Bipedalismo ou bipedismo é uma forma de locomoção terrestre, onde um organismo se move por meio de seus dois membros posteriores ou pernas. Um animal ou máquina que normalmente se move desta forma é conhecido como bípede, que significa "dois pés" (do latim bi para "dois" e ped para "pé").[3] Entre os tipos de movimentos bípedes estão caminhar, correr ou pular.
Poucas espécies modernas são bípedes habituais, quando método de locomoção normal é sobre duas pernas. Dentro dos mamíferos, o bipedalismo habitual evoluiu várias vezes, como entre os Macropodidae (que inclui os cangurus), Dipodomyinae, Notomys, Hominina (humanos) e pangolins, assim como em vários outros grupos extintos que evoluíram esta característica de forma independente. No período Triássico alguns grupos de arcossauros (um grupo que inclui os antepassados dos crocodilos) desenvolveram o bipedalismo; entre os descendentes dos dinossauros, todas as primeiras espécies e muitos grupos posteriores eram bípedes habituais ou exclusivos; as aves descendem de um grupo de dinossauros que eram exclusivamente bípedes.
Um número maior de espécies modernas utilizam movimento bípede por curtos períodos de tempo. Várias espécies de lagartos movem-se de maneira bípede quando estão correndo, geralmente para escapar de ameaças. Muitas espécies de primatas e de urso adotam o bipedalismo para alcançar alimentos ou explorar o ambiente. Várias espécies de primatas arborícolas, como gibões e indrídeos, utilizam exclusivamente a locomoção bípede durante os breves períodos que passam no chão. Muitos animais também apoiam-se sobre as patas traseiras, enquanto lutam, copulam, tentam alcançar a comida ou para ameaçar um concorrente ou predador, mas não conseguem se mover de forma bípede.
Animais bípedes
A grande maioria dos vertebrados terrestres vivos são quadrúpedes, com o bipedismo exibido apenas por um punhado de grupos vivos. Seres humanos, gibões e grandes pássaros caminham levantando um pé de cada vez. Por outro lado, a maioria dos macrópodes, pássaros menores, lêmures e roedores bípedes se movimenta pulando nas duas pernas simultaneamente. Os cangurus de árvores são capazes de andar ou pular, geralmente alternando os pés quando se movem de forma arbórea e pulando simultaneamente em ambos os pés quando estão no chão.
Répteis existentes
Muitas espécies de lagartos se tornam bípedes durante a locomoção a alta velocidade, incluindo o lagarto mais rápido do mundo, a iguana-de-cauda-espinhosa (gênero Ctenosaura).[4][5]
Fósseis de répteis e lagartos
O primeiro bípede conhecido é o Bolosauridae[6][7] Eudibamus[8] cujos fósseis datam de há 290 milhões de anos.[9][10] Seus longos membros posteriores, pernas dianteiras curtas e articulações distintas sugerem o bipedismo. A espécie foi extinta no início do Permiano.
Arquinossauros (inclui pássaros, crocodilos e dinossauros)
- Aves
Todas as aves são bípedes quando estão no chão, uma característica herdada de seus ancestrais dinossauros.
- Outros arcossauros
O bipedismo evoluiu mais de uma vez nos arcossauros, o grupo que inclui dinossauros e crocodilianos. Todos os dinossauros são descendentes de um ancestral totalmente bípede, talvez semelhante a Eoraptor.[11]
Mamíferos
Vários grupos de mamíferos existentes desenvolveram independentemente o bipedalismo como sua principal forma de locomoção - por exemplo, humanos, pangolins gigantes, as preguiças gigantes terrestres extintas, numerosas espécies de roedores saltadores e macrópodes. Os seres humanos, como seu bipedalismo tem sido extensivamente estudado, estão documentados na próxima seção.[12]
- Primatas
A maioria dos animais bípedes se movimenta com as costas próximas à horizontal, usando uma cauda longa para equilibrar o peso de seus corpos. A versão primata do bipedalismo é incomum porque as costas estão próximas da posição vertical (completamente eretas nos humanos), e a cauda pode estar completamente ausente. Muitos primatas podem ficar de pé nas patas traseiras sem qualquer apoio. chimpanzés, bonobos, gibões[13] e babuínos[14] exibem formas de bipedalismo.
- Indivíduos feridos
Ursos, chimpanzés e bonobos feridos têm sido capazes de sustentar o bipedismo.[15]
Humanos
Existem pelo menos doze hipóteses distintas sobre como e por que o bipedismo evoluiu em humanos, e também algum debate sobre quando. O bipedismo evoluiu bem antes do grande cérebro humano ou o desenvolvimento de ferramentas de pedra.[16] Na história da evolução humana, andar ereto remonta pelo menos 6 milhões de anos ao Sahelanthropus, uma espécie antiga com características de humanas e de macacos descoberta a partir de restos fósseis encontrados em Sahel. Uma teoria proeminente é que a mudança climática transformou a paisagem, criando savanas onde as árvores e florestas se encontravam.
