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Castelo de Ansiães

Predefinição:Info/Edifício

O Castelo de Ansiães, também referido como Castelo de Carrazeda de Ansiães, localiza-se em Selores, na freguesia de Lavandeira, Beira Grande e Selores, município de Carrazeda de Ansiães, distrito de Bragança, em Portugal.[1]

Em posição dominante sobre um maciço de granito, originalmente com função defensiva, afastado da povoação, no vale do rio Douro, integra a Região de Turismo Douro Sul.

No início do século XX, foi classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910.[2]

História

Antecedentes

A primitiva ocupação humana do seu sítio remonta ao Calcolítico, por diversos povos sucessivamente, passando pelos Romanos até aos Muçulmanos, aos quais se deve o primitivo amuralhamento da povoação, tendo sido totalmente abandonada por volta do século IX.

O castelo medieval

Em meados do século XI, à época da Reconquista cristã da Península Ibérica, a povoação inscrevia-se nos domínios do reino de Leão, quando recebeu, em 1055, 1057 ou 1065, Carta de Foral do rei Fernando Magno, visando o seu repovoamento.

Integrante dos domínios de Portugal, esse foral foi confirmado, em 1160, pelo rei D. Afonso Henriques (1112-85) e, sucessivamente, em 1198 por D. Sancho I (1185-1211), em 1219 por D. Afonso II (1211-23) e, em 1510, por D. Manuel I (1495-1521). O crescimento da vila e sua importância regional foram reconhecidos pela Carta de Feira, recebida em 1277 de D. Afonso III (1248-79). Alguns autores sustentam que, possívelmente, parte expressiva de sua cerca amuralhada teria sido erguida sob o reinado de D. João I (1385-1433).

Do século XV aos nossos dias

Aqui nasceu o valoroso Lopo Vaz de Sampaio, capitão de Cochim (1524-1526) e Governador-Geral do Estado português na Índia (1526-1529).

Em algum momento do século XVII ou após, a estrutura recebeu obras de modernização, das quais conhecemos o chamado Fortim do Cubo e o revelim. Chegaram-nos ainda os nomes da Torre dos Lameiros, da Torre do Sol, da Porta de São Francisco, da Porta de São João e da Porta da Fonte Vedra. A partir de então, a povoação e sua defesa perderam espaço para outros centros da região, processo que se acentuou nos séculos seguintes, culminando com a sua ruína.

Na década de 1960 sofreu intervenção de consolidação e restauro, a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN).

Atualmente o imóvel encontra-se afeto à Direcção Regional do Porto do Instituto Português do Património Arquitectónico (DRP-IPPAR). Diante do seu estado geral, bastante degradado, foram empreendidas novas obras no âmbito de um projeto de recuperação do castelo e da vila, orçados em 800 mil Euros (recursos do IPPAR, com uma participação comunitária de 75%), cuja primeira fase deverá estar concluída e disponível ao público até ao final de 2006, através de visitas guiadas. Um Centro de Recepção de Turismo está sendo erguido extra-muros, junto à Igreja de São João Baptista e, futuramente, o espólio recolhido pelos trabalhos de prospecção arqueológica será exibido nas instalações de um Centro Interpretativo, a ser edificado no centro histórico, pela Câmara Municipal.

Características

Este castelo medieval distribuía-se dentro de uma muralha de planta ovalada, reforçada por cinco torreões quadrangulares, duas das quais defendendo o portão principal, a chamada Porta de São Salvador. Além da torre de Menagem, dividida internamente em dois pavimentos, o superior rasgado por janelas, este perímetro abrigava a cisterna do povoado circundante, podendo ser observados, ainda hoje, os alicerces de antigos edifícios, arcos, cunhais e vergas. A única edificação preservada é a pequena Igreja de São Salvador de Ansiães, em estilo românico.

Fora dos muros do castelo distribuía-se a zona urbana, delimitada por um segundo muro exterior com extensão superior a 600 m, reforçado por três torres quadrangulares. Dessa cerca externa restam apenas alguns troços dos setores leste e sul. No total, o conjunto do castelo ocupa uma área aproximada de 9.594 hectares.

Entrada do Castelo de Ansiães

Ver também

Bibliografia

  • AGUILAR, José. Carrazeda de Ansiães e seu Termo. Carrazeda de Ansiães (Portugal), 1980.
  • LOPES, Flávio. Património arquitectónico e arqueológico classificado: Distrito de Bragança. Lisboa, 1993.
  • MORAIS, João Pinto; MAGALHÃES, António de Sousa Pinto. Memórias de Ansiães. Carrazeda de Ansiães (Portugal), 1985.
  • PEREIRA, António Luís (2011) – “ O Castelo de Ansiães: Contributo para o Estudo da Idade Média no Vale do Douro”. Cristãos e Muçulmanos na Idade Média Peninsular – Encontros e desencontros”. Lisboa. p. 297-308.
  • PEREIRA, António Luis; LOPES, Isabel Alexandra Justo (2008) – “Carrazeda de Ansiães - Terra com Marcas do tempo”. Carrazeda de Ansiães: Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães.
  • PEREIRA, António Luis; LOPES, Isabel Alexandra Justo (2008) – “Castelo de Ansiães – 5000 anos de História”. Carrazeda de Ansiães: Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães.
  • PEREIRA, António Luis; LOPES, Isabel Alexandra Justo (2005) – Património Arqueológico do Concelho de Carrazeda de Ansiães. Carrazeda de Ansiães: Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães.
  • PEREIRA, António Luis (2001) - Vila Medieval de Ansiães: cabeça de um território situado entre o rio Tua e o Rio Douro. No prelo.
  • PEREIRA, Luis; SOARES, Nuno (2000) - A Intervenção arqueológica na Vila Medieval de Ansiães. Actas do 2º Congresso Internacional sobre o rio Douro,Vol. I . Vila Nova de Gaia.
  • PEREIRA, António Luis; SOARES, Nuno Miguel (1997) – Ansiães, um povoado com rupturas no seu processo histórico? . “DOURO – Estudos e Documentos”. Porto. 4, p. 63-76.
  • PEREIRA, António Luis; SOARES, Nuno Miguel (1996b) - O Castelo de Ansiães, Boletim da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, Carrazeda de Ansiães, 1996.
  • PEREIRA, António Luis; SOARES, Nuno Miguel (1996a) -A intervenção Arqueológica na Vila Medieval de Ansiães, “ DOURO - Estudos & Documentos”.Porto. p. 281- 283.
  • PEREIRA, Ricardo Manuel Paninho. De Ansiães a Carrazeda de Ansiães. Carrazeda de Ansiães (Portugal), 1991.
  • VERDELHO, Pedro. Roteiro dos Castelos de Trás-os-Montes. Chaves (Portugal), 2000.
  • Tesouros Artísticos de Portugal. Lisboa, 1976.
  • "Castelo de Ansiães visitável até 2006". in O Informativo, 10 de janeiro de 2005.

Referências

  1. Ficha na base de dados SIPA
  2. «Pesquisa de Património: Castelo de Ansiães» (em português). igespar.pt. Consultado em 13 de outubro de 2011 
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Ligações externas


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