Companhia Arquitetônica de Vila Isabel

A Companhia Arquitetônica de Vila Isabel foi uma empresa de urbanismo Brasileira, do final do Brasil Império.

História

Antecedentes

O estabelecimento da Companhia está ligado à história do bairro de Vila Isabel, na cidade do Rio de Janeiro quando, em 1871, João Batista Viana Drummond, futuro barão de Drummond, um empresário progressista, solicitou o privilégio de promover a ligação das terras da "Imperial Quinta do Macaco", de propriedade da Imperatriz D. Amélia, ao centro da cidade, por meio de uma linha de ferro-carril.

Em 3 de Janeiro de 1872, data que é considerada oficial da fundação do bairro de Vila Isabel, Drummond adquiriu as terras da Quinta por 120 contos de réis. Pouco depois, a 17 de Maio desse ano, a primeira planta do novo bairro foi aprovada. Contava com treze logradouros e uma via principal com 2,5 quilômetros de extensão, o Boulevard 28 de Setembro, que substituía a antiga estrada dos Macacos, entre a rua de São Francisco Xavier e a praça 7 de Março (atual Praça Barão de Drumond).

Abolicionista convicto, e amigo de figuras de destaque que compartilhavam os seus ideais, Drummond aproveitou para homenagear a Princesa Isabel no nome do novo bairro (Vila Isabel), assim como datas e personalidades ligadas ao tema, nos nomes das ruas e praças, como por exemplo:

• Boulevard 28 de Setembro (antiga estrada do Macaco), a principal via, homenagem à data em que a Lei do Ventre Livre foi sancionada (28 de Setembro de 1871.
• Rua Barão do Bom Retiro, antiga estrada do Cabuçu, paralela à primeira.
• Praça 7 de Março (a partir de 1909, rebatizada como praça Barão de Drummond), a principal praça, em homenagem à data da instalação do gabinete do visconde do Rio Branco (7 de Março de 1871), responsável pela elaboração da lei do Ventre Livre.
• Rua Teodoro da Silva, em homenagem a Antônio Teodoro da Silva, futuro barão do Alto Muriaé, que assinou a Lei com a Princesa Isabel.

A Companhia Ferro-Carril da Vila Isabel estava para ser inaugurada, mas necessitava oferecer a garantia de uma área própria para guardar os seus bondes e os animiais que os tracionavam. Para esse fim, Drumond cedeu um terreno com cerca de 270 metros de testada no Boulevard 28 de Setembro, em troca de seiscentas ações da Companhia. Essa área é, atualmente, a garagem desativada da Companhia de Transportes Coletivos do Estado do Rio de Janeiro (CTC/RJ) e hoje nela está situada a quadra do GRES Unidos de Vila Isabel

Em 1873 era inaugurada a primeira linha de bondes da Companhia Ferro-Carril de Vila Isabel, ligando o bairro de Vila Isabel ao do Andaraí.

A Companhia Arquitetônica de Vila Isabel

A Companhia foi fundada em 22 de Outubro de 1873 por Drummond e o arquiteto Zeferino de Oliveira e Silva, barão de Santa Isabel, que lhe transferiram os seus direitos de propriedade, a fim de possibilitar a urbanização da área. A sua finalidade era a de lotear e construir o bairro planejado de Vila Isabel, que entretanto fora decidido inspirar-se nas linhas modernas do urbanismo dos bairros de Paris. Para esse fim, foi contratado como arquiteto Francisco Joaquim Béthencourt da Silva, discípulo de Grandjean de Montigny e então diretor do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. O seu projeto previa o alargamento e retificação dos caminhos então existentes e contava com toda a infra-estrutura urbana disponível na época, vindo a receber, inclusive, as novidades de um larga avenida arborizada como eixo principal (um "boulevard"), de um prado para corridas de cavalos e de um Jardim Zoológico, inaugurado em 6 de janeiro de 1888, acredita-se que também inspirado no seu congênere Parisiense.

Finalmente, em 1874 ocorreu o primeiro leilão de lotes do novo bairro, tendo os compradores sido atraídos pelo seu traçado regular e pelas facilidades trazidas pelos bondes de tração animal.

A Ferro-Carril de Vila Isabel inaugurou, em 1875, a linha ligando o bairro ao Centro.