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Centro de Instrução de Guerra na Selva

Predefinição:Info/Unidade Militar

O Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), com a designação histórica Centro Coronel Jorge Teixeira, é uma organização militar do Exército Brasileiro sediada na cidade de Manaus destinada a qualificar militares líderes de pequenas frações como guerreiros da selva, combatentes aptos a cumprir missões de natureza militar nas áreas mais inóspitas da Floresta Amazônica brasileira, bem como em ambientes da mesma natureza. Sua designação histórica é uma homenagem ao precursor do Centro, que se tornaria seu primeiro comandante, mais conhecido como "Teixeirão".[1]

São ministrados Cursos de Operações na Selva, em sete categorias diferentes, além de estágios destinados a militares e também para instituições civis. Seu símbolo é a onça-pintada.

Para o melhor desenvolvimento dos trabalhos, o CIGS está estruturado em Divisão de Ensino, Divisão de Doutrina, Divisão de Pesquisa, Divisão de Alunos e Divisão Administrativa.

Histórico

Combatentes de Selva do 2º Pelotão Especial de Fronteira - Ipiranga

Com o Decreto Presidencial 53.649, de 2 de março de 1964, foi criado o Centro de Instrução de Guerra na Selva, subordinado ao Grupamento de Elementos de Fronteira.[2]

Naquela época, o Exército ressentia-se da falta de uma unidade capaz de especializar militares no combate na selva e de constituir polo irradiador de doutrina de emprego de tropa nesse complexo ambiente operacional amazônico. Tais fatores, sem dúvida, inspiraram a criação do CIGS, que veio preencher uma lacuna existente no Exército que ainda ocupava de maneira muito modesta essa parte do território nacional de inestimável valor estratégico.

A primeira equipe de instrução era comandada pelo Major Jorge Teixeira, também conhecido como "Teixeirão".

Em 10 de outubro de 1966 foi iniciado o primeiro Curso de Guerra na Selva e a primeira turma se graduou no dia 19 de novembro de 1966, em solenidade realizada no atual estádio do Colégio Militar de Manaus.

A necessidade sentida pela Força de alterar o perfil dos militares aqui especializados levou a estudos que culminaram por ampliar e alterar a vocação do CIGS, que passou, no período de 1970 a 1978, a designar-se Centro de Operações na Selva e Ações de Comandos - COSAC.

Em 11 de janeiro de 1978, houve uma nova alteração na estrutura de ensino e a Unidade retornou a sua antiga denominação - CIGS -, ficando a condução do Curso de Ação de Comandos exclusivamente sob a responsabilidade da Brigada Paraquedista, no Rio de Janeiro.

Em 17 de dezembro de 1999, recebeu a denominação histórica "Centro Coronel Jorge Teixeira", em homenagem ao seu primeiro comandante.

Missão

A missão do CIGS, em seu Regulamento (R-16), é a de especializar oficiais, subtenentes e sargentos para o combate na selva. Essa missão é levada a efeito na condução dos vários Cursos de Operações na Selva (COS).

Cursos

O CIGS oferece atualmente dois tipos de categorias de cursos (COS "B" e "C"), realizados durante o ano de instrução com variações no efetivo e quantidade de cursos oferecidos de acordo com as necessidades do Comando Militar da Amazônia. Os tipos existentes/que já existiram são:

- COS Categoria “A” - Duração aproximada de seis semanas; voltado para oficiais superiores do Comando Militar da Amazônia (CMA) e oficiais superiores designados para a função de comando de Organização Militar na área do CMA.

- COS Categoria “B” - Duração de dez semanas; voltado para capitães e tenentes das Armas/Quadros/Serviços do Comando Militar da Amazônia, da Marinha, da Força Aérea e Nações Amigas.

- COS Categoria “C” - Duração de dez semanas; para segundos e terceiros sargentos das Armas/Quadros/Serviços, exceto o Serviço de Saúde, do Comando Militar da Amazônia, da Marinha, da Força Aérea e Nações Amigas.

