O termo arquitectónico coro, originário do grego choros, referente inicialmente ao espaço reservado a dançarinos e cantores na Grécia antiga, designa uma área do templo cristão, nomeadamente presente em igrejas e catedrais.
Esta zona, onde se encontra o altar-mor, situa-se geralmente a Este na igreja entre a nave (ou transepto caso possua um) e a ábside e é reservada ao clero que se ocupa do canto litúrgico. Este espaço pode ainda ser ladeado por uma ala processional, o deambulatório, de onde os fiéis podem ter acesso visual ao altar ou a alguma cripta.
Divisão espacial
Nas primeiras igrejas do cristianismo o santuário ocupa a ábside e interliga-se directamente com a nave, não existindo ainda aqui o coro como espaço estrutural propositado. Nas basílicas do século IV, onde passa a existir um transepto, o santuário está a Este deste e é separado dele por divisórias baixas, cancelas, geralmente em mármore e ornadas de padrões decorativos onde são representados pavões, leões e outros animais.
Só a partir do tempo de Constantino se passa a usar a designação coro e com os estilos românico e gótico faz-se a interligação com um deambulatório através de colunas e arcos e consequentemente com as capelas radiantes (ou ábsides secundárias). É durante esta altura da Idade Média que se torna comum a utilização das paredes de divisão do coro da área dos fiéis, com dois a três metros de altura, construídas em madeira ou pedra e decoradas com escultura e, raramente, com pintura.
Nas igrejas cristãs do oriente e igrejas ortodoxas este painel de separação, onde proliferam símbolos religiosos, é designado de Iconostase e apresenta três entradas para a área do coro: a porta da esquerda de comunicação com a zona de preparação da liturgia; a porta central de acesso directo ao altar; a porta da direita do diácono.
Com o advento do Renascimento extingue-se o espaço do coro e as divisórias passam a baixos gradeamentos, assumindo a zona do altar uma maior proximidade ao fiél.
Mais tarde, já durante o barroco, as cancelas do coro vão-se transformar em pesadas vedações extremamente trabalhadas.
Cadeiral
Geralmente de formação rectangular, o coro apresenta à direita e à esquerda o cadeiral, grupos de cadeiras onde o clero toma lugar durante o serviço religioso.
Geralmente composto por duas fileiras em cada lado, o cadeiral apresenta uma elevação dos espaldares das cadeiras da fila posterior que vai compor as paredes laterais do coro. Inicialmente estas cadeiras eram amovíveis, mas com o tempo tornam-se parte integrante e fixa da arquitectura, em que cada assento pode apresentar apoios para os braços e uma divisória para os assentos contíguos.
O assento também pode ser recolhido de modo a permitir a permanência de joelhos ou em pé. A extremidade esculpida do assento, quando recolhido verticalmente, oferece ao clérigo a possibilidade de repouso em caso de longas permanências de pé. Este elemento, designado de misericórdia, é decorado, especialmente durante a Idade Média, com baixo-relevos de cenas do quotidiano, máscaras grotescas, animais fantásticos, folhagens e cenas humorísticas. No período gótico a mestria do trabalho do carpinteiro dá lugar a braços extremamente trabalhados e espaldares de filigrana complexa, podendo ser coroados por gabletes ou em forma de tabernáculo assente em colunelos e encimado por pináculos.
Variantes
Assumindo uma relativa elasticidade com o espaço e os outros elementos arquitectónicos da igreja, o coro pode ser caracterizado segundo diversas tipologias:
- mais estreito que a nave;
- ocupando os dois últimos tramos da nave (Espanha);
- apresentando coros adjacentes de menores dimensões (coro beneditino);
- com deambulatório e capelas radiantes (típico do românico e gótico);
- em sistema tripartido, com ábsides a rematar os extremos dos braços do transepto como no coro;
- em sistema de coro duplo, onde a igreja possui também um coro na exremidade a Ocidente (presente no época carolíngia, românico alemão);
- elevado em dois, três ou mais degraus sobre criptas (norte da Alemanha);
- com torre sobre a área do coro (sul da Alemanha e Escandinávia).
Ligações externas
- «Glossário de arquitectura». -ver choir e representação gráfica, em inglês