Cientistas norte-americanos apontam para uma intervenção cósmica para a evolução do bipedismo humano. A Via Láctea explodiu em milhares de supernovas que começou há cerca de 7 milhões de anos e continuou por milhões de anos. As supernovas detonaram raios cósmicos em todas as direções. Na Terra, a radiação que chegou das explosões atingiu o pico há cerca de 2,6 milhões de anos. Quando os raios cósmicos atingiram o planeta, eles ionizaram a atmosfera e a tornaram mais condutiva. Isso poderia ter aumentado a frequência dos raios, enviando incêndios florestais através das florestas africanas e abrindo caminho para as pastagens.[17]
Ver também
Referências
- ↑ Stewart, D. (1 de agosto de 2006). «A Bird Like No Other». National Wildlife. National Wildlife Federation. Consultado em 30 de maio de 2014. Cópia arquivada em 9 de fevereiro de 2012
- ↑ Erro de script: Nenhum módulo desse tipo "Citar enciclopédia".
- ↑ Priberam (ed.). «Bipedalismo». Consultado em 20 de janeiro de 2015
- ↑ Garland, T., Jr. (1984), «Physiological correlates of locomotory performance in a lizard: an allometric approach» (PDF), American Journal of Physiology, 247 (5 Pt 2): R806–R815, PMID 6238543
- ↑ Malfatti, Mark (2007), «A Look at the Genus Ctenosaura: Meet the World's fastest lizard and its kin», Reptiles Magazine, 15 (11): 64–73
- ↑ Marcello Ruta; Juan C. Cisneros; Torsten Liebrect; Linda A. Tsuji; Johannes Muller (2011). «Amniotes through major biological crises: faunal turnover among Parareptiles and the end-Permian mass extinction». Palaeontology. 54 (5): 1117–1137. doi:10.1111/j.1475-4983.2011.01051.x
- ↑ Jocelyn Falconnet (2012). «First evidence of a bolosaurid parareptile in France (latest Carboniferous-earliest Permian of the Autun basin) and the spatiotemporal distribution of the Bolosauridae». Bulletin de la Société Géologique de France. 183 (6): 495–508. doi:10.2113/gssgfbull.183.6.495
- ↑ David S. Berman; Robert R. Reisz; Diane Scott; Amy C. Henrici; Stuart S. Sumida; Thomas Martens (2000). «Early Permian Bipedal Reptile». Science. 290 (5493): 969–972. PMID 11062126. doi:10.1126/science.290.5493.969
- ↑ «Upright lizard leaves dinosaur standing». cnn.com. 3 de novembro de 2000. Consultado em 17 de outubro de 2007. Cópia arquivada em 31 de outubro de 2007
- ↑ Berman, David S.; et al. (2000). «Early Permian Bipedal Reptile». Science. 290 (5493): 969–972. Bibcode:2000Sci...290..969B. PMID 11062126. doi:10.1126/science.290.5493.969
- ↑ Hutchinson, J.R. (2006). «The evolution of locomotion in archosaurs». Comptes Rendus Palevol. 5 (3–4): 519–530. doi:10.1016/j.crpv.2005.09.002. Cópia arquivada em 1 de dezembro de 2008
- ↑ Burk, Angela; Michael Westerman; Mark Springer (setembro de 1988). «The Phylogenetic Position of the Musky Rat-Kangaroo and the Evolution of Bipedal Hopping in Kangaroos (Macropodidae: Diprotodontia)». Systematic Biology. 47 (3): 457–474. PMID 12066687. doi:10.1080/106351598260824
- ↑ Aerts, Peter; Evie E. Vereeckea; Kristiaan D'Aoûta (2006). «Locomotor versatility in the white-handed gibbon (Hylobates lar): A spatiotemporal analysis of the bipedal, tripedal, and quadrupedal gaits». Journal of Human Evolution. 50 (5): 552–567. PMID 16516949. doi:10.1016/j.jhevol.2005.12.011. Arquivado do original em 15 de setembro de 2012
- ↑ Rose, M.D. (1976). «Bipedal behavior of olive baboons (Papio anubis) and its relevance to an understanding of the evolution of human bipedalism». American Journal of Physical Anthropology. 44 (2): 247–261. PMID 816205. doi:10.1002/ajpa.1330440207 [ligação inativa]
- ↑ Bauer, Harold (1976). «Chimpanzee bipedal locomotion in the Gombe National Park, East Africa». Primates. 18 (4): 913–921. doi:10.1007/BF02382940
- ↑ Lovejoy, C.O. (1988). «Evolution of Human walking». Scientific American. 259 (5): 82–89. Bibcode:1988SciAm.259e.118L. PMID 3212438. doi:10.1038/scientificamerican1188-118
- ↑ Exploding stars led to humans walking on two legs, radical study suggests por Ian Sample (2019)