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Codão

Na genética molecular, um codão (português europeu) ou códon (português brasileiro) é uma sequência de três bases nitrogenadas de RNA mensageiro que codificam um determinado aminoácido ou que indicam o ponto de início ou fim de tradução da cadeia de RNAm. Isto significa que cada conjunto de três bases consecutivas é responsável pela codificação de um aminoácido.[1]

Sempre que uma proteína vai ser sintetizada pelo ribossoma, a sequência correspondente às três bases do codão do RNAm vai ser posicionada pelo ribossoma e a molécula de aminoácido correspondente será trazida até o ribossoma pelo RNA transportador específico, possuidor de um anticodão num determinado sítio, que emparelha com o codão do ARNm, e de um braço ao qual se ligará um aminoácido específico.[2]

Desta forma, uma proteína formada por 200 aminoácidos é derivada de uma molécula de RNA com, no mínimo, 600 bases nitrogenadas. De forma análoga, o DNA que originou esta sequência terá, pelo menos, 1200 bases, pois possui uma estrutura de dupla fita, enquanto o ARN tem fita simples.

Uma cadeia polipeptídica nascente, ou seja, acabada de sintetizar, tem sempre como aminoácido inicial a metionina. Isto deve-se ao facto de, a nível do RNA, o reconhecimento do gene que codifica para essa cadeia polipeptídica ser feito identificando um determinado codão a jusante de uma zona promotora de expressão. Esse codão é o conjunto de bases ATG e é denominado codão de iniciação (da transcrição) ou start.

A RNA polimerase, enzima responsável pela transcrição do DNA, não poderia concluir a sua actividade se não existisse também um codão que identificasse o fim do gene – o codão de terminação ou stop. Este pode ser qualquer um dos conjuntos UAA, UAG ou UGA.

Como existem 4 bases (A, C, T e G), existem 4x4x4=64 diferentes combinações de 3 bases formando codões. No entanto, o número de aminoácidos codificados é apenas 20. Esta discrepância é devida à chamada degenerescência do código genético: um amoácido pode ser codificado por mais do que um codão. Outro exemplo desta degenerescência foi ilustrado acima com o código para terminação: esta pode ser feita recorrendo a um de três diferentes codões. Note-se que o inverso não é verdadeiro, ou seja, um determinado codão só pode dar origem a um determinado aminoácido.[3]

Código genético

Ver artigo principal: Código genético

A relação entre os codões e os respectivos aminoácidos encontra-se na tabela abaixo. Como o processo de tradução envolve apenas RNA, é comum apresentar a base uracilo (U) em vez de timina (T) neste tipo de tabelas.[4]

Esta tabela mostra a relação entre os codões (no RNA) e os aminoácidos codificados.
2a base
U C A G
1a
base
U

UUU (Phe/F) Fenilalanina

UUC (Phe/F) Fenilalanina

UUA (Leu/L) Leucina

UUG (Leu/L) Leucina, Start

UCU (Ser/S) Serina

UCC (Ser/S) Serina

UCA (Ser/S) Serina

UCG (Ser/S) Serina

UAU (Tyr/Y) Tirosina

UAC (Tyr/Y) Tirosina

UAA ”Ocre” (Stop)

UAG ”Âmbar” (Stop)

UGU (Cys/C) Cisteína

UGC (Cys/C) Cisteína

UGA ”Opala” (Stop)

UGG (Trp/W) Triptofano

C

CUU (Leu/L) Leucina

CUC (Leu/L) Leucina

CUA (Leu/L) Leucina

CUG (Leu/L) Leucina, Start

CCU (Pro/P) Prolina

CCC (Pro/P) Prolina

CCA (Pro/P) Prolina

CCG (Pro/P) Prolina

CAU (His/H) Histidina

CAC (His/H) Histidina

CAA (Gln/Q) Glutamina

CAG (Gln/Q) Glutamina

CGU (Arg/R) Arginina

CGC (Arg/R) Arginina

CGA (Arg/R) Arginina

CGG (Arg/R) Arginina

A

AUU (Ile/I) Isoleucina, Start

AUC (Ile/I) Isoleucina

AUA (Ile/I) Isoleucina

AUG (Met/M) Metionina, Start

ACU (Thr/T)Treonina

ACC (Thr/T)Treonina

ACA (Thr/T)Treonina

ACG (Thr/T)Treonina

AAU (Asn/N) Asparagina

AAC (Asn/N) Asparagina

AAA (Lys/K) Lisina

AAG (Lys/K) Lisina

AGU (Ser/S) Serina

AGC (Ser/S) Serina

AGA (Arg/R) Arginina

AGG (Arg/R) Arginina

G

GUU (Val/V) Valina

GUC (Val/V) Valina

GUA (Val/V) Valina

GUG (Val/V) Valina, Start

GCU (Ala/A) Alanina

GCC (Ala/A) Alanina

GCA (Ala/A) Alanina

GCG (Ala/A) Alanina

GAU (Asp/D) Ácido aspártico

GAC (Asp/D) Ácido aspártico

GAA (Glu/E) Ácido glutâmico

GAG (Glu/E) Ácido glutâmico

GGU (Gly/G) Glicina

GGC (Gly/G) Glicina

GGA (Gly/G) Glicina

GGG (Gly/G) Glicina

Referências

  1. Infopédia. «Artigo de apoio Infopédia - codão». Infopédia - Dicionários Porto Editora (em português). Consultado em 28 de junho de 2019 
  2. «Ribosomes, Transcription, Translation - Learn Science at Scitable». www.nature.com (em English). Consultado em 28 de junho de 2019 
  3. Lehmann, J.; Libchaber, A. (29 de maio de 2008). «Degeneracy of the genetic code and stability of the base pair at the second position of the anticodon». RNA (em English). 14 (7): 1264–1269. ISSN 1355-8382. doi:10.1261/rna.1029808 
  4. «The genetic code». Khan Academy (em English). Consultado em 28 de junho de 2019 

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