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Leonor Teles

Disambig grey.svg Nota: Para a realizadora portuguesa, veja Leonor Teles (cineasta). Para outros significados, veja Leonor, rainha de Portugal.

Predefinição:Info/Nobre Leonor Teles, cognominada a Aleivosa (Trás-os-Montes e Alto Douro, Predefinição:Ca.Tordesilhas, 27 de abril de 1386, ou 1390-1406[1]) foi rainha de Portugal entre 1372 e 1383, pelo seu casamento com Predefinição:Lknb. Foi regente de Portugal de 1383 a 1384.

Vida

Leonor era sobrinha de João Afonso Telo de Meneses, conde de Barcelos, descendia por seu pai Martim Afonso Telo de Meneses do rei Fruela II das Astúrias e Leão e, por sua mãe Aldonça Anes de Vasconcelos,[2] de Teresa Sanches, filha bastarda do rei Sancho I de Portugal.

Ainda muito jovem, Leonor casou-se com João Lourenço da Cunha, filho do morgado do Pombeiro, com quem teve um filho: Álvaro da Cunha. O casamento foi anulado, pois o rei Fernando quis casar com ela, rompendo o noivado que tinha com a filha do rei de Castela, também ela de nome Leonor.

Leonor Teles foi a primeira rainha nascida em Portugal. Foi regente por alguns meses e foi afastada depois duma revolta.

Rainha

Estátua de Predefinição:Lknb e Leonor Teles em Leça do Balio

Conta-se que, numa altura em que visitou a irmã Maria Teles, aia da infanta Beatriz, o rei Predefinição:Lknb ficou loucamente apaixonado por Leonor — que Fernão Lopes descreveu como sendo "louçana e aposta e de bom corpo (...), com suas fremosas feiçõoes e graça", querendo-a tomar por amante. Leonor resistiu e o rei ficou sabendo que só a teria por via de casamento. Alegando-se uma remota consanguinidade, foi obtida a anulação do primeiro casamento de Leonor Teles e preparado o casamento com o rei. Isto motivou uma enorme reprovação popular, a revolta foi reprimida e manchou negativamente a imagem da rainha.[3]

O casamento público com o rei ocorreu no Mosteiro de Leça do Balio, em 15 de maio de 1372, havendo notícia de que teria sido precedido por um outro, este secreto, ainda em 1371. Leça do Balio era pertença da Ordem do Hospital, o prior era Álvaro Gonçalves Pereira, pai de Nuno Álvares Pereira.[4] Em fevereiro de 1373, nascia a infanta Beatriz. Nesse mesmo ano, na altura da segunda guerra fernandina, a rainha armou por sua vontade Nuno Álvares cavaleiro, ficando o jovem, com cerca de treze anos, escudeiro da rainha.

Temendo o prestígio do infante D. João, que se casara com sua irmã Maria Teles de Menezes,[5] Leonor concebeu o plano de casar o infante com sua filha Beatriz. Mas para isso era preciso eliminar Maria Teles de Menezes, sua própria irmã, acção por que terá sido responsável, ao insinuar que esta seria adúltera. João, enfurecido, matou a mulher, e apresentou-se como viúvo disponível à cunhada, que logo o acusou de homicídio, tendo sido preso e exilado pelo crime cometido, afastando assim um temível rival ao trono. Seguindo a mesma linha, em 1382, mandou prender em Évora, outro cunhado: João, mestre de Avis e com ordem de execução. Valeu a João a ajuda do conde de Cambridge e foi solto.[6]

As rainhas de Portugal contaram, desde muito cedo, com os rendimentos de bens, adquiridos, na sua grande maioria, por doação. Leonor Teles, através de doação de Fernando, recebeu Vila Viçosa, Abrantes, Almada, Sintra, Torres Vedras, Alenquer, Atouguia, Óbidos, Aveiro, bem como os reguengos de Sacavém, Frielas, Unhos e a terra de Melres, em Ribadouro. Trocou Vila Viçosa por Vila Real em 1374 e adquiriu Pinhel em 1376.[7]

Em 1382 terminou a última guerra fernandina. No ano seguinte é assinado o tratado de Salvaterra de Magos que estipula as condições de paz e quem seria o próximo rei.

Crise de 1383–1385

Ver artigo principal: Crise dinástica de 1383–1385

Com a morte de Fernando em 22 de outubro de 1383, Leonor assumiu a regência do reino e o seu amante, João Fernandes Andeiro, passou a exercer uma influência decisiva na corte.[8] Esta ligação e influência desagradavam manifestamente ao povo e à burguesia e a alguma nobreza que odiavam a regente e temiam ser governados por um soberano castelhano.

D. João, mestre de Avis, apoiado por um grupo de conspiradores, entre os quais o jovem Nuno Álvares Pereira, que terá tido a ideia original, e Álvaro Pais, foi incentivado pelo descontentamento geral a assassinar o conde Andeiro.[8] A acção ocorreu no paço, a 6 de dezembro de 1383 e iniciou o processo de obtenção da regência em nome do infante João, mas este foi preso pelo rei de Castela.[9]

Leonor abandonou Lisboa, fiel ao mestre de Avis, e refugiou-se em Alenquer e depois em Santarém, cidades fiéis à causa da rainha, onde tentou manobrar politicamente a sua continuidade no poder. Álvaro Pais propôs à rainha casar com o mestre de Avis, mas ela recusou.[8][9] Com o desenvolver do conflito entre o mestre de Avis e o rei castelhano, a regente perdeu espaço de manobra e acabou por ser constrangida a abdicar da regência a favor de João I de Castela e de Beatriz, sua filha, a esposa do rei castelhano.

