Predefinição:Info/MuniçãoO calibre 9x19mm Parabellum é um cartucho de armas de fogo projetado por Georg Luger e introduzido em 1902 pelo fabricante alemão de armas Deutsche Waffen und Munitionsfabriken (DWM) (fábrica alemã de armas e munições) por sua Pistola Parabellum (Luger), também conhecido por 9 mm Para, 9 mm Luger, 9 x 19 mm NATO, 9 mm NATO ou 9 x 19 mm, no Brasil foi adotado pela Marinha e Exército em 1904 e 1908 respectivamente.[1] É o calibre de dotação padrão (para pistolas) da OTAN e dos exércitos de praticamente todos países do ocidente, inclusive o brasileiro.
Origens
Georg Luger desenvolveu o cartucho Parabellum de 9×19 mm, a partir do 7,65×21 mm Parabellum, derivada do cartucho 7,65x25 mm da pistola Borchardt C-93. Encurtar o comprimento do cartucho usado na pistola Borchardt permitiu-lhe melhorar o design da trava articulada e incorporar uma empunhadura angular menor. O trabalho de Luger no projeto de Borchardt evoluiu na pistola de Luger, patenteada primeiramente em 1898 e posteriormente em Parabellum de 7,65×21 mm. A demanda da Alemanha por um calibre maior em sua arma militar levou a Luger a desenvolver o cartucho Parabellum 9×19 mm para a eventual pistola Walter P08. Isso foi conseguido removendo-se a forma de gargalo do 7,65×21 mm Parabellum, resultando em um cartucho sem aro cônico encapsulando uma bala de 9mm.
Em 1902, Luger apresentou a nova rodada para o "British Small Arms Committee", bem como três versões de protótipo para o Exército dos EUA para testes no Springfield Arsenal em meados de 1903. A Marinha Imperial Alemã adotou o cartucho em 1904 e em 1908 o Exército Alemão também o adotou.[2] A ogiva da bala foi ligeiramente redesenhada nos anos 1910 para melhorar a alimentação.
Para economizar chumbo durante a Segunda Guerra Mundial na Alemanha, o núcleo de chumbo foi substituído por um núcleo de ferro envolto em chumbo. Esta bala, identificada por uma "jaqueta" preta, foi designada como 08 mE (mit Eisenkern - "com núcleo de ferro"). Em 1944, a jaqueta preta da bala 08 mE foi trocada e essas balas foram produzidas com "jaquetas" cor de cobre normais. Outra variação em tempo de guerra foi designada como bala 08 e identificada por sua "jaqueta" cinza escura, e foi criada pela compressão de pó de ferro em alta temperatura em um material sólido (Sintereisen - "ferro sinterizado").[3]
Popularidade
Após a Primeira Guerra Mundial, a aceitação do cartucho Parabellum de 9×19 mm aumentou, e pistolas Parabellum de 9×19 mm e submetralhadoras foram adotadas por militares e policiais em muitos países.[4] O 9×19 mm Parabellum tornou-se o calibre mais popular para as agências policiais dos EUA, principalmente devido à disponibilidade de pistolas compactas com grandes capacidades de carregador que usam o cartucho em diferentes modelos de armas, no uso das pistolas e também das submetralhadoras.[1] Em todo o mundo, o 9×19 mm Parabellum é um dos mais populares cartuchos de pistola onde é legal (alguns países proíbem o uso civil de armas que cubram cartuchos atuais ou antigos de serviço militar) e cartuchos neste calibre geralmente estão disponíveis em qualquer lugar.[5]
Do início dos anos 80 até meados dos anos 90, um aumento acentuado ocorreu na popularidade das pistolas semiautomáticas nos EUA, uma tendência prefigurada pela adoção do Modelo Smith & Wesson 39 pela Polícia do Estado de Illinois em 1968. Além disso, a Beretta com seu modelo M9 (uma versão militar do Modelo 92 da Beretta) foi adotado pelo Exército dos EUA em 1985. Anteriormente, a maioria dos departamentos de polícia americanos emitia revólveres .38 de calibre especial com capacidade para seis tiros. O especial 38 foi preferido a outras armas, como variantes do M1911 porque oferece um menor "recuo", pequeno e leve o suficiente para diferentes tipos de usuários (homens e mulheres, com mãos pequenas, medias ou grandes) e relativamente barato.[6] O cartucho de 9 mm é balisticamente superior ao cartucho de revólver .38. isso levou muitos departamentos de polícia dos EUA a trocarem seus revólveres por plataformas de armas semi-automáticas de 9 mm nos anos 80.[7]
Em 2013, um gráfico de calibres populares que foi lançado pelo site Luckygunner.com mostrou Parabelum 9mm x 19mm como tendo 21.4% do mercado Norte americano de cartuchos.[8]
Com a seleção da SIG Sauer P320 como vencedora da competição XM17 Modular Handgun System, o Exército dos Estados Unidos e a Força Aérea dos Estados Unidos escolheram novamente o 9x19 mm como cartucho para sua nova pistola de serviço.