Houve uma reestruturação dos cursos oferecidos sendo suprimidos alguns e os candidatos distribuidos nos cursos já citados anteriormente:

- COS Categoria “D” - Duração aproximada de seis semanas; voltado para subtenentes e primeiro sargentos das Armas/Quadros/Serviços, exceto o Serviço de Saúde, do Comando Militar da Amazônia, da Marinha, da Força Aérea e Nações Amigas.

- COS Categoria “E” - Duração aproximada de seis semanas; voltado para oficiais do Serviço de Saúde do Comando Militar da Amazônia, da Marinha e da Força Aérea.

- COS Categoria “F” - Duração aproximada de seis semanas; voltado para subtenentes e sargentos do Serviço de Saúde do Comando Militar da Amazônia, da Marinha e da Força Aérea.

- COS Categoria “G” - Duração de dez semanas; voltado para cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras das Armas/Quadros/Serviços.

Os estágios oferecidos pelo CIGS destinam-se a:

- Estágio de Vida na Selva e Operações - Militares do Exército, demais Forças Armadas e instituições policiais;

- Estágio de Vida na Selva - Órgãos civis cujos conhecimentos básicos de vida na selva são imprescindíveis para o desenvolvimento de suas atividades (INPA, Petrobras, IBAMA, Universidade Federal do Amazonas, entre outros).

Recentemente, o CIGS também tem realizado estágios no exterior por solicitação de nações amigas. Foram realizados estágios no Senegal e na República Popular da China, sendo deslocada uma equipe de instrução para aqueles países.

Para executar as atividades de instrução, o CIGS conta com as seguintes Bases de Instrução (BI):

- BI 1 – Marechal Rondon

- BI 2 – Plácido de Castro

- BI 3 – Lobo D’Almada

- BI 4 – Pedro Teixeira

- BI 5 – Ajuricaba

- BI 6 – Felipe Camarão

- BI 7 – Jatuarana

A missão de realizar pesquisas e experimentação doutrinária sobre material de emprego militar e outras áreas de interesse é desempenhada pela Divisão de Doutrina e Pesquisa (DDP) do CIGS. Isso já resultou em diversas modificações no Exército Brasileiro, como a atual camuflagem padrão, que foi desenvolvida pelo CIGS, visando o ambiente de selva. Uma das atribuições da DDP é avaliar e sugerir aperfeiçoamento de armamento para emprego em operações na selva.

O lema dos militares do CIGS é o que “a selva não pertence ao mais forte, mas ao sóbrio, habilidoso e resistente”, assim, o CIGS tem sido nos últimos anos um dos mais importantes atores no desenvolvimento da chamada “Estratégia de Resistência” do Exército Brasileiro, para a eventualidade de um confronto militar entre nossas forças e a forças com poderio militar superior.

Diversas armas, táticas e equipamentos vêm sendo exaustivamente testados, modificados ou aperfeiçoados pelo EB nos últimos anos para o emprego em operações em ambiente operacional de selva. Muitos são aprovados e muitos são recusados. A constatação de que receptores GPS não funcionam adequadamente sob a densa cobertura vegetal da floresta, por exemplo, fez com que o Exército restringisse seu uso somente à instrução e a casos nos quais a determinação de coordenadas precisas é imprescindível, como numa evacuação aeromédica. Nesta situação o militar com o receptor é obrigado a se deslocar até uma clareira ou até a margem de um rio para usar o equipamento. No dia a dia das operações na selva, o que se usa são as tradicionais cartas e bússolas. Forças excessivamente dependentes de recursos tecnológicos como o GPS poderiam ficar em sérios apuros na Amazônia.

