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Predefinição:Info/Militar Álvaro Alberto da Mota e Silva (Rio de Janeiro, 22 de abril de 1889 — 31 de janeiro de 1976) foi um vice-almirante da Marinha do Brasil e cientista brasileiro. Foi inventor de explosivos e tintas anti-incrustantes polivalentes. Sua principal contribuição foi a implementação do Programa nuclear brasileiro. Foi o representante do Brasil na comissão de energia atômica da Organização das Nações Unidas (ONU).
Biografia
Era o filho do médico e político Álvaro Alberto da Silva. Ingressou na Escola Naval em 1906.
Em 1910, fez parte da repressão da Revolta da Chibata, sendo o primeiro oficial a ser gravemente ferido na noite de 22 de novembro. Entretanto, foi socorrido e conseguiu sobreviver. Manteve um Regime Disciplinar anacrônico na Marinha que infligia aos marinheiros castigos corporais os mais torpes, como a chibata, 22 anos após proclamada a Abolição da Escravatura.
Oficial de Carreira da Marinha do Brasil, começou a se interessar pela química de explosivos e ingressa na Escola Politécnica em 1911. Em 1916, tornou-se professor de química e explosivos da Escola Naval. Tornou-se catedrático do Departamento de Físico-Química da Escola Naval e incluiu o estudo da física nuclear no currículo da Escola Naval (1939). Em 1919, vai servir em Angra dos Reis e colabora com a criação da Escola Proletária de Meriti, em Nova Iguaçu, em 1921.[1]
Foi o quarto presidente da primeira Sociedade Brasileira de Química, entre 1926 e 1927[2]. Presidiu a Academia Brasileira de Ciências em 1935, tendo sido parte da comitiva que recebeu Albert Einstein na sua visita ao Brasil, em 1925.[3] Grande entusiasta da energia nuclear, foi o representante do Brasil na Comissão de Energia Atômica da ONU, onde chegou à presidência. Foi associado ao Rotary Club do Rio de Janeiro e presidiu a instituição no período 1935–1936.[4]
Em 1946, foi nomeado representante brasileiro no Comitê de Energia Atômica da recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU), associou-se aos representantes russos na rejeição às propostas do Plano Baruch, onde os norte-americanos pressionavam para controlar as reservas mundiais de tório e urânio (1946). O almirante defendia uma campanha de nacionalização das minas de tório e urânio do Brasil e contrariava a política dos EUA.[1] Álvaro Alberto suscitou o Princípio das Compensações Específicas: nenhuma transação comercial com minerais estratégicos (termo cunhado por Alberto) deveria se realizar contra pagamento em dinheiro, mas sim, na base de troca de tecnologia[1]. Para ele, o Brasil, assim como outros países subdesenvolvidos, forneceriam a matéria-prima desejada em troca da prioridade na instalação, em seu território, de reatores nucleares de todos os tipos.
O Brasil exportava areia monazítica para os Estados Unidos, rica em tório (1945). Dois acordos, o primeiro em 1945 e o segundo em 1952, organizavam essa exportação de monazita em grandes quantidades, sem compensação específica para o Brasil[5]. Em 1946, o Conselho de Segurança Nacional pediu que o primeiro acordo fosse denunciado, mas as exportações continuaram e ocorreu também contrabando, que gerou ação disciplinar em 1952.[1]
Em meio a esse contexto, Álvaro Alberto tinha em mente a criação de uma instituição governamental, cuja principal função seria incrementar, amparar e coordenar a pesquisa científica nacional. Assim, foi também o responsável pela proposta de criação do CNPq, aprovada em 1951[3] e que presidiu até 1955.
Em 1953, o almirante Álvaro Alberto pediu autorização de Getúlio Vargas para a realização de missões na Europa, de modo a buscar cooperação de pesquisa na área nuclear[5]. Em missão do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), ele viajou para a Europa no fim de 1953, onde faria contato na França e na Alemanha ocupada pelos aliados.[1]
Na França, o resultado das missões resultou em tecnologia para a extração de urânio em Poços de Caldas[1] e a aquisição de uma usina de “yellowcake”, assinando um contrato com a Societé des Produits Chimiques des Terres Rares e na Alemanha, onde havia estudado física antes da Segunda Guerra Mundial. Usando de seus antigos contatos, encomendaram a físicos alemães à margem da legalidade aliada, em janeiro de 1954, a construção de três conjuntos de centrifugação para o enriquecimento de urânio ao preço de 80 mil dólares[5]. Convidou Wilhelm Groth, Bayerle e Otto Hahn, descobridor da fissão nuclear.
