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Bachianas brasileiras

As Bachianas brasileiras são uma série de nove composições de Heitor Villa-Lobos escritas a partir de 1930. Nessas suítes, escritas para formações diversas, Villa-Lobos fundiu material folclórico brasileiro (em especial a música caipira) às formas pré-clássicas no estilo de Bach. Ressalta-se, aqui, que o sufixo "-ana" é frequentemente usado nos títulos de obras musicais, como uma forma de um compositor prestar homenagem a um compositor anterior ou a um intérprete famoso. Esta homenagem a Bach também foi feita por compositores contemporâneos como Stravinski. Todos os movimentos das Bachianas, inclusive, receberam dois títulos: um bachiano, outro brasileiro.

São trechos famosos de Bachianas a Tocata (O Trenzinho do Caipira), quarto movimento da n° 2; a Ária (Cantilena), que abre a de n° 5; e o Prelúdio (Introdução), o Coral (O Canto do Sertão) e a Dança (Miudinho), todos na n° 4.

Obras

Bachiana brasileira n° 1 para oito violoncelos (1932)

Composta em 1930, tendo sua primeira audição em 22 de setembro de 1932. Contém três movimentos:

  • Introdução (Embolada) - Animato
  • Prelúdio (Modinha) - Andante
  • Fuga (Conversa) - Un poco animato

Bachiana brasileira n° 2 para orquestra de câmara (1934)

Assim como a n° 1, foi composta em 1930. Foi estreada no II Festival Internacional de Veneza, em setembro de 1934, pelo compositor e regente italiano Alfredo Casella. Esta obra é dedicada a Arminda Villa-Lobos, a Mindinha (1912-1985), segunda esposa do compositor.[1] Existem quatro movimentos, cada um reexplorando alguma peça mais antiga para piano ou para violoncelo e piano.

Orquestração: cordas, flauta, oboé, clarinete, 2 saxofones (tenor e barítono), fagote, contrafagote, duas trompas, trombone, celesta, piano e percussão (tímpano, ganzá, chocalhos, matraca, reco-reco, pandeiro, caixa clara, triângulo, pratos, tantã, bombo).[2]

  • Prelúdio (O Canto do Capadócio) - Adagio - Andantino
  • Ária (O Canto da Nossa Terra) - Largo
  • Dança (Lembrança do Sertão) - Andantino moderato
  • Tocata (O Trenzinho do Caipira) - Un poco moderato (este movimento se caracteriza por imitar o movimento de uma locomotiva com os instrumentos da orquestra. A melodia recebeu letra composta por Ferreira Gullar, publicada no livro Poema Sujo, de 1976).

Bachiana brasileira n° 3 para piano e orquestra (1934)

Estreou em 1947, tendo como pianista José Vieira Brandão e como regente o próprio Villa-Lobos. Contém quatro movimentos:

  • Prelúdio (Ponteio) - Adagio
  • Fantasia (Devaneio) - Allegro moderato
  • Ária (Modinha) - Largo
  • Toccata (Pica-pau) - Allegro

Bachiana brasileira n° 4 para piano (1930-1941, orquestrada em 1942)

Composta para piano a partir de 1930, mas estreada somente em 1939. Recebeu novo arranjo para orquestra em 1941, estreando em meados do ano seguinte. Esta obra contém quatro movimentos:

  • Prelúdio (Introdução) - Lento
  • Coral (Canto do Sertão) - Largo
  • Ária (Cantiga) - Moderato
  • Dança (Miudinho) - Muito animado

A suíte começa com o famoso prelúdio, cujo motivo provém do thema regium, ou tema real, utilizado na composição de todas as peças que compõem a Oferenda Musical de Bach. No segundo movimento, o Canto do Sertão, a nota si bemol é repetida várias vezes por um instrumento, sugerindo o canto da araponga, ave que possui um canto estridente e composto de uma só nota.[3]

Bachiana brasileira n° 5 para soprano e oito violoncelos (1938-1945)

Ver artigo principal: Bachianas Brasileiras n.º 5
Bachianas brasileiras nº 5 composta por Heitor Villa-Lobos, dedicada à Arminda Villa-Lobos, 1938.

Provavelmente o trabalho mais popular do compositor, tendo sido a mais gravada fora do Brasil, é dividida em dois movimentos:

  • Aria (Cantilena) - Adagio
    • Dedicada a Arminda Villa-Lobos. A letra deste movimento é de Ruth Valadares Corrêa, e a composição possui semelhanças com obras como a "Ária" de Bach e o "Vocalise" de Rachmaninov.[4]
  • Dança (Martelo) - Allegretto
    • Composta sobre texto de Manuel Bandeira, foi apresentada em 1945, já após a composição das noves bachianas. Dois anos mais tarde, estreou em Paris.

Bachiana brasileira n° 6 para flauta e fagote (1938)

Dois movimentos:

  • Ária (Choro) - Largo
  • Fantasia - Allegro

Bachiana brasileira n° 7 para orquestra (1942)

Quatro movimentos:

  • Prelúdio (Ponteio) - Adagio
  • Giga (Quadrilha Caipira) - Allegretto scherzando
  • Toccata (Desafio) - Andantino quasi allegretto
  • Fuga (Conversa) - Andante

Bachiana brasileira n° 8 para orquestra (1944)

Quatro movimentos:

  • Prelúdio - Adagio
  • Ária (Modinha) - Largo
  • Toccata (Catira Batida) - Vivace (Scherzando)
  • Fuga - Poco moderato

Bachiana brasileira n° 9 para coro ou orquestra de cordas (1945)

Dois movimentos:

  • Prelúdio
  • Fuga

Referências

  1. PUPIA, Adailton Sérgio (2017). «Intertextualidade nas Bachianas Brasileiras N. 2 de Heitor Villa-Lobos» (PDF). Dissertação apresentada no Departamento de Artes e Música da Universidade Federal do Paraná: página 35. Consultado em 16 de outubro de 2019 
  2. PUPIA, Adailton Sérgio (2017). «Intertextualidade nas Bachianas Brasileiras N. 2 de Heitor Villa-Lobos» (PDF). Dissertação apresentada no Departamento de Artes e Música da Universidade Federal do Paraná: página 36. Consultado em 16 de outubro de 2019 
  3. Ana Carolina Manfrinato BACHIANAS BRASILEIRAS N.4, DE HEITOR VILLA-LOBOS: UM ESTUDO DE INTERTEXTUALIDADE
  4. «Um pouco da música de Villa-Lobos». Museu Villa-Lobos. Consultado em 16 de dezembro de 2007 
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