No que se refere ao armamento individual do combatente de selva, o EB tem ao mesmo tempo o problema e a solução. Fuzis de assalto de diversos tipos foram e são avaliados, incluindo o fuzil alemão Heckler & Koch HK33 e o norte-americano Colt M16A2, ambos no calibre 5,56 mm, e o tradicional FAL do Exército Brasileiro, no calibre 7,62 mm. O fuzil padrão das tropas de selva brasileiras é o Pára-FAL, a versão com coronha rebatível, usada também pelas tropas paraquedistas brasileiras e outras unidades. O Pára-FAL tem se mostrado a arma ideal para emprego na selva por suas características de peso, rusticidade e simplicidade de manuseio. Por outro lado, sua substituição no futuro será, certamente, um sério problema para o Exército. O calibre 5,56 mm, usado na maior parte dos modernos fuzis de assalto, é considerado inadequado para o combate em selva devido ao pequeno peso do projétil e à sua tendência de assumir uma trajetória instável ao colidir com pequenos obstáculos, como folhas e galhos de árvores. Isso acaba retirando do projétil muita energia e, consequentemente, o poder de parada (stopping power).

Uma das preocupações do CIGS era resolver a questão do transporte de armas, munição, água, rações e outros equipamentos por frações de tropa empenhadas na guerra de selva. Assim, na busca de um meio de transporte eficiente e de baixo custo para o ressuprimento nas operações na selva, tentou-se a utilização de animais de carga ou que pudessem ser adestrados para esse fim. Durante o Comando do Cel Gélio Fregapani, foi testada a utilização de uma anta, criada desde cedo no zoológico do Centro; a experiência infelizmente não obteve sucesso, já que o animal selvagem jamais aceitou transportar qualquer carga em suas costas.

Outra tentativa, também frustrada, mas que começou a demonstrar a validade do conceito da utilização de animais, foi executada a partir de 1983 com a utilização de muares. Estes, apesar de historicamente já haverem sido bastante utilizados, não só pela população civil como em operações militares, infelizmente não se adaptaram à Amazônia, sendo que o principal problema verificado foi de natureza veterinária. O animal teve sérios problemas com apodrecimento de cascos e doenças de natureza epidérmica.

Com a continuidade dos estudos chegou-se finalmente ao búfalo, pelo menos quatro raças do animal já são criadas com sucesso na Amazônia, rústico e com diversas características que foram ao encontro das necessidades militares para o emprego de animais.

O chamado Projeto Búfalo nasceu em 2000, e tem demonstrado ser uma das soluções para as necessidades das tropas de selva brasileiras, devido à resistência do animal, sua adaptação ao ambiente e, principalmente, à sua capacidade de transportar cerca de 400 kg de carga atrelada ao corpo ou até três vezes esse número quando tracionando carroças.

Símbolos

Distintivo de Organização Militar

Desde sua criação o CIGS teve 3 distintivos diferentes. O primeiro, tinha a forma de um escudo peninsular português, chefe de vermelho, onde constava as iniciais “CIGS”. Abaixo do chefe, uma bordadura de amarelo com a inscrição “Operações na Selva”, tendo em brocante e em abismo, uma cabeça de onça-pintada, caracterizando a imensa Selva Amazônica e sentimento de brasilidade em sempre guardá-la e defendê-la.

A partir de 29 de junho de 1970, quando recebeu a denominação de Centro de Operações na Selva e Ações de Comandos, teve alterada as iniciais que constavam no chefe, mudando de “CIGS” para “COSAC, e logo acima da cabeça da onça ganhou a inscrição “Comandos”.

Finalmente, a partir de 10 de janeiro de 1980, volta a ter denominação de Centro de Instrução de Guerra na Selva, alterando o chefe, que adotou as cores azul e vermelho, identificando as cores de Organização Militar do Exército Brasileiro, com a as iniciais “CIGS”; na bordadura de amarelo,abaixo do chefe, no lugar da inscrição “Operações na Selva”, verifica-se uma coroa de folhas de castanheiras, de verde, abraçando um escudete, também de verde, carregado com uma estrela gironada, símbolo de escola, logo acima da cabeça de onça pintada, sendo este o distintivo utilizado atualmente.