Com a vitória do partido do mestre de Avis na guerra civil e contra Castela, este tornou-se regente e depois rei. O rei João I de Castela, genro de Leonor, logo em 1384, pouco depois dela ter renunciado à regência, havia-a internado no Mosteiro de Tordesilhas, perto de Valladolid, onde, segundo alguns historiadores, faleceu em 1386. No entanto, referências do cronista castelhano López de Ayala, seu contemporâneo, dão-na como viva em 1390 ou até 1406.[1]

Descendência

Do seu primeiro casamento com João Lourenço da Cunha, filho do morgado do Pombeiro, nasceu:

Depois de anulado o primeiro matrimónio por motivos de consanguinidade, a 15 de Maio de 1372 casou-se em segundas núpcias com o rei D. Fernando I de Portugal. Desta união nasceram:

  • Beatriz de Portugal (1373), pretendente ao trono do pai, rainha consorte de Castela, casada com o rei D. João I de Castela;
  • Afonso (1382), que morreu quatro dias após o nascimento;
  • Pedro (1383), que morreu horas após o nascimento.

Títulos e estilos

A rainha usou os seguintes títulos:

  • 1371 — 1383: Dona Leonor, pela graça de Santa Maria, Rainha de Portugal e do Algarve;[10]
  • 1383 — 1384: Dona Leonor, pela graça de Deus, Rainha, Governadora e Regente dos reinos de Portugal e do Algarve.[11]

Na literatura

  • Fernão Lopes, cronista do reino de Duarte I, faz um exaustivo retrato de Leonor na Crónica de el-rei D. Fernando e na primeira parte da Crónica de El-Rei D. João I de Boa Memória.
  • O romance histórico, em versão novela, de Alexandre Herculano, Aras por Foro de Espanha - parte da sua famosa colecção Lendas e Narrativas.
  • O romance Rosa Brava de José Manuel Saraiva é baseado na vida de Leonor Teles[12].
  • O romance Eu, Leonor Teles de Maria Pilar Queralt del Hierro.
  • O romance Dona Leonor Teles de Heloísa Maranhão, escritora brasileira, conta como uma brasileira do século XX alucina que é a rainha e passa a viver a vida de Leonor.
  • A peça D. Leonor, Rainha Maravilhosamente, de Alice Sampaio.
  • O romance Leonor Teles ou o Canto da Salamandra de Seomara da Veiga Ferreira.
  • O romance Vida Ignorada de Leonor Teles de António Cândido Franco.
  • O romance " Padeira de Aljubarrota" de Maria João Lopo de Carvalho.

Referências

  1. 1,0 1,1 CAMPOS, ISABEL MARIA GARCIA DE PINA N. BALEIRAS S. (2008), Leonor Teles, uma Mulher de Poder?, p. 226
  2. CAMPOS, ISABEL MARIA GARCIA DE PINA N. BALEIRAS S. (2008), Leonor Teles, uma Mulher de Poder?. p. 20
  3. Saraiva, (1993). História de Portugal. p. 123
  4. CAMPOS, ISABEL MARIA GARCIA DE PINA N. BALEIRAS S. (2008), Leonor Teles, uma Mulher de Poder?. p. 24
  5. CAMPOS, ISABEL MARIA GARCIA DE PINA N. BALEIRAS S. (2008), Leonor Teles, uma Mulher de Poder?, p. 21
  6. Mattoso, (1993). História de Portugal — A Monarquia Feudal. p. 496
  7. CAMPOS, ISABEL MARIA GARCIA DE PINA N. BALEIRAS S. (2008), Leonor Teles, uma Mulher de Poder?, pp. 50-54
  8. 8,0 8,1 8,2 FERNÃO LOPES, Crónica de El-Rei D. João I de Boa Memória
  9. 9,0 9,1 Mattoso, (1993). História de Portugal — A Monarquia Feudal. p. 494
  10. Lopes, Fernão. «Crónica de D. João I». Consultado em 22 de Janeiro de 2016 
  11. CAMPOS, ISABEL MARIA GARCIA DE PINA N. BALEIRAS S. (2008), Leonor Teles, uma Mulher de Poder?, p. 169
  12. Rosa Brava, por José Manuel Saraiva, Oficina do Livro

Bibliografia

Predefinição:InícioRef

  • FERNÃO LOPES, Crónica de El-Rei D. João I de Boa Memória.
  • ALEXANDRE HERCULANO, Lendas e narrativas, tomo I
  • ANTÓNIO SÉRGIO, tomo VI; Marcelino Mesquita, D. Leonor Teles, drama, em verso, em 5 actosEnsaios,
  • MAURÍCIA DE FIGUEIREDO, (1914). Leonor Teles
  • ANTERO DE FIGUEIREDO, (1916). Leonor Teles Flor de Altura
  • JOAQUIM DE OLIVEIRA, (1965). Rainha D. Leonor, Figura Enigmática de Mulher (Sep. da rev. Ocidente, Lisboa.
  • FERREIRA ALVES, (1972). Dois Caluniados (D. Fernando I e D. Leonor Teles)
  • ALICE SAMPAIO (1968), D.Leonor, Rainha Maravilhosamente, peça representada no Teatro de São Luís, em Lisboa, em 1979
  • Maria Pilar QUERALT DEL HIERRO. Eu, Leonor Teles
  • HELOÍSA MARANHÃO, Dona Leonor Teles
  • JOSÉ MANUEL SARAIVA; 2005, Rosa Brava
  • CAMPOS, ISABEL MARIA GARCIA DE PINA N. BALEIRAS S. (2008), Leonor Teles, uma Mulher de Poder?, Tese de Mestrado, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
  • José Saraiva, (1993). História de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América
  • José Mattoso, (1993). História de Portugal — A Monarquia Feudal. Círculo de Leitores.

Ligações externas

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