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Brincadeira

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Crianças brincando de esconde-esconde em uma floresta em pintura do século XIX.

Brincadeira é a ação de brincar, de entreter, de distrair. Pode ser uma brincadeira recreativa como brincar de "esconde-esconde" ("jogar às escondidas", em Portugal) ou um gracejo, como trocadilhos ou insinuações.

É uma forma de jogo livremente estruturada que geralmente inclui encenação, substituição de objetos e comportamento não-literal.[1] O que separa a brincadeira de outras atividades diárias é o seu aspecto divertido e criativo, em vez de ser uma ação realizada em prol da sobrevivência ou da necessidade.[2] As crianças se envolvem em brincadeiras por uma série de razões, que fornecem à criança um ambiente seguro para expressar medos e desejos.[3] Quando as crianças participam do jogo de fantasia, elas estão integrando e fortalecendo o conhecimento adquirido anteriormente.[1] As crianças que têm melhores capacidades de pretensão e fantasia também mostram uma melhor competência social, capacidades cognitivas e uma capacidade de tomar a perspectiva dos outros.[2] Para que a atividade seja referida como brincadeira, o indivíduo deve estar se desviando intencionalmente da realidade. O indivíduo deve estar ciente do contraste entre a situação real e a situação de fazer crer.[2] Se a criança acredita que a situação de fazer crer é realidade, então ele / ela está interpretando mal a situação ao invés de fingir. Fingir pode ou não pode incluir ação, dependendo se a criança escolhe projetar sua imaginação na realidade ou não.[4]

O brincar em família pode ser a via privilegiada para se estabelecer, com o filho, interação rica que favoreça um vínculo e que contribua para o seu desenvolvimento afetivo.

A brincadeira contribui muito para o desenvolvimento da criança. Através dela, o professor estimula a autonomia de cada indivíduo. Ainda, quando a criança encontra-se no Pré-Operatório (caráter lúdico do pensamento simbólico), segundo Jean Piaget, ela é extremamente egocêntrica, centrada em si mesma e para tudo deve haver uma explicação. A brincadeira nessa etapa da educação é fundamental, pois ela passa a ter de lidar com os diferentes pontos de vista de seus colegas e tenta resolver diferentes problemas de diferentes formas, sempre com o auxílio da professora e respeitando as regras/combinados.

A importância de brincar na educação infantil é essencial e necessária, pois ajuda na construção da identidade, na formação de indivíduos na capacidade de se comunicar com o outro, reproduzindo seu cotidiano e caracterizando o processo de aprendizagem. O ato de brincar possui uma dimensão simbólica que contribui para impulsionar o desenvolvimento infantil, pois, "nas brincadeiras, a criança tenta compreender seu mundo ao reproduzir situações da vida. Quando imita, a criança está tentando compreender".[5]

É inquestionável a necessidade de brincar para o desenvolvimento das crianças, logo justifica-se de imediato a natureza do negócio dos brinquedos. Objetos de cultura, os brinquedos capturam e transmitem valores, ideologias, expectativas no campo campo social, sendo também uma ferramenta fundamental através das qual a criança se desenvolve fisicamente. 

Atualmente, as brincadeiras ganharam novas formas, pois os brinquedos passaram a fazer parte dos bens de consumo corrente. A oferta de brinquedos é muita nas prateleiras das lojas, o que torna mais fácil o consumo,até, porque, cada vez mais são criativos e com tecnologias avançadas. Os brinquedos tradicionais e simples estão a perder espaço nas prateleiras e categorizá-las cada vez mais é difícil.

Brincadeiras recreativas

As brincadeiras recreativas distinguem-se por terem regras simples e flexíveis, não se necessitando de quadras, tabuleiros, instruções, treinamento, peças ou dispositivos especiais para delas se participar.

Na maioria das vezes, devido à sua simplicidade, as brincadeiras são feitas por crianças. Somente algumas, como a mímica, são, ocasionalmente, feitas, também, por adolescentes ou adultos.

A brincadeira, por ser livre de regras e objetivos pré-estabelecidos, é solta e despreocupada, o que proporciona uma certa liberdade. As crianças brincam para gastar energia e se divertirem. Na maioria das vezes, utilizam um brinquedo em seus jogos. Este brinquedo é visto pelos adultos como um objeto auxiliar da brincadeira, mas para a crianças isso vai além. Ela o vê como uma fonte de conhecimentos e um "simulador da realidade". Como exemplo, podemos citar a menina que brinca que a boneca é a sua filha.

Uso das expressões no Brasil e em Portugal

Existem diferenças sutis de uso no Brasil e em Portugal, como as apresentadas como exemplo na tabela abaixo. No Brasil, são brincadeiras as atividades recreativas que têm regras informais e flexíveis, como o "esconde-esconde" ou o "pega-pega". Já em Portugal, o fato de haver regras faz com que uma atividade recreativa seja chamada de jogo.

No Brasil Em Portugal
brincar de boneca brincar com as bonecas
brincar de esconde-esconde jogar às escondidas
brincar de pega-pega ou pique-pega jogar à apanhada
jogar bola jogar à bola

Brincadeiras no convívio social

O termo brincadeira é utilizado, quando se fala das relações sociais, para se designar alguma ação cujo objetivo claro é divertir. Nesse caso, incluem-se os gracejos, as piadas, os trocadilhos e outras ações do gênero.

As brincadeiras de crianças também podem ser educativas. Brincadeiras com regras pré-estabelecidas e com objetivos estimulam a responsabilidade e a disciplina, entre outros valores, sem que, no entanto, as crianças se sintam obrigadas a cumprir necessariamente essas regras e objetivos. A noção aprendida de responsabilidade irá favorecer o seu convívio na sociedade.

Além do conhecimento adquirido de maneira espontânea, as brincadeiras trazem vantagens em todas as etapas da vida das crianças. O desenvolvimento da criatividade e da coordenação motora e o estímulo da imaginação e das habilidades das crianças podem ser trabalhadas nas brincadeiras independente da faixa etária das crianças.

Chama-se de brincadeira de mau gosto àquela em que quem a faz procura fazer graça às custas de outro, que pode estar presente ou não. Pode, ainda, se referir a citação jocosa de situações que deveriam ser levadas a sério, geralmente merecedoras de pena ou reflexão.

Referências

  1. 1,0 1,1 Fein, Greta (dezembro de 1981). «Pretend Play in Childhood: An Integrative Review». Child Development. JSTOR 1129497 
  2. 2,0 2,1 2,2 Lillard, Angeline (abril de 1993). «Pretend Play Skills and the Child's Theory of Mind». Child Development. JSTOR 1131255 
  3. Theroux, Phyllis. "Let's Pretend. " Parents 1 May 1987: Children's Module, ProQuest. Web. 27 May. 2012.
  4. Lillard, Angeline (2001). «Pretend Play as Twin Earth: A Social-Cognitive Analysis». Developmental Review. doi:10.1006/drev.2001.0532 
  5. KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org) (2008). O Brincar e suas teorias. São Paulo: Cengage Learning 

Ver também

Wikilivros
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