Estandarte do CIGS

O Estandarte Histórico do CIGS possui a seguinte descrição heráldica: “Forma retangular tipo bandeira universal, franjado de ouro campo de azul-celeste. Em abismo, um escudo peninsular português, filetado de prata, chefe de vermelho, carregado com uma estrela gironada, de prata, símbolo de escola. Abaixo do chefe, uma bordadura de amarelo, carregada com uma coroa de folhas de castanheiras, de verde, abraçando um escudete, também de verde e filetado de prata, tendo em brocante e em abismo, uma cabeça de onça-pintada, de ouro, voltada para destra, com pontas pretas e língua vermelha, caracterizando a imensa selva amazônica e o indômito sentimento de brasilidade em sempre guardá-la e defendê-la. Envolvendo o conjunto, a denominação histórica “Centro Coronel Jorge Teixeira”, em arco e de ouro, laço militar nas cores nacionais, tendo inscrito, em caracteres de ouro, a designação militar da OM”.

A denominação histórica de Centro Coronel Jorge Teixeira foi estabelecida pela Portaria 693, de 17 de dezembro de 1999, do Comandante do Exército.

Ao longo de sua história, o Estandarte do CIGS recebeu quatro condecorações:

  • Ordem do Mérito do Amazonas;
  • Ordem do Rio Branco, 24 de maio de 1991;
  • Ordem do Mérito Militar; e
  • Ordem do Mérito Judiciário Militar, de 29 de novembro de 1999.

Distintivo do Curso de Operações na Selva

O brevê do guerreiro de selva é composto de um escudo português carregado com uma cabeça de onça, encimado por uma estrela singela, sendo o conjunto complementado com ramos de louro distendidos horizontalmente. É confeccionado em PVC pelo processo de moldagem a quente, na cor cinza, sobre um suporte imitando tecido de padronagem camuflada, utilizada no uniforme de combate, e em metal nas cores douradas, tanto para oficiais quanto para os subtenentes e sargentos. O brevê metálico é usado com uma elipse de campo aveludado verde, orlada em linha preta para militares concluintes dos cursos e orladas em linha dourada para aqueles nomeados para a equipe de instrução do CIGS.

Chapéu Bandeirante

O chapéu bandeirante é de uso exclusivo dos militares que servem no CIGS, bem como daqueles que possuem o Curso de Operações na Selva e estão servindo em organizações militares na Amazônia, conforme consta no Regulamento de Uniformes do Exército (RUE). Este acessório foi elaborado no ano de 1980, em projeto da Seção de Doutrina e Pesquisa.

Apresenta um formato abaulado, reforçado por uma inserção de material plástico na parte central, proporcionando maior proteção contra espinhos. As abas, também reforçadas, mesmo molhadas permanecem firmes, sendo que a do lado direito é presa ao corpo do chapéu. Nas laterais há uma pequena janela coberta por uma faixa de tela, com a finalidade de possibilitar o arejamento da cabeça e permitir a utilização como visor improvisado durante operações com helicópteros.

Facão do Guerreiro de Selva

É um facão, simbolo do guerreiro de selva, tal qual o Kukri é para os Gurkhas. É um facão de lâmina larga, com as inscrições "Guerra na Selva"; "CIGS" na lâmina. O pomo da empunhadura possui o formato de uma cabeça de onça em metal dourado. Atualmente, há também a versão do facão totalmente escura, mais operacional e sem brilho, chamada de Onça Negra.

Zoológico do CIGS

O CIGS também administra um Zoológico com animais nativos da região, alguns ameaçados de extinção, com o intuito de preservá-los.

Tudo pela Amazônia

"TUDO PELA AMAZÔNIA, SELVA!" É um brado que, com orgulho, é dito pelos combatentes de selva. O CIGS hoje tem local de destaque no Exército Brasileiro, sendo reconhecido no Brasil e no mundo como um dos melhores em sua função, resultado de um trabalho árduo no que se refere à defesa da Floresta Amazônica, que cobre grande parte do território nacional.

Fontes

Ver também

Referências

  1. «O CIGS». www.cigs.eb.mil.br. Consultado em 16 de agosto de 2018 
  2. «DECRETO Nº 53.649, DE 2 DE MARÇO DE 1964 - Publicação Original - Portal Câmara dos Deputados». www2.camara.leg.br. Consultado em 16 de agosto de 2018 

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