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Alberto Monsaraz

Alberto Monsaraz

Alberto de Monsaraz (Lisboa, 28 de Fevereiro de 1889 — Lisboa, 23 de Janeiro de 1959), o 2.º conde de Monsaraz, foi um político e poeta cultor do parnasianismo histórico. Militante monárquico, opôs-se activamente ao regime republicano, o que o forçou repetidamente ao exílio. Aderiu ao movimento do Integralismo Lusitano tendo dirigido os seus órgãos de imprensa, nomeadamente A Monarquia e Nação Portuguesa, tornando-se numa das suas figuras centrais. Após a instauração do regime do Estado Novo, assumiu as funções de secretário-geral do Movimento Nacional-Sindicalista, liderado por Francisco Rolão Preto,[1][2] acabando por ser novamente forçado ao exílio quando o movimento foi proscrito pelo regime salazarista.

Biografia

Nasceu em Lisboa, filho de António de Macedo Papança, um advogado, poeta e político monárquico que em 1890 seria elevado a 1.º conde de Monsaraz[3] por decreto do rei D. Carlos I de Portugal.

Em 1906 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra, curso que apenas viria a concluir em 1915, com 18 valores, devido à sua militância pró-monárquica o ter entretanto forçado um período de exílio. Enquanto estudante em Coimbra foi activo colaborador do jornal Pátria Nova, um periódico ligado à direita monárquica.[3] Tem ainda colaboração nas revistas Serões[4] (1901-1911), A Sátira[5] (1911), Contemporânea[6] [1915]-1926, e na Revista de turismo[7] iniciada em 1916.

Quando a 4 de Outubro de 1911 se deu a incursão monárquica comandada por Henrique Mitchell de Paiva Couceiro, cujas forças entram em Portugal por Cova de Lua, Espinhosela e Vinhais, vila onde foi hasteada na varanda da Câmara Municipal a bandeira azul e branca da Monarquia Constitucional Portuguesa, e convergiram sobre Chaves, Alberto Monsaraz foi um dos estudantes de Coimbra que aderiram ao movimento e se tentaram juntar às forças revoltosas. Em consequência, quando três dias mais tarde a incursão monárquica foi derrotada pelas forças republicanas e as tropas de Paiva Couceiro foram forçadas a retirar para a Galiza, foi forçado a interromper os estudos e a refugiar-se no exílio, fixando-se em Paris.

Em Paris associou-se a outros jovens monárquicos portugueses ali exilados,[3] criando amizades que seriam determinantes na sua evolução política nos anos imediatos.

Regressado a Portugal, em 1914 foi um dos fundadores do Integralismo Lusitano, com José Hipólito Raposo, José Adriano Pequito Rebelo e António Sardinha.[8] O seu desafogo financeiro familiar permitiu-lhe fundar e financiar diversos periódicos ligados ao movimento integralista, entre os quais a Nação Portuguesa, a Ideia Nacional e A Monarquia.[3]

Terminado o curso, afirmou-se como um empenhado militante monárquico, opondo-se activamente ao regime republicano implantado pela Revolução de 5 de Outubro de 1910. Quando, em Janeiro de 1919, Paiva Couceiro voltou a tentar o derrube do regime republicano pela via da força e proclamou a Monarquia do Norte, Alberto Monsaraz foi um dos aderentes, juntando-se às forças entrincheiradas no Forte de Monsanto. Ficou gravemente ferido no combate de Monsanto, Lisboa, travado a 24 de Janeiro de 1919, no qual as tropas republicanas esmagaram a revolta monárquica. Em resultado dos ferimentos recebidos, perdeu o rim direito e ficou com um estilhaço de granada permanentemente alojado no fígado, o que deteriorou em definitivo a sua saúde.[3]

