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Coelho-europeu

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCoelho-europeu
Oryctolagus cuniculus Rcdo.jpg
Estado de conservação
Espécie em perigo
Em perigo Predefinição:Cat-artigo [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Lagomorpha
Família: Leporidae
Género: Oryctolagus
Espécie: O. cuniculus
Nome binomial
Oryctolagus cuniculus
(Linnaeus , 1758)
Distribuição geográfica
Mapa de distribuição do coelho-europeu.   nativo   introduzido
Mapa de distribuição do coelho-europeu.
  nativo
  introduzido

O coelho-europeu, também chamado de coelho-bravo, apresenta um comprimento médio de cerca de 40 cm, e o peso total do adulto varia entre 1000 g e 1200 g. Trata-se de uma espécie sem dimorfismo sexual, sendo a fêmea ligeiramente maior e mais pesada que o macho.[2][3]

As orelhas medem cerca de 7 cm, as patas traseiras são longas e podem atingir os 9 cm. A cauda é em forma de tufo e as unhas são grandes e afiadas.

Ecologia e comportamento

O seu habitat preferencial são as áreas mistas, do tipo mosaico com abrigo, como é o caso dos bosques e matos temperados, e zonas mais abertas, como pastagens e terrenos agrícolas.[4]

São animais geralmente nocturnos, restringindo a sua actividade durante o dia perto da toca ou em áreas de denso arvoredo, de modo a evitar os predadores.[5] Assim, preferencialmente os períodos de alimentação e deslocação são feitos durante a noite, uma vez que a sua visão está adaptada à fraca luminosidade.[2]

Como se trata de espécie-chave, o coelho-bravo está em diferentes cadeias alimentares, destacando predadores ibéricos com estatuto de espécie rara ou em perigo de extinção, como aves de rapina nidificantes e mamíferos carnívoros.[6] Os coelhos-bravos vivem em colónias, organizando-se em numerosas tocas comunitárias, que por sua vez, estão ligadas entre si por extensas galerias com várias entradas e saídas. Vivem em 5 grupos familiares de 2 a 7 indivíduos apresentando uma hierarquia social rígida com um macho e fêmea dominantes.[3]

O coelho-bravo é herbívoro, não apresentando grande selectividade de escolha, pois adapta-se aos recursos disponíveis, estado de desenvolvimento e valor nutricional das plantas.[7][8]

A sua dieta é composta por gramíneas, plantas lenhosas e plantas herbáceas.[9]

A variedade de espécies consumidas é maior na Primavera do que nas restantes estações do ano. Nas estações frias, a espécie inclui na dieta alimentos como raízes e caules.[10]

No que diz respeito à competição intra-específica, o principal factor envolvido é o alimento, estando o coelho-bravo sujeito a uma elevada taxa de mortalidade.[3] Para compensar, esta espécie reproduz-se com uma alta taxa de sucesso.

Factores de ameaça

As áreas favoráveis à ocorrência da espécie são frequentemente usadas para a agricultura e pastorícia. Assim, o seu habitat preferencial é muitas vezes parcial ou totalmente destruído por pastorício excessivo, queima de terrenos e criação de pastagens.[11]

Também a construção de vias de comunicação e limpeza de matos tem levado ao desaparecimento de algumas colónias.

Do ponto de vista cinegético, é a espécie de caça menor mais procurada pelos caçadores, levando ao aumento do número de animais abatidos. Adicionalmente a modernização da caça tradicional, o abate furtivo da espécie e a caça ilegal ameaçam cada vez mais a subsistência das populações de coelho-bravo.[5]

A espécie tem sido também sujeita a graves doenças nomeadamente epizootias, mixomatose e DHV, para as quais ainda não se encontrou solução para evitar a sua propagação.[11] Existe uma grande diferença entre a abundância de populações, pois diferem de local para local, dependendo de vários factores como a predação, caça, alimentação e doenças.[3][12]

Em Portugal Continental, desde 2016 e devido à mixomatose e DHV, o estado de conservação do Oryctolagus cuniculus algirus é claramente "Vulnerável" (VU).

