Aticismo é uma designação dada ao movimento literário ou retórico que procurava imitar o estilo e a maneira da prosa ática. Começou por volta do primeiro quartel do século I a.C., como uma reação ao asianismo,[1] cujos fautores costumavam introduzir no grego ático - dialeto de maior prestígio, falado na Ática -, palavras do grego jônico, falado na Ásia Menor, região de onde eram originários, razão pela qual foram rotulados de "asiáticos" ou "asianos", pelos aticistas.
Difundiu-se por todo o mundo helênico, estabelecendo conexões culturais através do Mediterrâneo e mais além, de tal sorte que sobreviveu pelo menos até o século XVI.[2]
Em português, o termo é sinônimo de uma determinada elegância no comportamento, característica dos áticos, ou de um estilo elegante, conciso e delicado, evocativo dos autores clássicos da Ática.Predefinição:Ref auletePredefinição:Ref infopedia dic
Segundo Massaud Moisés, o termo designa o estilo preciso, simples, irrepreensível, elegante, polido, isento de ornatos desnecessários ou de excesso de palavras, em que a lucidez do pensamento se reveste de uma forma cristalina e sucinta. Tornou-se o modelo de linguagem política e literária no período de expansão da Grécia, em parte por reação ao estilo empolado que entrou em voga, em consequência do contato com os idiomas orientais. Com a decadência do povo helênico no século II a.C., os escritores de Atenas (a capital da Ática) dos séculos V e IV a.C. passaram a ser vistos, nostalgicamente, como os mestres da sobriedade linguística, digna de preservação e culto. O aticismo se transferiu para Roma e alcançou o ápice no século II da era cristã. [3] Foi cultivado por escritores como Luciano de Samósata,[4] por retóricos de relevo como Dionísio de Halicarnasso,[5] e por gramáticos como Élio Erodiano e Frínico Arábio (século II d.C.).[6] Este último foi autor de uma seleção de substantivos e verbos áticos (Ἐκλογή Ἀττικῶν ῥημάτων καὶ ὀνομάτων), na qual registrou os desvios do ático standard.[7]
Chamou-se também de aticismo a um estilo de pintura que surgiu na França, entre os anos 1647 e 1660, constituindo-se uma corrente artística dentro do classicismo francês. [8] [9]
Referências
- ↑ Massaud Moisés Dicionário de termos literários. Editora Cultrix, 1997. p. 42
- ↑ (em inglês) Croll, Morris W. "‘Attic prose’ in the Seventeenth Century". Studies in Philology, 28 (2), abril de 1921, p. 79-128.
- ↑ Sinkevisque, Eduardo. Notas sobre a polêmica dos estilos no gênero histórico: o debate ático x asiático no Dell'Arte Historica (1636), de Agostino Mascardi, apud TIN, Emerson. "Introdução". In: A Arte de Escrever Cartas: Anônimo de Bolonha, Erasmo de Roterdam, Justo Lípsio. Campinas: Unicamp, 2005, p. 71, nº 79. MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 1992, p. 46-47.
- ↑ (em castelhano) Espinosa, Germán. Ensayos Completos 1968-1988. Universidad Eafit, 2002, p. 377.
- ↑ De Compositione Verborum: Apontamentos para uma reavaliação do tratado de Dionísio de Halicarnasso. Por Giuliana Ragusa. Letras Clássicas, nº 4, p. 137-154, 2000.
- ↑ (em castelhano) Artés Hernández, José Antonio. Estudios sobre la lengua de los Hechos Apócrifos de Pedro y Pablo. Editum, 1999, p. 54-55.
- ↑ (em inglês) Atticist Lexica and Atticistic Pronunciation. Por Carlo Vessella. Society for Classical Studies.
- ↑ (em francês) J. Thuillier. "Du 'maniérisme romain' à l' 'atticisme' parisien". Études de la Revue du Louvre. Paris, 1980, 1
- ↑ (em francês) Alain Mérot (org.) et al., "L'atticisme parisien : réflexions sur un style ". In Eloge de la clarté : un courant artistique au temps de Mazarin, 1640-1660. Paris: Réunion des Musées nationaux, 1998, pp. 13-40.