A Gazeta foi um jornal diário vespertino fundado em 1906 por Adolfo Araújo em São Paulo.
Notável pelos comentários políticos, o jornal paulistano, um dos mais importantes veículos de comunicação do século XX, inovou a imprensa brasileira e a forma de se fazer jornalismo. Mas, certamente, seus primeiros colaboradores e leitores não imaginaram o sucesso que o vespertino alcançaria nas décadas de 1930 a 1950.
História
A Gazeta surgiu com o espírito republicano. Quando criada, em 1906, pelo jornalista Adolfo Campos de Araújo, o vespertino seguiu os moldes dos jornais do século XIX: poucas imagens e muito texto. Como era de costume na época, dedicava-se, entre outras coisas, a defender um posicionamento político e a tratar de economia, literatura e cultura.
Os primeiros anos do jornal ficaram marcados por crises financeiras, que caracterizavam um período de instabilidade. José Pedro Araújo, João Dente e Antônio Augusto Covello foram os protagonistas que conduziram A Gazeta e tentaram reerguê-la. Mas o difícil começo do vespertino foi apenas o impulso inicial para que, anos mais tarde, A Gazeta alcançasse seu período áureo, sob o comando do jornalista e empreendedor Cásper Líbero.
Ao assumir o comando de A Gazeta, em 14 de julho de 1918, Cásper promoveu um programa de modernização no vespertino, a fim de transformá-lo no jornal mais moderno da América Latina. Inovador, o jornalista investiu na criação de novos e inéditos suplementos e na valorização de temáticas locais, regionais, culturais, esportivas e sociais, a fim de atrair a atenção dos leitores. Assuntos que não eram abordados pela imprensa brasileira ganharam espaço em A Gazeta.
Apaixonado pelo esporte, Cásper fez de A Gazeta um veículo difusor desta prática. O jornalista concebeu diversas provas esportivas, dentre elas, algumas disputadas até os dias atuais, como a Corrida de São Silvestre e a Prova Ciclística Nove de Julho. Para cobrir tais eventos, passou a publicar diariamente uma seção sobre esportes. O interesse dos leitores pelo assunto incentivou o empresário a criar o suplemento A Gazeta Esportiva, que, posteriormente, se tornaria um jornal independente. Contratou jornalistas consagrados, como Luiz Silveira.
Em 1929, lançou um suplemento de histórias em quadrinhos, A Gazetinha, no formato tabloide, antes mesmo do Suplemento Infantil (1934) e de O Globo Juvenil (1937).[1]
Deve-se lembrar ainda que foi no suplemento de quadrinhos chamado de Gazetinha, que o Superman apareceu pela primeira vez no Brasil, em dezembro de 1938.[1].
Na década de 1930, o país passava por crises políticas. A Gazeta opôs-se à Revolução de 1930 e, por isso, foi empastelada por getulistas quando o movimento triunfou. Os revoltosos, além de incendiarem as instalações do vespertino, destruíram o relógio (símbolo máximo do jornal), que se localizava na fachada do prédio. Cásper Líbero moveu uma ação contra a União e, com o dinheiro da indenização, viajou à Alemanha e comprou os mais modernos equipamentos de impressão existentes.
O crescimento e a modernização do vespertino estagnaram com a morte de Cásper, em 1943. Mas A Gazeta ainda se manteve como pioneira até a década de 1950, quando os demais jornais promoveram inovações. Em 25 de agosto de 1979, em meio a uma crise financeira, A Gazeta transformou-se em um suplemento do jornal A Gazeta Esportiva. Mas, vinte anos depois, o caderno deixou de ser publicado.
A Gazeta, ao longo de sua trajetória centenária, trabalhou na busca pelo desenvolvimento de São Paulo e do País. Com forte cunho nacionalista, o jornal fez do "progresso" a palavra-chave que resume a sua história. A Gazeta, com 73 anos de publicação, ensinou à posteridade como fazer do jornalismo uma arma social em prol do país.