Factores de conservação

Predefinição:Maplink [13] O coelho-bravo encontra-se protegido em grande parte da Europa, Austrália e em algumas áreas da América do Sul, estando classificada como espécie quase ameaçada (NT) na Lista Vermelha da IUCN.[14]

De todos os factores de ameaça, a perda de habitat é a principal causa pela diminuição do número numa população.[15] De forma a contrariar o desaparecimento da espécie, a recuperação e optimização do habitat é uma importante medida a ser tomada, passando pela criação de refúgios, onde haja recursos (água e alimentos) disponíveis.[16]

Para a sua recuperação na Península Ibérica estão a ser aplicadas várias medidas, como a reintrodução de animais, a vigilância de populações, a gestão de habitat e a gestão da pressão cinegética.[12][17]

Só é legalmente permitido capturar, criar e reproduzir em cativeiro e realizar repovoamentos com indivíduos da subespécie Oryctolagus cuniculus algirus, identificada como a que ocorre em Portugal. Assim, a subespécie é assegurada, reduzindo a probabilidade de hibridação.[11]

Importância cultural e económica

Coelho-europeu preto.

O coelho-bravo pertence à lista de espécies cinegéticas de caça menor segundo o decreto-Lei nº 202/2004 de 18-08-2004. É uma das espécies cinegéticas de pêlo com grande importância e bastante apreciada pelos caçadores portugueses, usado para alimentação ou venda. Classificada como uma espécie quase ameaçada, a caça ao coelho-bravo é proibida em Portugal durante longos períodos do ano, permitido apenas após publicação do mesmo no Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

O Coelho na cultura

O coelho é um animal presente na cultura popular como símbolo de fertilidade associado à Páscoa. Entre as outras manifestações culturais do animal:

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Referências

  1. Predefinição:Citar IUCN
  2. 2,0 2,1 Blanco, J., 1998. Mamíferos de España II. Cetáceos, Artiodáctilos y Roedores.
  3. 3,0 3,1 3,2 3,3 Villafuerte, R., Calvete, C., 1994. First epizootic of rabbit hemorrhagic disease in free living populations of Oryctolagus cuniculus at Doñana National Park, Spain. … Wildl. Dis.
  4. Cabral, M., Almeida, J., Almeida, P., 2005. Livro vermelho dos vertebrados de Portugal
  5. 5,0 5,1 Aguado, E., 2003. Factores que afectan a la distribución y abundancia del conejo en Andalucía.
  6. Soriguer, R., 1981. Biología y dinámica de una población de conejos (Oryctolagus cuniculus, L.) en Andalucía Occidental.
  7. Carvalho, J., Gomes, P., 2004. Influence of herbaceous cover, shelter and land cover structure on wild rabbit abundance in NW Portugal. Acta Theriol. (Warsz).
  8. Chapuis, J., Gaudin, J., Taran, E., Ebner, Ü., 1995. Utilisation des ressources trophiques par le lapin de garenne (Oryctolagus cuniculus) en garrigue sèche aménagée. Gibier faune Sauvag.
  9. Alves, P., Branco, M., Matias, O., Ferrand, N., 2000. New genetic variation in European hares, Lepus granatensis and L. europaeus. Biochem. Genet.
  10. Cooke, B., 1982. A Shortage of Water in Natural Pastures as a Factor Limiting a Population of Rabbits, Oryctolagus cuniculus (L.), in Arid. North-Eastern South Australia. Wildl. Res.
  11. 11,0 11,1 11,2 Cabral, M., Almeida, J., Almeida, P., 2005. Livro vermelho dos vertebrados de Portugal.
  12. 12,0 12,1 Morgado, R., 2008. Avaliação do impacto de métodos florestais e de seca severa na população de coelho-bravo na mata nacional de Quiaios.
  13. Joana Bencatel, Helena Sabino-Marques, Francisco Álvares, André E. Moura & A. Márcia Barbosa (eds.). Atlas de Mamíferos de Portugal – uma recolha do conhecimento disponível sobre a distribuição dos mamíferos no nosso país (em português). [S.l.: s.n.] ISBN 978-989-8550-80-4. Consultado em 4 de junho de 2020 
  14. Smith, A.T. & Boyer, A.F. 2008. Oryctolagus cuniculus. In: IUCN 2013. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2013.2.
  15. Lopes, A., 2012. Estudo da dieta do coelho-bravo e lebre-Ibérica em Trás-os-Montes: Influência da alimentação na estratégia reprodutora.
  16. Paula, A., 2007. Monitorização do coelho-bravo na Reserva Natural da Serra da Malcata: 1998-2007.
  17. Santos, J., 2009. Avaliação do sucesso de medidas de gestão de habitat na recuperação de populações de coelho-bravo e perdiz-vermelha, no vale do Rio Sabor.
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