrismo um modelo teórico de interpretação e dominação de premissas difusionistas. Trata-se, portanto, de um ”difusionismo eurocêntrico”, definido por estruturas narrativas e teóricas que construíram uma legitimação colonial e uma trajetória da excepcionalidade da experiência histórica europeia.[2] Para entender o funcionamento desta categoria de análise teórica da História Universal, é preciso entender o que é difusionismo cultural. Este conceito, criado no séc. XIX pelas ciências antropológica e histórica, consiste em um processo técnico que ocorre a partir do compartilhamento ou entrada de uma ferramenta, sistema, acessório, entre outros, de uma comunidade para outra. O difusionismo é uma concepção antropológica na qual as teorias históricas são membros que a protegem e que justificam parte das mudanças culturais nos povos, europeus ou não. Com isso, afirma que, por ser algo tão intrínseco à prática cultural cotidiana, este difusionismo é transmitido inconscientemente, quase sempre imperceptível nas narrativas da disciplina de História.[2]

Para James Blaut, o eurocentrismo parte da premissa de técnicas desde a administração de um Estado ou companhia à simples produção de alimentos e confecção de roupas difundida entre os povos europeus, e que funcionaram na prática com muito sucesso, possibilitando-lhes êxito em suas conquistas coloniais, de comércio, navegação e além deste período renascentista, criando esta imagem interior nestes povos de excepcionalidade histórica, tornando-se o vetor que legitimava sua cultura e prática científica como especiais.[2]

Críticas

Todavia, o difusionismo é uma teoria problemática por várias razões. É difícil demonstrar que uma inovação teve um ponto de partida único. Muitas invenções e ideias culturais podem ter sido descobertas ou ter evoluído independentemente .

Adaptações a necessidades humanas e sociais podem facilmente tomar formas similares em diversas culturas, caso sejam a melhor solução possível para problemas similares. Por exemplo, pirâmides aparecem no Egito e na América Central. Apesar da tentativa dos difusionistas de provar o contrário, como faz Thor Heyerdahl, a evidência é que desenvolveram-se completamente separadas.

Referências

Bibliografia

Vasconcelos, Daniel (2021). «Para além do ensino da História Nacional: O eurocentrismo e suas interpretações teóricas». Revista Ars Historica (21): 98-99 

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