O FBI também voltou a utilizar o 9mm aposentando as antigas .40. [9]
No Brasil, há uma lista de armas de fogo e munições que são consideradas de uso permitido a um grupo de categorias além das já previstas no Estatuto do Desarmamento e as que são restritas a agentes de segurança.[10] Sendo a 9 x 19 mm Parabellum (9mm) e o .357 Magnum considerados de uso permitido.[10]
Conclusão
O 9 mm Parabellum no fundo é tão somente um bom calibre para uso militar, policial e civil, coisa absolutamente corriqueira em diversos países do mundo como Estados Unidos, Suíça, Argentina, Paraguai e Uruguai, entre tantos outros.[7] Criado para uso militar na Alemanha, tinha limitações para uso policial e para defesa uma vez que, na época, o limitante para a desenvoltura do calibre incluía apenas o peso do projétil e a carga de pólvora, sendo que a configuração deste era sempre do tipo “totalmente jaquetada” o que, de fato, em certas circunstâncias, pode causar um “excesso” de penetração e baixa efetividade contra alvos humanos quando se fala em tirar o mais rápido o seu oponente de ação.[6] Mas isso não é mais realidade! Quem continua afirmando sobre a “super-mega-blaster-penetação” de um disparo de 9mm está repetindo lendas criadas há mais de cem anos atrás! Até hoje é um dos calibre mais populares no mundo.
Com o decreto nº 9.845, de 25 de junho de 2019, o calibre 9x19 passa a ser de uso permitido no Brasil, por ter menos de 1.620 joules de energia cinética ao sair do cano da arma ("velocidade de saída").[11]
Resumo Cronológico
Resumo cronológico da criação e utilização do calibre Parabellum:[1]
- 1849 – Nasce Georg Luger na região do Tirol, Áustria.
- 1860-1892 – Hugo Borchardt trabalha em vários projetos de armas nos USA e faz os primeiros esboços da sua pistola.
- 1891 – Georg Luger inicia seus trabalhos na Ludwig Loewe.
- 1893 – A Ludwig Loewe de Berlin inicia a produção em série da pistola Borchardt.
- 1896 – Luger patenteia seu primeiro protótipo da sua pistola.
- 1898-1899 – A D.W.M. inicia os projetos de fabricação.
- 1900 – A Suíça faz sua primeira encomenda da pistola Parabellum.
- 1902 – George Luger projeta o cartucho 9mm (9mmX19mm)
- 1904 – A Marinha Alemã adota a pistola Parabellum.
- 1906 – George Luger faz suas primeiras alterações de grande monta na pistola.
- 1907 – Luger leva pessoalmente duas pistolas em calibre .45 para testes do Exército Americano.
- 1908 – O Exército Alemão adota a pistola com o nome de P-08 em calibre 9mm.
- 1914 – Inicia-se a produção da Parabellum modelo “Artillery”.
- 1929 – A Waffenfabrik Bern, na Suíça, resolve fabricar seu modelo próprio.
- 1930 – A B.K.I.W incorpora a Mauser e a D.W.M. em uma só companhia.
- 1934 – No Brasil, Getúlio Vargas edita o Decreto 24.602 que cria as restrições de calibres e de armamentos, tanto para os cidadãos civis como para as polícias
- 1937 – Aparece a substituta da P-08 no Exército – a Walther P-38.
- 1939 – A II Guerra Mundial eclode na Europa.
- 1942 – Cessa a produção da pistola Parabellum.
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 «Pistola Parabellum "Luger" (Rev. 1) armasonline.org». armasonline.org
- ↑ Barnes, Frank (2006). Skinner, Stan, ed. Cartridges of the World. 11th Edition. Col: Cartridges of the World. [S.l.]: Gun Digest Books. p. 295. ISBN 978-0-89689-297-2
- ↑ Dunlap, Roy (1948). Ordnance went up front: some observations and experiences of a sergeant of Ordnance, who served throughout World War II with the United States Army in Egypt, the Philippines and Japan, including way stations. [S.l.]: Small-Arms Technical Pub. Co. pp. 43–45
- ↑ Shideler, Dan (2010). «The Luger Pistol». The Greatest Guns of Gun Digest. [S.l.]: Krause Publications. p. 24. ISBN 978-1-4402-1414-1
- ↑ CCI/Speer Inc. (2007). Reloading Manual #14. ISBN 978-0-9791860-0-4.
- ↑ 6,0 6,1 Clede, Bill (1985). Police Handgun Manual: How to Get Street-Smart Survival Habits. [S.l.]: Stackpole Books. pp. 116–118. ISBN 978-0-8117-1275-0
- ↑ 7,0 7,1 «Ballistics by the inch». Consultado em 12 de abril de 2011. Cópia arquivada em 21 de abril de 2011
- ↑ «Ammo in 2013: A Look Behind the Scenes at Lucky Gunner». luckygunner.com. Consultado em 2 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 30 de janeiro de 2017
- ↑ Purisco, Jan. «9mm, .40 ou 45? FBI decide pelo uso do calibre 9mm, veja o porque. | Instrutor de Armamento e Tiro Hugo Cordeiro» (em português). Consultado em 29 de dezembro de 2019
- ↑ 10,0 10,1 Delegados, Editoria. «9mm, .40 e .357 agora são calibres de uso permitido! Confira a lista publicada pelo Exército!». www.delegados.com.br (em português). Consultado em 31 de dezembro de 2019
- ↑ Jair Messias Bolsonaro (25 de junho de 2019). «DECRETO Nº 9.845, DE 25 DE JUNHO DE 2019». Câmara dos Deputados. Consultado em 14 de abril de 2021