Neste ponto, a missão do almirante Álvaro Alberto tomava aspectos de missão secreta, enquanto suas ações passaram a não considerar outras instâncias decisórias, como o Conselho de Segurança Nacional e o Departamento de Produção Mineral. Para completar sua tarefa, isto é, transferir os protótipos das centrífugas de urânio para o Brasil, ele dependia de uma diplomacia secreta à margem do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
A embaixada brasileira em Bonn recomendou que se aguardasse o estabelecimento da plena soberania da Alemanha Ocidental, quando seria então possível a importação das centrífugas. Formalmente, o CNPq aceitou a recomendação, mas Álvaro Alberto solicitou a Getúlio Vargas uma autorização especial no sentido de que o Ministério das Relações Exteriores apoiasse o embarque secreto das máquinas.
Através do Banco Germânico da América do Sul, os alemães receberam 80.000 dólares para a fabricação de três ultracentrifugadoras. As centrifugadoras foram apreendidas em Göttingen e Hamburg pelo Military Board of Security dos EUA, menos de 24 horas após esta consulta. Os conjuntos acabaram sendo interceptados pelo Alto Comissariado do Pós-Guerra, 24 horas antes do embarque para o Brasil. Documentos revelados posteriormente mostraram que o Brasil estaria sendo impedido de buscar o enriquecimento do urânio por ser um país localizado na área de influência dos Estados Unidos.
O plano do golpe efetuado contra a encomenda fora forjado pela Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos. Alberto, ao contatar o presidente desta Comissão, almirante Lewis Strauss, não recebeu deste nenhuma esperança de que as máquinas apreendidas pelos aliados fossem liberadas. Por outro lado, Strauss contra-atacaria com uma oferta de “ajuda” dos Estados Unidos nos moldes permitidos pela política nuclear americana.
Álvaro Alberto, mais uma vez, repetiria os desejos de seu governo: usinas de enriquecimento, uma fábrica de produção de hexafluoreto de urânio, além de reatores de pesquisa. Novamente, foi tentado por acordos secretos com os alemães e mais tarde descobertos pelos americanos.
Como voluntário, foi associado ao Rotary Club do Rio de Janeiro clube de serviços que presidiu no período 1935-1936 [6]
Álvaro Alberto morreu em 31 de janeiro de 1976.
Homenagens
- O presidente General Emílio Garrastazu Médici nomeou a Central Nuclear de Angra dos Reis como Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto.
- Patrono da Cadeira n.º 10 da Academia Rotária de Letras da Cidade do Rio de Janeiro ABROL Rio. [7]
- Adicionado a título póstumo à Ordem de Rio Branco no grau de Grã-Cruz suplementar pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2005.[8]
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «ALVARO ALBERTO DA MOTA E SILVA». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (em português). Consultado em 23 de fevereiro de 2022
- ↑ Filgueiras, Carlos A.L. (19 de janeiro de 1996). «A Primeira Sociedade Brasileira de Química» (PDF). Sociedade Brasileira de Química. Química Nova. 4 (19): 445. Consultado em 22 de fevereiro de 2022
- ↑ 3,0 3,1 «Álvaro Alberto da Motta e Silva – ABC» (em português). Consultado em 18 de agosto de 2021
- ↑ http://www.rotaryrj.org.br/presidentes.php
- ↑ 5,0 5,1 5,2 Brandão, Rafael Vaz da Motta (2008). «O Negócio do Século: o Acordo de Cooperação Nuclear Brasil-Alemanha» (PDF). Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense. Dissertação de Mestrado em História
- ↑ https://www.rotaryclubriodejaneiro.org/quadro-de-presidentes/
- ↑ https://abrol-rio.com.br/membro/alvaro-alberto-da-mota-e-silva/
- ↑ Predefinição:Citar lei
Referências gerais
- «Ministério da Ciência e Tecnologia» (em português)
- «Unicamp» (em português)
- «Eletronuclear» (em português)
- «Biografia» (em português)
- «FGV» (em português)
- RedirecionamentoPredefinição:fim
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Presidente da Academia Brasileira de Ciências 1935 — 1937 |
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- RedirecionamentoPredefinição:fim
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