Amade ibne Fadalane | |
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Amade ibne Fadalane ibne Alabas ibne Raxide ibne Hamade (em árabe: أحمد إبن فضلان إبن ألعباس إبن راشد إبن حماد; romaniz.: Ahmad ibn Fadlān ibn al-Abbās ibn Rāšid ibn Hammād) foi um escritor e viajante árabe muçulmano do século X.
Manuscrito
Ibne Fadalane ficou conhecido por escrever um manuscrito (em árabe: كتاب إلى ملك الصقالبة; romaniz.: Kitāb ilā Malik al-Saqāliba) sobre suas viagens como embaixador do califa abássida Almoctadir para a terra dos protobúlgaros. Por muito tempo, havia apenas uma versão incompleta dos manuscritos, espalhada por verbetes no dicionário geográfico escrito por Iacute de Hama, publicado em 1823.[1] Porém em 1923, o estudioso Zeki Validi Togan encontrou num museu em Meshed o manuscrito MS 5229, que continha entre outras coisas a versão mais completa do escrito de ibne Fadalane.[2]
Embaixador
Ibne Fadalane foi enviado pelo Abássida em 921 para visitar o iltäbär Almış (rei vassalo dos Cazares) da Bulgária do Volga A caravana deixou Bagdá em 21 de junho de 921 (11 Safar 309 no calendário islâmico)[3] e alcançou a Bulgária do Volga em 12 de maio de 922 (12 Muharram 310).[3] Seu objetivo era convencer o rei de Bolgar a trocar a escola de pensamento sunita maliquita para a Hanafi. Em troca, seria pago ao rei uma quantia de dinheiro para a construção de uma fortaleza.
A jornada levou ibne Fadalane até Bucara e Corásmia, ao sul do Mar de Aral. Apesar das promessas de segurança feitas pelo líder dos Oguzes, foram atacados por bandidos Oguzes, porém conseguiram subornar os atacantes. Após um inverno em Predefinição:Ilc, atravessaram o rio Ural até atingir a terra dos protobúlgaros perto dos lagos do rio Volga ao norte do rio Samara. Após chegar em Bolgar, ibne Fadalane fez uma viagem a Wisu para observar as negociações entre os protobúlgaros do Volga e as tribos fínicas do local.
O povo Rus'
Boa parte do manuscrito se dedica à descrição de um povo que ibne Fadalane chamado de Rus', que poderiam ser o povo Rus' ou os Varegues, o que tornaria o manuscrito umas das escritas mais antigas sobre os viquingues. Os Ru's eram apresentados como um povo mercador das margens dos rios em torno de Bolgar. São descritos como altos, loiros e de pele dura. O manuscrito cita que muitos eram tatuados dos pés à cabeça, com cores escuras (similar as descrições dos líbios pelos egípcios na antiguidade). Cita ainda que os homens sempre andavam armados com machados e espadas.
As mulheres são descritas por ibne Fadalane como tendo corpos sem curvas atrativas (excessivamente altas) e ossos da face proeminentes (possivelmente por já terem se misturado a povos asiatizados do leste europeu após terem emigrado da Suécia). A higiene deste povo, segundo a visão de ibne Fadalane, é repulsiva para os padrões dele (pois era um islâmico no auge desta civilização mediterrânea oriental, contrastando com os nórdicos que ainda estavam numa espécie de idade dos metais prolongada e suas pedras onde escreviam runas lembravam elementos de um megalítico alongado), pois não se lavavam e quando o faziam, partilhavam a mesma bacia. Ibne Fadalane descreve que, apesar disso, todos se penteavam regularmente. O manuscrito descreve ainda o funeral de um chefe viquingue, com a queima de um barco e um sacrifício humano.
Ficção
O manuscrito de ibne Fadalane serviu de base para o livro Eaters of the Dead de Michael Crichton (no Brasil, denominado Devoradores de Mortos). O livro serviu de base para o roteiro do filme O 13º Guerreiro. Uma série de TV árabe, The Roof of the World (سقف العالم), produzida em 2007, refez a jornada de ibne Fadalane nos tempos atuais.
Referências
- ↑ «Relatos - Ibn Fadlan». Consultado em 16 de junho de 2008. Arquivado do original em 16 de junho de 2008
- ↑ (em inglês) Appendices
- ↑ 3,0 3,1 (em inglês) Ahmad Ibn Fadhlan in Northern Europe: A Survey of his Account of Russian Vikings in the 10th Century
Ligações externas
- "Ibn Fadlan and the Rūsiyyah" de James E. Montgomery. (em inglês)
- «Enciclopedia da Ucrânia» (em English)