O seu envolvimento liderante no Integralismo Lusitano levou a que integrasse a Junta Central daquele movimento,[3] envolvendo-se activamente na disputa sobre os direitos de sucessão na Casa Real Portuguesa após o falecimento sem filhos do deposto rei D. Manuel II de Portugal. Nessa questão associou-se a Luís de Almeida Braga no seu apoio às pretensões de Duarte Nuno de Bragança.[9] As divisões em torno da questão da sucessão na Casa de Bragança, com o aparecimento de tendências distintas no seio do movimento integralista, acabaram por levar Alberto Monsaraz a renunciar, em 1925 Monsaraz, ao seu lugar na Junta Central do movimento.[3]

A sua demissão da Junta Central do Integralismo Lusitano levou a que se afastasse do movimento. Influenciado pela leitura das obras de Georges Sorel e do seu discípulo Georges Valois, acabou por aderir à ideologia do nacional sindicalismo.[3] Essa adesão levou a que se transformasse numa das figuras liderantes do Movimento Nacional-Sindicalista, os camisas azuis, sendo escolhido em 1933 para o cargo de secretário-geral daquele movimento, então chefiado por Francisco Rolão Preto.

Quando em 1935 António de Oliveira Salazar resolveu pôr termo à fogosidade pró-fascista do Movimento Nacional Sindicalista, Alberto Monsaraz, tal como Rolão Preto, foi obrigado a exilar-se para Espanha.[10]

A perseguição salazarista levou Alberto Monsaraz a extremar a sua posição ideológica, assumindo-se como de extrema direita e próximo do nazismo, declarando Adolf Hitler como o seu ídolo político.[3] Esta sua adesão ao nazismo foi de curta duração e em 1936, quando foi autorizado a regressar a Portugal, Alberto Monsaraz já repudiara o nacional-socialismo e voltara a advogar o integralismo monárquico.[3]

Acabaria por se assumir como um crítico coerente do Estado Novo e um feroz adversário de Oliveira Salazar, cujo nome se recusava a pronunciar:[3] Também se dedicou ao jornalismo, opondo-se sempre à censura.

Como poeta destacou-se sobretudo por cultivar um parnasianismo histórico.

Algumas obras publicadas

  • 1909 - Romper de Alva
  • 1911 - Sol Criador
  • 1920 - Da Saudade e do Amor
  • 1946 - Respiração Mental: O Problema da Censura

Genealogia

Foi filho de António de Macedo Papança, 1.º conde de Monsaraz, e de sua esposa Amélia Augusta Fernandes Coelho Simões. Casou com Maria Luísa de Azevedo Coelho Bacelar Corsino Caldeira, tendo o casal dois filhos, Flávia de Monsaraz e António Duarte Nuno de Azevedo de Monsaraz.

Notas

  1. Fotografia de Alberto Monsaraz Arquivado em 11 de janeiro de 2012, no Wayback Machine..
  2. Alberto Monsaraz na Infopédia.
  3. 3,00 3,01 3,02 3,03 3,04 3,05 3,06 3,07 3,08 3,09 3,10 Philip Rees, Biographical Dictionary of the Extreme Right Since 1890, 1990, p. 267
  4. Rita Correia (24 de Abril de 2012). «Ficha histórica: Serões, Revista Mensal Ilustrada (1901-1911).» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 23 de Setembro de 2014 
  5. Rita Correia (7 de fevereiro de 2011). «Ficha histórica:A Sátira. Revista humorística de caricaturas (1911)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 16 de Janeiro de 2015 
  6. Contemporânea [1915]-1926 [cópia digital, Hemeroteca Digital]
  7. Jorge Mangorrinha (16 de janeiro de 2012). «Ficha histórica:Revista de Turismo: publicação quinzenal de turismo, propaganda, viagens, navegação, arte e literatura (1916-1924)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Maio de 2015 
  8. Anna Klobucka, The Portuguese Nun: Formation of a National Myth, 2000, p. 83
  9. Rees, Biographical Dictionary of the Extreme Right, p. 8
  10. António Costa Pinto & Maria Inácia Rezola, 'Political Catholicism, Crisis of Democracy and Salazar’s New State in Portugal', Totalitarian Movements and Political Religions, Volume 8, Issue 2, 2007, pp. 353–368

Ligações externas

Predefinição:NF

[[Categoria:Portugueses expatriados na Espanha]

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